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Sinopse

Exploradores descobrem novos indícios sobre as origens da humanidade. Na medida em que estudam o passado, eles precisam garantir que exista um futuro para os habitantes da Terra.

Crítica

Em uma das cenas-chave de Prometheus, os personagens de Logan Marshall-Green e Michael Fassbender tem um breve – porém interessante e intenso – diálogo a respeito de seus respectivos criadores. Afinal, os androides (ou formas de vida artificiais, para não ser tão específico) foram criados porque os seres humanos eram capazes disso? E se a resposta for sim, será que os seres humanos também não foram criados pelo mesmo motivo? A discussão – e consequente intersecção – entre ciência e fé move o filme, um retorno triunfal do cineasta Ridley Scott ao gênero que o lançou ao estrelato (é só lembrar de Alien: O Oitavo Passageiro, 1979, e Blade Runner, 1982).

Neste drama de ação repleto de ficção científica, acompanhamos a incursão da nave exploratória Prometheus a um mundo em que, supostamente, viveriam os criadores da raça humana, chamados pela equipe de Os Engenheiros. A trama se passa no final do século XXI (um futuro não tão distante). Os responsáveis pela possível descoberta são os esperançosos Elizabeth Shaw (Noomi Rapace) e Charlie Holloway (Marshall-Green), que lideram a tripulação de 17 pessoas ao lado da incrédula diretora da empresa responsável pelo financiamento, Meredith Vickers (Charlize Theron). Ao lado deles está David (Fassbender), um androide imortal que tem todas as características humanas possíveis – menos uma alma. Aliás, será mesmo? O problema é que nem tudo nesta missão é o que parece ser – inclusive os Engenheiros! Algo que a tripulação não está nem um pouco preparada para lidar...

O lado bom de uma boa história de ficção é saber ser do gênero, mas sem entrar em detalhes que ninguém vai entender (a não ser que seja você tenha um QI elevado ao grau máximo). E talvez este seja um dos pontos em que Scott se mostra mestre. Ora, nós já sabemos que este é um outro mundo, com uma suposta nova raça e com uma tecnologia que não existe na vida real. Precisa acrescentar algo mais? O que move o roteiro é a pergunta: afinal, por quem e por que fomos criados? A resposta pode não ser das mais simples – mas com um questionamento desses, como poderia ser? O resto é uma boa história, que garante momentos de muita tensão, suspense como há um bom tempo não se vê e referências (que não preciso dizer ao que são), além de atuações exemplares de todo o elenco.

Noomi Rapace, que despontou para Hollywood após o sucesso da versão sueca de Os Homens que Não Amavam as Mulheres (2009) e Sherlock Holmes: O Jogo das Sombras (2011), encabeça o elenco, inclusive nos créditos iniciais. Porém, mesmo com uma boa atuação dela, o destaque vai mesmo para Charlize Theron e Michael Fassbender. A atriz sul africana está fantástica. Ela conseguiu a proeza de, em menos de um ano, fazer três bad girls (as outras duas são a asquerosa escritora de Jovens Adultos, 2011, e a bruxa Ravenna de Branca de Neve e o Caçador, 2012) e assim mostrar o quão versátil pode ser. Cada uma dessas “vilãs” é interpretada de diferentes formas. Mas Vickens consegue, disparado, tornar-se alvo de um asco total por sua covardia, petulância e descrença no trabalho sendo realizado.

Fassbender merece (mais uma vez) todos os prêmios que estiver disputando por esse papel. Se por um lado o ator mostra em mínimos trejeitos (inclusive uma forma de se mover um tanto quanto robótica) que é um androide, por outro consegue humanizar este personagem, acrescentando um lado infantil e curioso de David a respeito de um novo mundo. É só reparar em como o androide investiga todos os detalhes à sua frente de forma contida perante a tripulação, mas agindo como um menino que está descobrindo novas experiências quando está sozinho. Também é notável seu interesse pelas emoções humanas, principalmente as de Shaw, a quem ele parece se afeiçoar de alguma forma, chegando inclusive a parecer ter ciúmes. Aliás, a quem se perguntava (como eu) porque o ator estava com aquele cabelo loiro artificial, digamos que é por culpa de um certo Lawrence da Arábia...

A direção de arte e os efeitos especiais são maravilhosos. Das paisagens de um novo mundo à tecnologia que apresenta um DNA vindo direto no seu rosto (graças ao efeito 3D), nada é supérfluo, mas sim embeleza essa história que guarda algumas surpresas (às vezes aterradoras) sobre um clássico de ficção do cinema. Contar mais seria estragar qualquer surpresa. Prepare-se para brigas, mortes, o surgimento de uma nova espécie e, principalmente, o questionamento da fé. E não estamos falando de religião, mas sim naquilo que você mesmo acredita em sua vida. E não estranhe se você querer sair da sala de cinema à procura de um novo mundo...

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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