Quatro Amigas e Um Casamento

Crítica

Um grupo de mulheres na faixa dos 30 anos, dotadas de personalidades muito singulares, são convidadas para servirem como damas de honra ao casamento de uma amiga. Antes da cerimônia, no entanto, elas protagonizam uma série de desventuras cômicas – e por vezes escatológicas – que evidenciam as dificuldades da função para o qual foram eleitas. Com forma e conteúdo semelhantes, Quatro Amigas e um Casamento estreia ainda na sombra do sucesso crítico e comercial de Missão Madrinha de Casamento (2011), mas, ainda que se esforce, não consegue ir muito além do banal e esquecível.

Em seu primeiro filme, Leslye Headland assina sozinha roteiro e direção de uma comédia de erros que não dá chance para suas protagonistas demonstrarem qualquer sinal de maturidade. Munida do humor mainstream e machista de comédias recentes, como Se Beber Não Case (2009) e Ted (2012), Headland parece preocupada em pontuar sua narrativa com sequências supostamente engraçadas sem se preocupar em torná-las críveis ou em dar espaço para o desenvolvimento de seus personagens. Assim, uma série de participações que poderiam ser interessantes se anulam, como a dos atores promissores Adam Scott e Rebel Wilson.

Um ano depois de seu irretocável desempenho em Melancolia (2011), pelo qual foi premiada em Cannes, Kirsten Dunst estrela Quatro Amigas e um Casamento ao lado de Isla Fisher e Lizzy Caplan. O improvável trio, que sequer parece ter se divertido durante estas filmagens, se sujeita a uma sucessão de constrangimentos passíveis de envergonhar até mesmo os espectadores menos exigentes. Do coma alcóolico de uma personagem à insossa cena de sexo no banheiro de outra, a inocência – leia ignorância – de Katie (Fisher) até garante algumas risadas. Mas nada que faça valer o estupro intelectual proporcionado pelo filme.

Outro ponto incômodo de Quatro Amigas e um Casamento está na caricaturização das protagonistas femininas. É difícil compreender as intenções de Headland ao retratar suas personagens com traços tão desprezíveis: elas são grosseiras, superficiais e egoístas. Além de tornar difícil a empatia dos espectadores com as mesmas, Headland não consegue estabelecer um equilíbrio satisfatório entre elas próprias. Anda que as moças encontrem certa redenção na conclusão da história, já é tarde demais para se importar.

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Conrado Heoli

é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Graduado em Publicidade e Propaganda, coordena a Unidade de Cinema e Vídeo de Caxias do Sul, programa a Sala de Cinema Ulysses Geremia e integra a Comissão de Cinema e Vídeo do Financiarte.

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