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Sinopse

Um psicopata ameaça explodir um ônibus em Los Angeles. Próximo de captura-lo, o agente Jack Traven precisa tirar os passageiros do veículo sem reduzir a velocidade. Para complicar ainda mais, Annie, encarregada de conduzir essa aventura, nunca dirigiu um ônibus antes.

Crítica

O recente Gravidade (2013) não foi o primeiro longa-metragem estrelado por Sandra Bullock muito bem realizado tecnicamente que, envolvendo uma situação inusitada, deixa qualquer espectador hipnotizado pela tensão. Já em 1994 a atriz, ao lado de Keanu Reeves, protagonizava um thriller de ação contagiante e exaustivo. E assim pode ser descrito tanto por exigir demais dos nossos nervos, quanto por nos fazer subir à bordo do ônibus que ambienta a maior parte da trama. Ao contrário dos personagens, no entanto, o que os espectadores sentem é pura empolgação. Velocidade Máxima é como um brinquedo radical de um parque de diversões, mas inteligente e que se leva a sério. Para tanto, conta com uma profundidade sempre bem-vinda, o que torna a experiência ainda mais divertida.

Quando um terrorista (Dennis Hopper) coloca uma bomba em um ônibus cheio de passageiros inocentes, que explodirá caso o veículo diminua sua velocidade para uma abaixo de 50 milhas por hora, o policial Jack Traven (Reeves) se vê obrigado a se juntar às vítimas para tentar salvar a todos, contando para isso com a ajuda de uma civil, Annie (Bullock). Presos em um jogo de gato e rato, ficam todos a mercê do antagonista e das adversidades que o trânsito de uma grande metrópole pode oferecer. Obviamente, se fosse em uma cidade brasileira, o final seria previsível...

Piadas à parte, o diretor Jan de Bont conduz com maestria toda e qualquer oportunidade de extrair tensão de uma cena, o que não é difícil quando o roteiro lhe proporciona tantas e inventivas sequências para explorar. O que era o mínimo que se poderia esperar do diretor de fotografia de filmes como Duro de Matar (1988), A Caçada ao Outubro Vermelho (1990) e Instinto Selvagem (1992). Aqui, de Bont envolve seu público em cenários e desafios intrincados: um elevador prestes a cair; uma espécie de carrinho de manutenção que tem de ser mantido abaixo de outro veículo na mesma velocidade; um transporte coletivo que não pode parar mesmo em curvas fechadas, no meio do engarrafamento, prestes a atropelar um carrinho de bebê; e, por fim, diante de um abismo aparentemente intransponível entre duas partes inacabadas de um viaduto. Fisicamente possível? Quem liga!? É certo que todos se seguraram firme na poltrona quando aquele ônibus levantou no ar!

Porém, o elemento humano é essencial quando se trata de tramas que tendem a fugir da normalidade, já que o espectador necessita se identificar com os personagens para poder, então, vivenciar seus medos. Aqui, Bullock e Reeves, dividindo uma boa química, ganham pelo carisma que esbanjam. Ela emprega em Annie uma sensibilidade tangível, enquanto ele não deixa que Jack se transforme num brucutu invencível. Pelo contrário, o agente vivido pelo ator é humano e sente raiva e decepção, como pode ser constatado no momento em que é informado sobre uma perda que sofreu fora do ônibus – demonstrando uma personalidade forte e determinação ao encarar, mesmo em desespero, todos os rostos que o perscrutam de seus acentos procurando por ajuda. Enquanto isso, Hopper vive o antagonista equilibrando bem a malícia, o brilhantismo e o orgulho ferido, e é incrível que um vilão ameace tanto os protagonistas sem quase nunca sair do lugar ou chegar perto dos mesmos.

Ainda que a sequência do ônibus seja aquela em que mais se concentra, Velocidade Máxima oferece ainda outras passagens que deixam os nervos de qualquer um em frangalhos ao subir dos créditos, sendo o clímax em um trem, absolutamente eletrizante. Improvável? Quase certo que sim. Mas e os melhores filmes não o são? Uma pena que este estilo cinematográfico continue sendo tão menosprezado e confundido com babaquices repletas de explosões infundadas e figuras vazias. O gênero precisa com urgência de mais exemplares como este e menos destes terríveis Carga Explosiva (2002) e afins...

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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