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Sinopse
Rita Lee: Mania de Você oferece um retrato íntimo e afetivo da icônica artista brasileira. Tudo começa com uma carta de despedida que Rita escreveu para seus três filhos e seu marido e parceiro musical, Roberto de Carvalho, pouco antes de sua morte em 2023. A partir desse ponto, o filme explora sua trajetória desde a infância até os últimos momentos de vida. Documentário.
Crítica
Rita Lee era, de fato, uma figura grande demais para caber em um único longa-metragem. Ainda que sua versão ficcional represente uma abordagem que os realizadores nacionais seguem devendo – depois de Elis Regina, Tim Maia, Erasmo Carlos, Gal Costa e Ney Matogrosso, apenas para ficarmos nos mais recentes, como é possível a Rainha do Rock nacional seguir distante da telona (por mais de Mel Lisboa venha fazendo sua parte com imenso empenho – e talento – nos palcos)? Mas se a dramaturgia segue esperando por sua vez, o viés documental não demorou – ou melhor, veio em dose dupla. No mesmo mês que chegou aos cinemas Ritas (2025), de Oswaldo Santana e Karen Harley, a HBO Max lançou diretamente em sua plataforma de streaming o igualmente inédito Rita Lee: Mania de Você, de Guido Goldberg. E por mais que seja tamanha a tentação de comparar um com o outro, o mais certo é vê-los como complementares.
E, nesse caso, Rita Lee: Mania de Você seria a porta de entrada, o contato inicial do público com a artista que partiu há pouco mais de dois anos (em 08 de maio de 2023), mas permanece viva na saudade e na memória de muitos dos seus fãs e admiradores. Ou seja, este é aquele filme que serve tanto para resgatar lembranças há muito compartilhadas e reforçar uma aproximação que por anos e décadas foi construída por meio de inúmeros sucessos e performances inesquecíveis, ao mesmo tempo em que é didático o bastante para introduzir ao universo da cantora e compositora aqueles recém-chegados, ou por serem muito jovens – Rita Lee se aposentou em 2012, com o lançamento de seu último álbum de inéditas, “Reza” – ou por não terem dedicado a ela a atenção que lhe era merecida quando em atividade. Ainda que seu auge de produção artística tenha sido durante os 1970 e 1980, seguiu compondo, cantando e se apresentando até o início dos anos 2010.
Guido Goldberg e o argentino Julián Troksberg assinam juntos o roteiro do documentário. E ambos possuem vasta experiência em lidar com projetos biográficos. Enquanto Goldberg dirigiu as minisséries Amor e Música: Fito Paez (2023) e Bios: Vidas que Marcaram a Sua (2018-2023) – produção da National Geographic que a cada episódio se ocupou de nomes como Charly Garcia, Maurício de Sousa ou Mercedes Sosa, entre outros tantos – Troksberg assinou projetos recentes como Voltando a Ler Mafalda (2023) – sobre a grande criação do cartunista Quino – ou Voltando a Ler Graúna (2024) – que tinha como foco a personagem criada por Henfil. Ou seja, ambos sabem do que estão falando. Em Mania de Você, a abordagem deles é semelhante: de maneira protocolar, desenvolvem um filme-wikipedia, ocupando-se de datas e eventos marcantes, pontuando feitos, conquistas e histórias incontornáveis, avançando de forma cronológica e sem muita criatividade. Mais ensina do que entretém, portanto.
“Mania de Você” foi escrita por Rita Lee e Roberto de Carvalho em 1979. Presente no álbum batizado apenas de Rita Lee, estava ao lado de outras composições inesquecíveis, como “Chega Mais” e “Doce Vampiro”. É curioso perceber, no entanto, que em nenhum momento de Rita Lee: Mania de Você o diretor se ocupe em esmiuçar a letra que entoa versos como “meu bem você me dá água na boca” ou “nada melhor do que não fazer nada”. O filme começa falando de “Ovelha Negra” – talvez a canção mais emblemática da cantora – e ao longo de seus quase 90 minutos aborda tantas outras, sem em nenhuma proporcionar mergulho mais detalhado. Assim são as entrevistas presentes, os depoimentos coletados, tudo razoavelmente interessante, ainda que inevitavelmente superficial. Alguns, ainda, questionáveis, como a passagem que reuniu os filhos de Rita para lerem uma carta póstuma deixada pela mãe, sequência essa um tanto deslocada e emocionalmente manipuladora, beirando o mau gosto. Enfim, tem seus momentos. Mas nada que se mantenha em pé por conta própria.


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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Leonardo Ribeiro | 6 |
Miguel Barbieri | 4 |
Carlos Helí de Almeida | 6 |
MÉDIA | 5.3 |
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