Crítica
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Sinopse
Uma inteligência artificial sequestra o filho de Lebron James e envia o astro do basquete para a realidade em que vivem os personagens da Warner Bros. Para resgatar o menino, Lebron vai precisar liderar um time de basquete formado por Pernalonga, Patolino, Lola Bunny, entre outros personagens, contra um time de supervilões.
Crítica
Há exatos 25 anos chegava aos cinemas um filme que combinava esporte e animação de uma forma inusitada. Space Jam: O Jogo do Século (1996) estava longe de ser uma aposta original, mas ainda assim conseguiu aliar um grande astro das quadras – Michael Jordan – com nomes de prestígio em Hollywood – Bill Murray – em um universo animado de muito apreço popular – os Looney Tunes. A mistura deu tão certo que arrecadou nos cinemas quase três vezes o valor de seu orçamento, além de ter se envolvido com fãs de todas as idades. Dito isso, talvez o mais surpreendente a respeito de Space Jam: Um Novo Legado seja o quanto tal produção demorou para ser feita. Misto de continuação com remake – não é nem uma coisa, nem outra, ficando no meio termo entre as homenagens ao anterior e as atualizações com o que a tecnologia atual permite – o novo longa deve apelar aos mesmos aficionados de antes – fanáticos esportistas e admiradores dos personagens infantis. E mesmo esses precisarão de muito esforço para identificar algo que realmente faça valer tal investimento.
Afinal, se antes ainda havia uma tentativa de propor uma trama minimamente curiosa que motivasse o tal jogo de basquete entre Pernalonga, Frajola, Patolino e companhia, dessa vez nem isso ocorre. Ignorando totalmente a segunda aventura dos Tunes pelo cinema – Looney Tunes: De Volta à Ação (2003) – o que se tem dessa vez é não mais do que um drama familiar, centrado na figura de LeBron James (o equivalente atual de Michael Jordan, em importância como atleta e em popularidade como figura pública), e no filho menor dele, Dom (Cedric Joe, visto antes em um episódio de Modern Family, 2017) – que fique claro, por mais que LeBron use seu nome real e apareça como uma versão de si mesmo, todos os demais familiares (esposa, filhos) são meramente ficcionais. Pois bem, o drama é clássico: James quer que o garoto siga seus passos, mas o menino tem outros interesses – sonha em ser designer de videogames. É a deixa, portanto, para cair no conto do tal vilão da história.
Esse atende pelo apelido de Al G. Ritmo (Don Cheadle, que deixa claro ser o que mais se divertiu no meio de tantas distrações), e seria ele o ‘algoritmo’ (entendeu?) da Warner Bros., ou seja, a mente artificial que conectaria todos os mundos já criados pelo estúdio. De Harry Potter ao Senhor dos Anéis, de Game of Thrones aos heróis da DC Comics, do King Kong ao Gigante de Ferro: estão, literalmente, todos lá. Assim, Space Jam: Um Novo Legado acaba assumindo sua real função: servir de cartão de visitas – ou seria melhor apontá-lo como um grande e dispendioso portfólio? – da companhia. Em tempos quase simultâneos ao lançamento da plataforma de streaming HBO Max – a única a abrigar todos os títulos aqui citados – o timing não poderia ser mais adequado. Mas, é claro, nada disso é coincidência.
Levados para dentro da Matriz – aqui chamada de ServiVerse (universo do servidor), ou WarnerVerse (universo da Warner), ou algo que o valha – pai e filho são colocados em lados opostos da arena: o menino, ludibriado por aquele que não tarda em revelar sua real faceta – Al G. quer atenção, em resumo, tamanha é a sua falta de propósito – aceita jogar imaginando ser uma brincadeira sem consequências. James, por outro lado, tem ao seu lado as figuras dos Looney Tunes, e essas são as que mais tem a perder: caso não alcancem a vitória, a ameaça é de que serão deletadas para sempre. E enquanto o astro da bola tenta impor seu modo de jogar, que dentro das regras convencionais o levou ao posto de melhor do mundo, somente quando perceber estar inserido em um novo contexto – um no qual velhinhas e passarinhos, coiotes e papa-léguas, porquinhos gagos e frangos tamanho-família é que ditam como as coisas funcionam – é que poderá se desprender das antigas fórmulas e abraçar um novo jeito de ver as coisas. Uma mudança que, obviamente, terá como consequência aproximá-lo do próprio filho.
O que sobra após quase duas horas de projeção – o enredo se estende muito além do necessário, visto o fiapo de trama que tem para oferecer – é a preguiça dos realizadores em sequer tentar algo inédito. Com poucas piadas que de fato funcionam – a com o ator Michael B. Jordan é, de longe, a melhor – e revisitas a clássicos e sucessos que servem apenas como desperdício de potencial – as passagens pelos cenários de Mad Max: Estrada da Fúria (2015) e de Matrix (1999) são algumas das poucas que se salvam – Space Jam: Um Novo Legado não consegue nem mesmo explorar o carisma das figuras animadas. Pernalonga é não mais do que um coadjuvante de luxo, e se Gaguinho tem um momento brilhante para chamar de seu, Frajola, Taz, Hortelino e tantos outros servem apenas para compor o quadro, sem nunca se aproximarem do centro das atenções. E o que dizer de todos os demais, vistos apenas ao longe? Seguem nas arquibancadas, fazendo número, mas não mais do que isso. Assim como deverá se sentir o espectador, longe da ação, tendo que se contentar com um desfecho previsível, melodramático e distante da divertida loucura que por anos foi característica marcante desse grupo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 4 |
Lucas Salgado | 3 |
Victor Hugo Furtado | 5 |
MÉDIA | 4 |
Bom