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Sinopse

Os avós Artie e Diane são incumbidos de cuidar por uns dias de seus netos. Métodos antigos de educação colidem com os modernos. Diante desse cenário, os adultos empregam táticas inesperadas para conquistar os pequenos.

Crítica

Inacreditavelmente, Uma Família em Apuros até que pode ser considerada uma boa surpresa! Não que seja um filme excelente, inesquecível e que será saudado com entusiasmo pelo público e pela crítica, despontando entre as recomendações aos amigos. Nada disso. Mas é um típico caso em que se vai ao cinema com tão baixas expectativas que qualquer ponto positivo já merece ser comemorado. E aqui há vários, desde as mensagens positivas – óbvias, mas saudáveis – até a oportunidade de conferir um elenco como esse reunido, algo que há um bom tempo não acontecia. Se pensamos saber tudo de antemão diante de um dos longas mais previsíveis da temporada – o que de fato acontece – ao menos a jornada até a conclusão evidente é razoavelmente prazerosa e com algumas risadas – não gargalhadas, mas ainda assim – simpáticas pelo caminho.

O trailer de Uma Família em Apuros parecia anunciar exatamente o que aconteceria durante o desenrolar da trama, e isso não está muito longe da verdade. Alice (Marisa Tomei) e Phil (Tom Everett Scott) precisam se ausentar por uma semana por um compromisso profissional dele, e para isso chamam os pais dela, Artie (Billy Crystal) e Diane (Bette Midler) para ajudá-los a cuidar dos três netos pequenos – Harper (Bailee Madison), Turner (Joshua Rush) e Barker (Kyle Harrison Breitkopf) – durante o período em que estarão ausentes. Tudo se dá exatamente de acordo com a cartilha: os pais são liberais, adotam qualquer nova tecnologia, empregam métodos inovadores de criação e abraçam com todas as forças o politicamente correto; por sua vez, os avós são de uma escola mais antiga, adeptos a um modelo tradicional de educação, sem hesitar diante algumas negativas necessárias e até mesmo umas palmadas, caso as crianças ultrapassem os limites. O choque destas duas realidades irá provocar, evidentemente, muitas confusões, mas nada drástico o suficiente que não possa ser contornado até o aguardado final feliz.

Uma Família em Apuros é uma aposta de Billy Crystal, que além de atuar também participa como produtor. Há dez anos sem aparecer diante às câmeras – seu último longa havia sido A Máfia Volta ao Divã, de 2002 – ele está bem à vontade como o avô locutor de baseball que perdeu o emprego recentemente e precisa se ajustar aos novos tempos. O mesmo pode ser dito de Bette Midler, uma diva duas vezes indicada ao Oscar cujo último papel de destaque na tela grande havia sido o divertido O Clube das Desquitadas (1996)! Desde então ela tem feito uma série de participações especiais, alguns projetos mais independentes e até um seriado de televisão, todos sem despertar muito interesse. Somente pela oportunidade de rever estes dois mais uma vez como protagonistas o ingresso já compensa! Há até um número musical em conjunto para que ambos se divirtam – e nós, do lado de cá da tela, também!

Completando o elenco principal, Marisa Tomei – vencedora do Oscar por Meu Primo Vinny' (1992) – aparece de modo discreto, mas eficiente, com um pouco mais de brilho que seu parceiro Everett Scott, que desde que estrelou The Wonders: O Sonho não Acabou (1996), primeiro trabalho de Tom Hanks como diretor, nunca mais fez nada de muito destaque. Por fim temos as crianças, que se mostram dentro do esperado, assumindo seus clichês – a menina determinada, o garoto inseguro e o caçula pestinha – sem vergonha. O mesmo que pode ser dito, aliás, da própria obra. A coragem de se assumir como uma legítima Sessão da Tarde para todos os públicos é o melhor de Uma Família em Apuros, pois em tempos como os atuais, em que tudo é constantemente revisto e o mais difícil é ter uma certeza absoluta, é até reconfortante assistir a uma comédia ingênua e sincera que tenta, com razoável sucesso, resgatar antigos valores. Mais do que nunca, precisamos de lembretes assim.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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