
Quarteto Fantástico: Primeiros Passos
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Matt Shakman
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The Fantastic Four: First Steps
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2025
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
Em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, com o vibrante cenário de um mundo retrofuturista inspirado nos anos 1960, segue os famosos heróis enquanto eles enfrentam seu desafio mais assustador até agora. Forçados a equilibrar seus papéis como paladinos com a força de seus laços familiares, eles devem defender a Terra de um deus espacial voraz chamado Galactus. HQs.
Crítica
E não é que a situação se inverteu? Por anos, as adaptações para o cinema dos heróis da DC Comics foram marcadas por abordagens sérias, adultas e sombrias (o Superman de Richard Donner, o Batman de Tim Burton, a trilogia Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan). Por outro lado, a Marvel, a partir do momento que constituiu seu estúdio próprio, optou por outro caminho, com personagens mais coloridos, investindo em alívios cômicos e apostando pesado na ação em detrimento de qualquer tipo de profundidade psicológica. Mas eis que chegamos em 2025, e a balança trocou de lado. Ao mesmo tempo em que o Superman de James Gunn se mostra quase ingênuo em sua leveza e bom humor, títulos como Capitão América: Admirável Mundo Novo e Thunderbolts decidiram investigar questões como nova ordem global, ascensão da extrema direita e saúde mental. Pois é nesse cenário em que se encaixa Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, um filme que, assim como seu subtítulo já adianta, está mais preocupado em propor uma direção a ser seguida do que em estabelecer um quadro definitivo. É o começo de uma nova fase. E assim, quase engatinhando, acerta em elementos adjacentes, ao mesmo tempo em que prepara terreno para investigações futuras.
Após quatro adaptações anteriores (a primeira, de 1994, só é digna de ser lembrada por ter sido produzida pelo lendário Roger Corman, enquanto que a mais recente, de 2015, merece nada mais do que o esquecimento), a primeira família da Marvel ganha, enfim, uma transposição para a tela grande que preza o que o grupo tem de diferencial em relação a todas as demais formações similares: um sentimento de união e pertencimento, e não apenas um conjunto de seres poderosos unidos ao acaso. Reed Richards e Sue Storm são casados, apaixonados e enfrentam dilemas comuns a qualquer um nessa situação, como se preparar para uma eventual gravidez. Sue e Johnny Storm são irmãos, e dividem olhares e confidências no modo mais fraternal possível. Reed e Ben Grimm são melhores amigos, estão um ao lado do outro para o que der e vier, compartilhando inseguranças e expectativas na mesma medida. São eles que formam o Quarteto Fantástico. E a certeza de que são capazes de salvar o mundo frente qualquer ameaça vem da forte conexão que os une.
E o perigo, dessa vez, não é pequeno. Trata-se de Galactus, também conhecido como “Devorador de Mundos”. Quando a Surfista Prateada chega para anunciar a vinda do gigante e a consequente destruição da Terra, os quatro defensores terráqueos buscam, primeiro, uma negociação. Quando essa falha, partem para outros tipos de planos que, em menor ou maior grau, alcançam certa efetividade. Mas não estão sozinhos. Ou melhor: de quatro, agora são cinco. Sue e Reed concebem um herdeiro, o pequeno Frank. Um menino visto desde o primeiro momento como capaz de mudar o equilíbrio do universo. Os pais podem até não perceber, mas o ser que deles se aproxima com uma fome espacial já notou o que o espera. Mais do que salvar o planeta, eles precisam proteger a criança cujos poderes ainda desconhecem, mas que guarda em si um potencial ainda não mesurado. E assim apelam ao sentimento mais humano: a identificação. Lute por um, e estará defendendo todos.
Fato, no entanto, é a escolha acertada de Vanessa Kirby como Mulher Invisível (segura de si, ao contrário de suas antecessoras Jessica Alba e Kate Mara). Pedro Pascal, como o Senhor Fantástico, pode estar sofrendo de superexposição, mas mesmo não sendo tão parecido fisicamente com a figura das histórias em quadrinhos (como eram Ioan Gruffudd ou mesmo John Krasinski), compõe um tipo mais cerebral do que Miles Teller, o que não deixa de ser um mérito. Ebon Moss-Bachrach atua quase que o tempo todo por meio de captura de performance, fazendo do seu Coisa uma figura a ser melhor explorada nos próximos capítulos. O mesmo pode ser dito de Julia Garner, que pouco aparece com a cara limpa, imersa por detrás dos efeitos prateados da viajante das galáxias que interpreta. Agora, curiosa é a abordagem de Joseph Quinn, que se afasta do comportamento exuberante – e até mesmo irresponsável – de Chris Evans ou Michael B. Jordan como Tocha Humana, mostrando-se comportado e pouco rebelde.
Voltando ao conceito de recomeço, importante frisar que Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é ambientado em uma Terra paralela – conhecida como 828 – e, portanto, não se encontra na minha linha cronológica dos eventos já vistos nas produções Marvel. Como se dará essa ligação entre uma realidade e outra? Bom, eis um mistério a ser desvendado. Se o enredo do filme dirigido por Matt Shakman (conhecido até então por seu trabalho em séries como WandaVision, 2021, e Game of Thrones, 2017) é por demais linear – e até mesmo simplista por determinados aspectos – ao mesmo tempo deslumbra com uma direção de arte elaborada e atenta aos detalhes, uma trilha sonora tão reverente quanto motivadora, e uma exploração estética capaz de fazer qualquer olhar mais apurado se encher de graça. Pode ser pouco, mas é apenas o início. E em terra arrasada, qualquer luz no fim do túnel merece ser vista com entusiasmo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Ailton Monteiro | 7 |
Chico Fireman | 6 |
Ticiano Osorio | 7 |
Alysson Oliveira | 4 |
MÉDIA | 6.2 |
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