Repulsa ao Sexo

Crítica

Parte integrante da chamada “Trilogia do Apartamento” de Roman Polanski, Repulsa ao Sexo (1965) é uma porta de entrada para os trabalhos essenciais do diretor e seu estilo próprio de terror psicológico, este muito influenciado por Alfred Hitchcock e até mesmo pelo surrealista Luís Buñuel. Como dito, a temática desse primeiro trabalho que, assim como O Bebê de Rosemary (1968) e O Inquilino (1976), se passa em prédios residenciais e extremamente urbanos, permite Polanski apresentar as mais diversas insanidades, que podem ocorrer onde menos se espera.

Repulsa ao Sexo é uma produção repleta de simbolismos. Catherine Deneuve é Carol, uma manicure belga que vive em Londres junto da irmã, num pequeno apartamento. Deixada sozinha durante o feriado, a jovem acaba sendo abordada por um homem, Colin, que está decidido a marcar encontro com ela. Solitária e introspectiva, ela evita o rapaz ao máximo, ao mesmo tempo em que sofre momentos de desnível psicológico. Entre braços que surgem nas paredes, trinques de portas querendo ser invadidas e telefones que tocam, Polanski cria uma de suas obras máximas e mais assustadoras.

Lembrada por seu figurino e direção de arte impecável, a produção é também memorável justamente pela cena em que Catherine Deneuve anda pelos corredores do apartamento passando por mãos que saem de paredes, imagem que transmite a sensação aterrorizante que a personagem passa. Mas nem todos viram o filme como algo excepcional ou de potencial. Oferecido primeiramente para a Paramount Pictures, que acabou rejeitando a ideia de investir e distribuí-lo, acabou nas mãos de uma distribuidora pequena de filmes eróticos. Ciente do erro cometido, posteriormente a Paramount financiou os demais filmes da “Trilogia do Apartamento”.

Dono de uma das filmografias mais ecléticas e exemplares, Polanski mostra em Repulsa ao Sexo alguns dos traços iniciais de seu cinema, os quais viria a explorar bastante futuramente: a mulher, os espaços e como eles influenciam na vida dos personagens e ainda toda a instabilidade que o ser humano pode carregar consigo.

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Renato Cabral

é graduado em Cinema e Animação pela Universidade Federal de Pelotas (RS) e mestrando em Estudos de Arte pela Universidade do Porto, em Portugal.

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