Crítica
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Sinopse
Jack é incumbido de entregar uma sacola misteriosa a Dragna. Ele recebe instruções de, por hipótese nenhuma, investigar o que está dentro dela. Os dois precisam se encontrar num motel de beira de estrada para a tarefa.
Crítica
Quando os créditos iniciais de uma produção apresentam nomes como John Cusack (astro de filmes que arrecadaram mais de US$ 100 milhões nas bilheterias) e Robert De Niro (ator vencedor de dois Oscars), recomenda-se uma atenção redobrada. Profissão de Risco, no entanto, não justifica em nenhum momento de sua condução o interesse despertado. É de se questionar, portanto, o que teria atraído artistas dessa magnitude a uma obra tão genérica e redundante quanto essa. Afinal, o que temos aqui é um produto sem a menor personalidade que não deverá permanecer na memória de nenhum espectador desavisado que, porventura, vier a se deparar com ele.
Profissão de Risco (não confundir com o thriller homônimo de 2001 estrelado por Johnny Depp e Penélope Cruz) expõe suas diretrizes sem meios termos logo nos primeiros minutos da trama: De Niro é um poderoso bandido (como tantos outros de sua carreira) que contrata um assassino de aluguel (Cusack) para buscar uma mala para ele. O acerto entre eles promete uma alta quantia em dinheiro no momento da entrega, porém com uma condição: em nenhum momento o carregador deverá olhar o que há dentro da valise. Atender ao pedido, no entanto, não será fácil, e as dificuldades começam no momento da busca, quando capangas do próprio chefão tentam dar cabo no encarregado, que revida eliminando-os. Como refúgio, encontra abrigo em um motel de beira de estrada, onde decide passar a noite até descobrir o que fazer em seguida.
A partir desse momento, a trama começa a se assemelhar a de um outro suspense também estrelado por John Cusack: Identidade (2003), em que várias pessoas aparentemente sem ligação alguma entre elas, todas hóspedes do mesmo hotel, passam a ser assassinadas no decorrer de uma noite. Dessa vez, no entanto, estas interferências se darão de forma mais evidente e repetitiva, sem nenhuma sutileza, deixando claro que os vizinhos de quarto, o atendente da recepção e até mesmo o xerife local estão ali apenas para causar mais transtornos ao protagonista. No meio dessa confusão há a prostituta interpretada pela brasileira Rebecca Da Costa (uma modelo que está dando seus primeiros passos em Hollywood – e, pelo que se vê, deverão também ser os últimos). A bela moça de 1,80 de altura (como é constantemente enfatizado pelo texto) é a femme fatale desse noir esquizofrênico, ora ao lado do homem da mala (título original do filme) em busca de ajuda, ora seguindo seus passos individuais, deixando claro possuir uma agenda própria.
Exibido por apenas duas semanas nos cinemas norte-americanos e lançado na maioria dos países ao redor do mundo diretamente em DVD, Profissão de Risco ganhou a oportunidade de ser conferido nos cinemas nacionais graças à participação da atriz conterrânea, que percebe-se só ter conseguido o papel graças a amizade que nutre com o diretor de primeira viagem David Grovic (os dois chegaram a fazer outros trabalhos juntos, pois ele também é ator). Mas ela – que no filme interpreta uma israelense (!) – não tem boa dicção nem segurança em cena, deixando claro não estar à altura do que a personagem exige. Sua participação serve apenas para aumentar a insatisfação do espectador em relação ao que está acontecendo, visto que sua presença é desprovida de mistérios e em nenhum momento chega-se a acreditar em um eventual acaso que justifique seu envolvimento.
A despeito da competência habitual de Cusack e da performance divertida de De Niro, nada mais funciona em Profissão de Risco. Os diálogos são constrangedores (pérolas como “o inevitável não precisa ser iminente” ou “como esquecer o que já sei?” são proferidas sem a menor vergonha), a fotografia é amadora e o roteiro, que copia descaradamente uma das conclusões mais traumáticas do cinema moderno, frustra pela obviedade e falta de criatividade. E se nem como passatempo ligeiro parece funcionar, o que esperar quando há uma expectativa ao redor? Até poderia ser considerado descartável, caso fosse inofensivo, mas a reciclagem é tão evidente e descarada que somente o embaraço pode resultar aos envolvidos. Em ambos os lados da tela.
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