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Sinopse

Durante uma viagem à Islândia, o cientista Trevor tenta encontrar seu irmão desaparecido. Em sua companhia estão o sobrinho Sean e a guia Hannah. No meio da jornada, eles descobrem um fantástico e ao mesmo tempo perigoso mundo perdido no centro da Terra.

Crítica

Numa rápida procura no IMDb é possível encontrar mais de 10 filmes com o título Viagem ao Centro da Terra, todos baseados na obra literária de Julio Verne. Então, por que assistir - e, principalmente, por que fazer - mais um? A resposta, em tempos de pirataria descontrolada, não poderia ser mais atual: efeitos especiais. E, neste caso, eles atendem por uma reformulação no antigo conceito da Terceira Dimensão. Pena, apenas, que das mais de 2.000 salas de cinema brasileiras apenas 6 delas, ou cerca de 0,2%, possuam tecnologia para exibir este novo longa na condição que ele merece. E em todas as demais, em que a exibição será em 2D, o conselho só pode ser um: mantenha-se longe!

Dirigido pelo estreante Eric Brevig, indicado ao Oscar pelos efeitos visuais de Hook: A Volta do Capitão Gancho (1991), de Steven Spielberg, e Pearl Harbor (2001), de Michael Bay, mas completamente inexperiente no comando completo de uma obra, Viagem ao Centro da Terra: O Filme revela-se um desastre do início ao fim, com exceção dos momentos de grande deslumbramento visual. Sim, há bastante ação, nossa adrenalina dá saltos em várias situações e em algumas destas chegamos a ficar roendo as unhas. Porém elas não estão presentes por todo o desenrolar da trama - que, felizmente, dura apenas 92 minutos - e todo o falatório e explicações desnecessárias que a complementam são de tirar a paciência de qualquer um.

Sabiamente, entretanto, os roteiristas Mark Levin, Jennifer Flackett (a mesma dupla de A Ilha da Imaginação) e Michael Weiss (cujo maior crédito é o desastroso Efeito Borboleta 2) resolveram não fazer uma adaptação literal do clássico de Julio Verne, e sim uma modernização. Os personagens conhecem o livro, e resolvem refazer os passos ali descritos por acreditarem que há um fundo de verdade naquela obra de ficção. Assim, seguem para a Islândia, e qual será a surpresa dos três (tio e sobrinho, mais a guia) quando descobrem que o relato literário pode ser absolutamente verídico. Após uma avalanche, despencam num túnel dentro de uma montanha, e terminam por se deparar com um mundo pré-histórico subterrâneo, com direito a dinossauros e temperaturas elevadíssimas. A única missão deles, agora, será encontrar um modo de sair dali com vida.

Brendan Fraser foi um cara que, simplesmente, "não aconteceu". Ele já teve milhares de oportunidades, tanto de virar um ator sério (Deuses e Monstros, em 1998, O Americano Tranquilo, em 2002, ou Crash: No Limite, em 2004) ou de se firmar como herói de grandes bilheterias (George, O Rei das Florestas, de 1997, ou a trilogia A Múmia, de 1999, 2001 e 2008). Mas o cara parece, após cada sucesso de público ou de crítica, retornar ao estágio inicial. Ele não é dos mais populares, nem talentosos. E o olhar de pateta dele não é de provocar muito entusiasmo, de qualquer maneira. Além de protagonista, ele também é produtor de Viagem ao Centro da Terra, o que talvez explique as muitas opções erradas presentes.

Ausente de humor, sem a menor química entre o casal (Anita Briem quem?) e completamente desprovido de ritmo, acaba caindo toda a responsabilidade sobre os efeitos (realmente impressionantes, mas quem terá condições de aproveitá-los em sua totalidade?) e no garoto Josh Hutcherson, que mostra mais uma vez ser capaz de vôos cada vez mais altos, como os anteriores Zathura (2005) e Ponte para Terabíthia (2007) já indicavam. Viagem ao Centro da Terra é uma bobagem completamente descartável, sem sintonia nenhuma com nossa época, quando fantasias realistas como Batman - O Cavaleiro das Trevas e Hancock é que conseguem melhor se comunicar com o público. E parecendo ter duas décadas de atraso,  no mínimo, o fracasso parece ser inevitável. Cinema em 3D? Talvez num futuro próximo, mas se pegarmos este filme como exemplo, definitivamente, esta realidade ainda não chegou!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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