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Sinopse

A relação de Adriana e André vai de vento em popa, assim como suas carreiras. Ela vai estrear uma coluna nova no jornal e ele está prestes a lançar sua nova coleção de moda em um cruzeiro pelo Caribe. O romance é ameaçado quando Adriana descobre que a bela top model Anitta, ex-noiva de André, está embarcando no mesmo navio. A escritora convoca, mais uma vez, a irmã, Luiza, e a ex-diarista, Dialinda, para impedir que os ex-namorados se reaproximem.

Crítica

Assim como clichês só são assim considerados porque, diante do contexto apropriado, funcionam – o problema é o uso em excesso – também outros consensos populares possuem seu fundo de verdade. Um bom exemplo é o que diz respeito das comédias populares brasileiras, que chegam aos borbotões nos cinemas sempre com resultados pífios junto à crítica – mas com um bom desempenho com o público. Porém, se a situação estava beirando o exagero, com S.O.S. Mulheres ao Mar 2 os limites foram rompidos e o que se tem é a desculpa mais esfarrapada para que um longa fosse feito de toda a produção nacional deste ano. Além de simplesmente repetir sem a menor originalidade os recursos cênicos escassos do primeiro episódio da franquia, ainda abusa da boa vontade do espectador com videoclipes aleatórios e propagandas dos patrocinadores a todo instante. Antes que um filme, o que se tem é um grande audiovisual publicitário, diante do qual a obrigatoriedade de pagar um ingresso é quase uma ofensa.

Movida por um ciúmes incontrolável, Adriana (Giovanna Antonelli, esquecendo a boa atriz que pode ser) decide seguir o marido que recém a abandonou para partir em uma viagem de lua de mel com a nova namorada. Durante o cruzeiro, a protagonista não só encontra um amor inesperado (Reynaldo Gianecchini), como passa por poucas e boas ao lado da irmã (Fabiúla Nascimento) e da empregada (Thalita Carauta). Para quem não lembra, é exatamente isso que acontece durante o desenrolar de S.O.S. Mulheres ao Mar (2014). De produção rápida e pouco complicada, acabou somando milhões de espectadores e gerando essa continuação que chega às telas um ano depois. E a sinopse agora, em resumo, é exatamente a mesma: quem embarca no navio dessa vez é o namorado atual, Adriana tem mais uma crise de ciúmes, e as duas companheiras a seguem em uma jornada improvável. Os resultados, no entanto, são ainda mais constrangedores do que os vistos na primeira incursão destes personagens.

Se antes o casal central estava brigado e ela partia em busca de uma honra perdida, agora não há motivos para sua perseguição – ele a convida para ir junto, e só recebe recusas como resposta. A garota só muda de ideia quando descobre que uma antiga paixão dele – e modelo da coleção que ele, estilista, está lançando – estará no mesmo passeio. A irmã segue unidimensional, como a tarada que só pensa em transar com o garoto mais sarado do navio – neste caso, seu foco é um dos galãs da passarela. Quem se sai melhor é Dialinda, a atrapalhada que virou faxineira nos Estados Unidos e, sem saber, encontrou emprego com um casal de traficantes. Ela é que oferece um sopro de novidade ao enredo, ainda que calcado em tipos tão estereotipados e rasos que torna impossível a tarefa de levá-los à sério. Com os patrões no seu encalço – que acham que ela descobriu as atividades ilegais deles – e oficiais do FBI suspeitando do seu envolvimento no caso, as confusões que conduz podem ser menos histriônicas do que o esperado, mas ainda assim garantem um interesse renovado.

S.O.S. Mulheres ao Mar 2 é um filme com um único propósito: bombar nas bilheterias. Legítimo caça-níquel, chega às telas praticamente pago – é tanta exposição de marcas de agências de viagens, redes de fast food, canais de televisão e parques de diversões que a única dúvida que resta é a respeito da relevância destas interferências na história que está – ou deveria estar – sendo contada. Cris d’Amato estreou como realizadora com um filme irregular, porém instigante – Sem Controle (2007), com Eduardo Moscovis – mas desde então só tem participado de projetos descartáveis com interesses unicamente comerciais – é dela também o recente Linda de Morrer (2015), com Gloria Pires. Seus esforços atuais até podem deixar os investidores satisfeitos, e o elenco que reúne parece se divertir bastante com a ausência de preocupações narrativas. Pena que são os únicos a achar graça em toda essa bobagem.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Grade crítica

CríticoNota
Robledo Milani
2
Alysson Oliveira
1
MÉDIA
1.5

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