Crítica


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Sinopse

Tiago enxerga o futebol como única alternativa para o livrar da miserabilidade. Embora seja o melhor jogador de sua comunidade, ele enfrenta uma série de dificuldades para ser ao menos notado por um olheiro.

Crítica

Apesar do Brasil ser “o país do futebol”, não sabemos aproveitar este “talento” nas telas de cinema. Foram poucas as produções que exploraram este universo, e as que se aventuraram tiveram resultados pouco significativos. Show de Bola, co-produção entre Brasil e Alemanha, é mais um exemplo destes que “quase chegam lá”, mas acabam ficando pelo caminho. O filme é legal, tem personagens fortes e um enredo bem amarrado. Mas não consegue fugir dos clichês mais óbvios, nem os intrínsecos ao gênero esportivo, muito menos aos que dizem respeito ao cenário em que a ação transcorre: as favelas do Rio de Janeiro.

Filmado em 2005, dirigido pelo alemão Alexander Pickl – estreando enquanto realizador – e contando com equipe técnica quase 100% estrangeira, tem sua marca verde e amarela no elenco, totalmente nacional, e no roteirista Renê Belmonte, o mesmo das comédias Sexo, Amor e Traição (2004) e Se Eu Fosse Você (2006). Isso, claro, sem falar das imagens que conferimos, todas captadas na capital carioca. Pois é lá onde estão os protagonistas desta trama que, em sua ambientação, lembra muito outros sucessos recentes, como Cidade dos Homens (2007), Tropa de Elite (2007) e o próprio Cidade de Deus (2002), claro. Jovens em condições sociais muito desfavorecidas buscando através da contravenção e/ou do esporte meios de melhorar de vida. E, é claro, este processo não será fácil nem livre de tragédias.

Tiago (Thiago Martins, que recentemente fez uma composição muito parecida no ainda inédito Era Uma Vez) é um rapaz que vive com o irmão mais velho e a mãe doente. Seu sonho é ser selecionado por um grande time de futebol, chamar atenção e acabar jogando na Europa. Mas para isso ele terá que enfrentar o gênio difícil do melhor amigo (Luís Otávio Fernandes, de Bendito Fruto), que acabará lhe levando a tomar más decisões, as intromissões do maior bandido do morro (Lui Mendes, de A Partilha), e a paixão que desenvolve pela irmã deste, além dos problemas em casa: desentendimentos com o irmão, insatisfação com a condição materna e a falta de dinheiro.

Thiago Martins, revelado em Cidade de Deus, é um ator bastante promissor. Ele carrega com muito empenho a condição de principal condutor desta história que, se não é novidade para nós, brasileiros, talvez tenha mais apelo no exterior. O título Show de Bola tanto pode ser entendido como algo que dá muito certo – e, neste caso, a denominação abusaria da ironia – ou faria referência ao talento do rapaz. Infelizmente, no entanto, não faz jus à obra em si, que está longe de merecer tantos aplausos. Uma edição muito picotada, uma trilha sonora óbvia e uma fotografia mesmerizada contribuem para o fraco impacto provocado. E se o objetivo é provocar tanto entusiasmo quanto o que os brasileiros estão acostumados a vivenciar nos estádios de futebol, é sinal que falta muito a ser feito ainda.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
6
Alysson Oliveira
4
MÉDIA
5

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