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Sinopse

Longe de casa, Peter está prestes a ser pai pela primeira vez. Tudo o que ele queria era acompanhar de perto a chegada do filho. Peter só não esperava conhecer no caminho um aspirante a ator que transformaria a jornada numa verdadeira loucura.

Crítica

Na maioria das vezes não é bom rir da mesma piada. Pois é essa a sensação que temos no começo de Um Parto de Viagem. Porém, com o desenrolar da história, essa impressão vai mudando, e no final já estamos dando boas risadas. A diversão, neste caso, é contagiante nos dois lados da tela – se a equipe e o elenco obviamente encararam essa produção com o nítido propósito de passarem bons momentos juntos e não levar nada muito a sério, ao menos conseguiram fazer algo que também sabe entreter os espectadores.

Um Parto de Viagem faz parte do atual filão de filmes cômicos voltados a um público mais adulto. Ou seja, nada de sexo gratuito e puro besteirol. Aqui há sentimento – até choro – mas sempre muito ‘macho’, adulto, enérgico. Há palavrões, uma certa dose de violência e muitas das preocupações “modernas” (paternidade, trabalho, ciúmes), mas também temos sentimentos, confissões e descobertas íntimas. Tudo a partir de um argumento dos mais batidos: dois completos estranhos, de personalidades completamente opostas – são mais estereótipos do que personagens – são obrigados a atravessar os Estados Unidos juntos numa viagem improvável. Apesar de antipatizarem um pelo outro, aos poucos vão descobrindo suas fraquezas e sensibilidades, até se tornarem verdadeiros amigos. Ou algo próximo disso.

Muito da força de Um Parto de Viagem vem da ótima química que se desenvolve entre os dois protagonistas, Robert Downey Jr (que está em fase ótima, vindo direto dos sucessos Homem de Ferro 2Sherlock Holmes) e Zach Galifianakis (descoberto em Se Beber Não Case). Um é o certinho e organizado homem de negócios. O outro é o chapado ator de improviso em busca de uma chance em Hollywood. E apesar do começo conturbado, logo as afinidades surgem, e se os ‘acasos’ que os forçam a ficarem juntos soam bem forçados, são desculpas menores dentro de um contexto maior. Sabemos de antemão que não estamos diante de algo verdadeiramente relevante, e que tudo não passa de alguns minutos de descontração e puro entretenimento. E nisso é bastante competente.

Todd Phillips dirigiu antes outros bons exemplares do gênero, como a adaptação para o cinema de Starsky & Hutch e o já citado Se Beber Não Case, sucesso instantâneo do ano passado. Ele mais uma vez comanda bem a brincadeira, sem grandes ousadias nem voos mais arriscados. E ainda há boas surpresas no elenco, como as pequenas participações de Juliette Lewis, Jamie Foxx, Danny McBride e o músico RZA. Enfim, Um Parto de Viagem não apresenta nada de novo (alguém aí lembra do ‘clássico’ dos anos 80 Antes Só do que Mal Acompanhado, com Steve Martin e John Candy?), mas também não vai matar ninguém de tédio. É só não esperar nada além do que promete.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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