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Sinopse

Cinco anos se passaram, e os cidadãos já estão acostumados novamente com a tranquilidade. É quando surge uma nova e enorme ameaça: os invasores Lego Duplo do espaço sideral, destruindo tudo que surge pela frente mais rápido do que a população consegue reconstruir.

Crítica

O subtítulo de Uma Aventura Lego 2, a inevitável sequência de Uma Aventura Lego (2014), é A Segunda Parte. Um nome que faz bastante sentido, afinal, pois o que vemos é exatamente uma continuação literal do longa anterior. Ainda que sua ação se passe 5 anos após os eventos já mostrados (o mesmo tempo existente entre os lançamentos dos dois filmes), essa questão, no entanto, é meramente um preciosismo. Poderia ser no dia seguinte, que não faria diferença. E isso porque o tom perseguido por este filme é basicamente o mesmo, com uma importante mudança: não há mais a surpresa final, que com sua revelação oferecia uma nova percepção a tudo o que havia sido visto até aquele momento. Sendo assim, o que se tem agora é bastante linear, não inteiramente desprovido de simpatia e carisma, porém repetitivo em seus interesses e desdobramentos.

Em Uma Aventura Lego, durante a sua conclusão descobríamos que tudo o que havíamos presenciado até então não passava de fruto da imaginação de um menino, cujo pai era colecionador dos brinquedos de montar LEGO. Uma Aventura Lego 2, portanto, já parte desse pressuposto, colocando em confronto não mais adulto e criança, e, sim, irmão e irmã. Termos como ‘galáxia Mana’ e ‘armamageddon’ são bastante explorados pelos diálogos para apontar a quem fazem referência, deixando claro que a família cresceu com a chegada da mana, que vem propondo uma nova brincadeira, e da mãe, presente para impor uma ordem entre as crianças ou um possível fim das desavenças com a simples reclusão de todas as peças.

É por isso que o mundo visto antes, onde “tudo era incrível”, precisa lidar com invasores ‘fofinhos’, que atiram armas em formas de ‘coração’ e são sempre ‘mimosos’ em suas abordagens. Além disso, o objetivo maior é promover uma cerimônia de matrimônio, entre a rainha que pode se transformar em tudo e o maior herói dos invadidos – não se está falando do protagonista, o ‘homem comum’ Emmet Brickowski (que segue com a voz de Chris Pratt), mas com ninguém menos do que o Batman em pessoa (ou boneco, para sermos mais exatos). Inicialmente pode até haver uma resistência (afinal, estamos falando de um solteirão convicto), mas nada que um agrado ao ego não possa resolver. Ao mesmo tempo, Emmet precisa lidar com uma questão muito íntima, enquanto que sua namorada, a gótica Lucy (voz de Elizabeth Banks) será a única lúcida a perceber não apenas os riscos provocados pelos ataques, mas também o que está, de fato, se desenrolando por trás deles.

Tudo isso seria muito bonito se o filme, em si, também não fosse uma mera distração, sendo utilizado para esconder objetivos bem menos nobres – tal qual o roteiro que busca defender. Com a inserção de uma menina e a disputa dela por espaço igual na dinâmica que se dá com o irmão, imaginam-se as múltiplas possibilidades que se abrem para discutir e refletir sobre temas como empoderamento feminino e igualdade de direitos. No entanto, estamos falando de um filme que é comercial até no título – e não teriam porque seguirem outro caminho no seu argumento. Tanto é que, até mesmo os mais leigos perceberão que os brinquedos da menina são ligeiramente distintos – em design, principalmente – do que os do garoto. E por quê isso acontece? Porque, pelo jeito, elas brincam com LEGOs diferentes. E esta é, em última instância, a verdadeira razão de ser de Uma Aventura Lego 2: apresentar – e vender – os tais LEGO DUPLO a um novo mercado consumidor.

Bem mais direto e menos elaborado do que qualquer um dos títulos anteriores da saga LEGO no cinema – há, ainda, o divertido Lego Batman: O Filme (2017) e o enfadonho Lego Ninjago: O Filme (2017) – Uma Aventura Lego 2 cansa também pelo excesso de números musicais (que podem chamar atenção por inverterem a lógica das canções originais, mas pouco impacto provocam nos espectadores menores – aqueles que, de fato, ainda se divertem com estes brinquedos) e por deixar de lado um dos maiores trunfos do episódio inicial: a inserção de participações especiais do casting da Warner. Temos, mais uma vez, a mesma piada com o Lanterna Verde, uma citação fugaz ao Gandalf e algumas pontuações visuais, como o elenco de O Mágico de Oz (1939) ou da Liga da Justiça (2017), mas que pouca (ou, melhor dizendo, nenhuma) relevância possuem no desdobrar dos acontecimentos. Ou seja, bonitinho – mas bastante ordinário.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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