Crítica
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Sinopse
John Tyree é um jovem soldado que está em casa, licenciado. Um dia conhece Savannah Curtis, uma universitária em férias, por quem se apaixona. Eles iniciam um relacionamento, só que logo ele precisará retornar ao trabalho. Dentro de um ano terminará o serviço militar, quando poderão, enfim, ficar juntos. Neste período trocam diversas cartas, através das quais cada um conta o que lhes acontece diariamente.
Crítica
Lasse Hallström é um cineasta que, ao aparecer no cenário mundial, despertou muitas expectativas. Hoje, no entanto, quase 30 anos depois, tudo que se tem recebido dele são trabalhos medíocres, como esse Querido John, tão tolo quanto desnecessário. Seu primeiro trabalho de sucesso internacional foi o emocionante Minha Vida de Cachorro (1985), que chegou a ser indicado a 2 Oscars (Direção e Roteiro Adaptado), além de ter ganho vários prêmios como Filme Estrangeiro (trata-se de uma produção sueca). Depois vieram Gilbert Grape: Aprendiz de Sonhador (1993), que revelou ao mundo Leonardo DiCaprio, garantindo sua primeira indicação ao Oscar, As Regras da Casa (1999), com 7 indicações ao Oscar, inclusive a Melhor Filme e Direção, e premiado como Ator Coadjuvante, para Michael Caine, e Roteiro Adaptado, e Chocolate (2000), com 5 indicações ao Oscar, inclusive a Melhor Filme. Mas a boa fase não se sustentou, e desde então tem sido ladeira abaixo, com os equivocados Chegadas e Partidas (2001), e Casanova (2005), entre outros. E este título segue o mesmo caminho problemático.
Não que Querido John seja ruim. É apenas chato. E previsível. Tão adocicado que chega a ser irritante. É o típico caso de união da ‘fome’ com a ‘vontade de comer’. Afinal Hallström sempre teve um pé no melodrama, elemento bastante comum também nos enredos do escritor Nicholas Sparks, autor do livro em que o filme se baseia e também das tramas de outros sucessos do gênero, como Noites de Tormenta (2008) e Diário de uma Paixão (2004) - esse o melhor – e mais choroso – de todos. Não há grandes surpresas ou reviravoltas. Tudo é feito com o único propósito de fazer o espectador se debulhar em lágrimas. Isso se este não for um pouquinho mais esperto e perceber de antemão a armadilha que lhe foi preparada. Pois para os antenados com certeza os acontecimentos soarão nada naturais, e até mesmo forçados em alguns momentos. E sem verossimilhança todo e qualquer crédito será um esforço perdido.
O John do título é um rapaz (Channing Tatum) que vive com o pai problemático (Richard Jenkins, o melhor em cena) enquanto espera sua chamada para voltar ao serviço militar. Certo dia, após horas de surf na praia, encontra Savannah (Amanda Seyfried). A paixão entre os dois é quase instantânea. Eles se entendem, se querem, se amam. Foram feitos um para o outro, e pretendem passar o resto dos seus dias juntos. Mas chega o momento dele ir para a guerra. Algo complicado, mas facilmente superado – afinal, eles podem passar tranquilamente um ano inteiro mantendo a atração que sentem um pelo outro apenas trocando cartas e juras de amor. Só que após 12 meses, uma nova tragédia acontece: 11 de setembro de 2001. Com os Estados Unidos em crise, as forças armadas serão mais necessárias do que nunca. E será nesse novo cenário que eles terão que decidir o que fazer com suas vidas. E arcar com estas consequências.
O maior problema de Querido John é a superficialidade dos personagens principais. Tudo é muito simples, direto, objetivo, sem profundidade nem inquietações. Para tudo há uma razão, um motivo nobre e justo, e é sempre tão ‘preto-no-branco’ que não sobra espaço para questionamentos, reflexões ou dúvidas. Cada ato tem uma justificativa, como se fossem robôs automáticos seguindo uma programação prévia. Claro que os mais jovens – ou românticos – irão se deixar levar pela beleza dos protagonistas e pelo amor inabalável que os une. Mas isso não é realidade, e sim conto de fadas. Então, enquanto escapismo barato, talvez ele até se justifique. Agora, enquanto cinema, há muito a ser trabalhado ainda.
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Crítico | Nota |
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MÉDIA | 4 |
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