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Sinopse

Jovem cientista, Flint Lockwood deseja criar algo que o eternize em Boca Grande, pequena ilha do Atlântico. Depois de inventar uma máquina capaz de transformar água em comida, ele tem de lidar com as consequências inesperadas de algo que dá muito errado.

Crítica

Existem dois grandes estúdios de cinema especializados em animação em Hollywood: Pixar/Disney e Dreamworks. Sempre que algum outro concorrente decide se arriscar neste gênero, os resultados são controversos. Mas desta vez a Sony resolveu investir pesado, e o que temos é esse Tá Chovendo Hambúrguer, que já faturou mais de US$ 100 milhões só nos Estados Unidos! Tudo bem que esse foi praticamente o custo da produção, mas mesmo assim significa uma boa resposta do público, apesar do filme, enquanto trabalho cinematográfico, ser bastante irregular.

Dirigido pelos novatos Phil Lord e Chris Miller, também autores do roteiro, que por sua vez é baseado no best seller infantil homônimo escrito por Judi e Ron Barrett, Tá Chovendo Hambúrguer peca justamente por não conseguir se sobressair diante sua origem. Ou seja, a trama do cientista maluco que consegue fazer chover comida até tem seus momentos bonitos e divertidos, mas é por demais voltada às crianças. E essa simples conclusão já a deixa muito aquém de outros verdadeiros clássicos recentes, como Wall-E e Up: Altas Aventuras (da Pixar/Disney) e Kung Fu Panda e a trilogia Shrek (da Dreamworks). Estes são trabalhos geniais, que combinam com maestria uma vivacidade e um dinamismo que captura a atenção dos pequenos irremediavelmente, ao mesmo tempo em que atrai o olhar mais adulto com diálogos bem elaborados, personagens convincentes e tramas absurdamente originais. Tudo, basicamente, que falta aqui.

Mas isso também não quer dizer que o primeiro longa-metragem em 3D da Sony Animation (que antes havia se aventurado com o medianos O Bicho vai Pegar e Tá Dando Onda, ambos interessantes, mas que acabavam falhando em um aspecto ou outro) seja um desperdício completo. Aliás, muito pelo contrário. Tá Chovendo Hambúrguer começa de uma forma bastante lírica, curiosa, mas aos poucos vai mostrando que o que parecia ser inovador era, na verdade, apenas um outro modo de se chegar um mesmo objetivo: transmitir mensagens simples e que atinjam o espectador sem grandes percalços. E se neste caminho arrancar algum ou outro sorriso, além de alguns sinais de admiração, melhor ainda.

O protagonista é um garoto que, ainda pequeno, revela uma inclinação para a ciência e vontade de ser inventor, além de tornar evidente sua inabilidade social e seu desejo de ajudar o mundo. O problema é que ele mora numa ilha isolada no meio do oceano, cuja única atividade é pescar – e comer, e celebrar, e viver em torno das – sardinhas! Seu grande momento chega, já adulto, quando consegue criar uma máquina revolucionária, que, enviada ao céu, promove entre as nuvens chuvas específicas nos mais diversos sabores, formas e apetites. Por isso, não serão apenas hambúrgueres ou almôndegas (como no título original) que cairão. A partir daquele momento, dá-lhe espaguete, sorvete, balas, panquecas e muito mais. O novo ‘fenômeno meteorológico’ atrai a atenção de todo o mundo, a ponto de uma grande estação de TV enviar uma ‘garota do tempo’ para cobrir o que por lá acontece. Surge entre ela e o inventor, é óbvio, uma sintonia imediata, que logo se transformará em paixão. E, quando a invenção enlouquece, colocando todos em perigo, a ajuda dela será decisiva para salvá-lo.

Apontado basicamente como um belo exemplar de entretenimento familiar, Tá Chovendo Hambúrguer cativa pelo inusitado da proposta, enquanto que decepciona pela falta de originalidade em seu desenvolvimento e conclusão. Mesmo assim, deve fazer a alegria dos menores que forem atrás apenas de uma diversão despreocupada. Já os demais, que buscam um riso de qualidade e um humor inteligente, o melhor mesmo é arrefecer os ânimos e aguardar. Afinal, a concorrência não tem com o que se preocupar tendo este competidores como exemplo.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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