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Sinopse

Alice e Rain Ocampo têm a missão de destruir um laboratório genético operado pela poderosa corporação Umbrella, um dos maiores conglomerados do mundo, onde um vírus foi disseminado, matando seu criador e ressurgindo como uma criatura demoníaca, que sente uma fome incontrolável e transforma todas as suas vítimas em zumbis. O time tem apenas três horas para evitar que o vírus invada a Terra.

Crítica

Adaptado dos bem sucedidos jogos de survivor horror da Capcom, Resident Evil: O Hóspede Maldito é um exemplar razoável do gênero, ainda mais se levarmos em conta o que adaptações de games costumam virar quando transpostas para as telonas. Prova deste tipo de crime é Mortal Kombat (1995), cometido pelo mesmo Paul W. S. Anderson que dirige este aqui – não o confundam com o quase xará Paul Thomas Anderson! Responsável por filmes que se equilibram entre a ficção científica tecnológica e a ação desenfreada, o diretor não faz diferente ao conduzir este thriller, homenageando pontualmente o game que o originou e... Alice nos País das Maravilhas!? Pois é, enfim...

Depois de uma tensa sequência inicial em que assistimos ao sistema de defesa de uma grande instalação da Umbrella Corporation matar a todos os seus funcionários, somo levados até Alice (Milla Jovovich), que sem lembrar quem é ou onde está, é logo abordada por uma equipe tática cujo objetivo é ir até a tal instalação, chamada de Colmeia, e descobrir o que houve. Enfrentando um sistema de segurança rigoroso e mortal, o grupo logo descobrirá que os empecilhos tecnológicos não são o seu pior problema, principalmente quando descobrem que todos os funcionários mortos agora estão caminhando outra vez como zumbis, caçando-os para devorá-los.

Tal qual no jogo, em que ao transpor uma porta não se sabia o que iria se encontrar a seguir, Anderson constantemente investe em planos que privilegiam... portas abrindo, mas sem com isso mostrar o que há depois delas, seja através do desfoque, do enquadramento ou da escuridão. E mesmo para quem não reconhece a referência, é um recurso que, assim como no material de origem, serve para aumentar a tensão. Algo que o filme não pode ser acusado de não ser: tenso. O cineasta, que também assina o roteiro sozinho, demora até trazer os mortos-vivos para a trama, anunciando sua aproximação aos poucos, como no take em que, ao mostrar um corredor vazio, sugere uma sombra prestes a dobrar a esquina. E quando finalmente revela seus monstrinhos, o faz eficientemente ao investir em uma cena de ritmo crescente que culmina no grupo tendo de lidar com uma horda de inimigos sedentos.

Porém, é estranho (e louvável?) que o diretor e roteirista decida incluir uma segunda camada de leitura em sua história envolvendo a Alice de Lewis Carroll, e não só no nome da protagonista, interpretada com segurança por Jovovich; a entrada para a Colmeia, uma estação subterrânea, é através de um espelho (!), o nome da inteligência artificial que controla o sistema de segurança do local é A Rainha Vermelha (!), a pista que Alice segue para recuperar suas lembranças é um coelho branco sendo testado em laboratório (!)... De fato, todo o paralelo com a história de Carroll é interessante. Assim, aquelas instalações científicas que deveriam ser um lugar lógico e promissor, logo se mostra impossível e bizarro ao trazer mortos voltando a vida, cães zumbis e monstros gigantes que se alimentam de DNA.

Contando ainda com a presença de Michelle Rodriguez, interpretando o mesmo tipo de sempre, Resident Evil: O Hóspede Maldito se revela um filme complexo e magnético, que apesar de aqui e ali se perder em tolices – sendo o clímax no trem uma das piores – também apresenta outros momentos memoráveis – neste quesito, a sequência com os lasers é ótima. Deixando um gancho interessante para um continuação que, infelizmente, veio, e veio de novo, e de novo, e de novo, o filme marca também provavelmente o último longa-metragem aceitável sob o comando de Paul W. S. Anderson, que depois disso se debruçou sobre a tarefa de esmigalhar a sua já incerta carreira com as desastrosas continuações dessa série e com filmes como Alien vs. Predador (2004), Corrida Mortal (2008), e Os Três Mosqueteiros (2011).

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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