Crítica
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Sinopse
Uma vez estabelecido em Green Hills, o ouriço azul mais veloz das redondezas recebe autorização para ficar sozinho em casa enquanto Tom e Maddie saem de férias. Mas, ele não contava com o retorno do maligno Dr. Robotnik.
Crítica
A primeira empreitada live action do ouriço azul da SEGA, Sonic: O Filme (2020), pode não ter angariado as melhores críticas, mas seu faturamento de mais de US$ 319 milhões em bilheteria mundial pedia uma sequência. Se esse sofreu com distribuições ao redor do globo em 2020, com o start da pandemia da Covid-19, agora o caminho está livre para Sonic 2: O Filme consolidar uma nova franquia cinematográfica. Mas antes de tudo, saiba que mesmo com a nostalgia convidando diversos millennials, que cresceram com o personagem, a visitá-lo no cinema, não se engane, a produção está quase totalmente focada na Geração Alfa. Não há problema algum nisso e a trama se dá bem no quesito entreter. Porém o mais grave problema foi a má harmonia dos roteiristas Pat Casey, Josh Miller e John Whittington na tarefa de conciliar a história para distintas gerações.
Mas vamos lá. Sonic agora está ambientado com a pequena cidade de Green Hills e é considerado um filho do casal Tom (James Marsden) e Maddie (Tika Sumpter). Desta vez, o Dr. Robotnik/Eggman (Jim Carrey) quer a Esmeralda Mestre - um artefato recorrente dos games que permite ao portador um poder semelhante às jóias do infinito do Universo Cinematográfico Marvel - e é claro que o raio azul irá tentar protegê-la. Se antes o protagonista estava solitário em relação aos clássicos parceiros de jogos, este conta com o acréscimo de Tails, a ingênua raposa com habilidades tecnológicas, admirador e amigo do baixinho veloz, e Knuckles, a equidna vermelha que primeiro irá ajudar Eggman, para depois repensar essa parceria.
Como citado anteriormente, a fábula se apresenta com frescor para os recém chegados. Entretanto, vale destacar alguns dos pontos em que a trama pode se considerar “adulta”, para daí partirmos para as escolhas narrativas que pretendem fisgar os mais novos. Paralelamente aos eventos centrais, Tom e Maddie viajam para uma praia na América Central onde serão padrinhos do casamento entre Rachel, irmã de Maddie, e Randall, seu amado bonitão. Nesse ambiente, a história perde bons minutos entre diálogos que variam de estranhamentos familiares, que reforçam uma rixa entre brancos e negros, até tradições matrimoniais, com a noiva - interpretada por Natasha Rothwell - ameaçando de morte qualquer um que estrague seu casamento, para depois estrelar constrangedoras cenas que perpetuam estereótipos. Em seguida, Tom tenta se enturmar com o grupo de amigos de Randall, um time do puro suco do que podemos chamar de “héteros top” que fazem exercício em todos os instantes. Marsden se encaixa em diversos padrões de beleza e portes esportivos, mas no cenário apresentado não - e reclama disso. É difícil entender. Após as embaraçosas sequências dos amigos musculosos, Tom desabafa para a mulher que gostaria que Sonic tivesse amigos como os de Randall, para que não se sentisse sozinho. Ah! Ótimo, ainda estamos falando de um filme do defensor azulado. Enfim, as exibições dos "maduros" são completos desastres que terminam com uma reviravolta, no mínimo, tola.
Voltando para o entretenimento infantil, vale ressaltar, mais uma vez, a habilidade de Carrey para papéis motores de aventuras infanto-juvenis. Aqui, ele não mostra nada diferente de O Grinch (2000) e Desventuras em Série (2004), por exemplo, mas é o suficiente para ser o antagonista do personagem título. Estabelecido esse lado da moeda, é hora do borrão azul brilhar. Ele é engraçado, faz diversas referências à cultura pop e protagoniza lindas lutas coloridas. Não há muito o que acrescentar ao ouriço. Entretanto, entram também aqui outras falhas dos responsáveis pelo argumento. Se não, vejamos: qual o poder de Sonic? Ele corre muito rápido e, quando acuado, se transforma em uma esfera azul e parte pra cima de qualquer desafio. Pois bem, em variados momentos importantes ele poderia resolver problemas com sua agilidade típica. Está sendo perseguido por um vilão lento, e prefere fugir de carro? Num outro momento, um valentão siberiano - também vagaroso para os padrões do nosso herói - lhe toma o mapa da Esmeralda. O pequeno paladino pode correr e resgatá-lo facilmente, certo? Não! Pois ele é desafiado para uma batalha de dança em troca do item. Nesse momento o espectador se pergunta: isso é sério? O planeta pode ser destruído em uma questão de horas e estamos assistindo a uma coreografia de Bruno Mars?
Mas, claro, sempre há a ressalva de que estamos falando de uma obra infantil. “Sem esses momentos simplórios não haveria história e tudo seria resolvido com facilidade”, podem dizer. Contudo, as crianças também podem indagar o mesmo e exigir questões que sejam dignas da força do ouriço criado por Naoto Oshima, Yuji Naka e Hirokazu Yasuhara. Ou será que Wall-E (2008) - que não possui enredo trivial - faturou mais de US$ 521 milhões só com público adulto? No final das contas, predominam as novas amizades construídas, as inspiradoras batalhas cheias de cintilância no último ato e o novo figurão apresentado para um terceiro filme, um anti-herói intimo para os gamers. O audaz espinhoso está mais do que nunca entre familiares. Mas será que a próxima aventura decidirá para qual dos seus ele pretende dialogar?
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Victor Hugo Furtado | 5 |
Alysson Oliveira | 2 |
MÉDIA | 3.5 |
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