Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar
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Joachim Rønning, Espen Sandberg
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Pirates of the Caribbean: Dead Men Tell No Tales
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2017
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EUA
Crítica
Leitores
Sinopse
O terrível Salazar é a novo inimigo do capitão Jack Sparrow. Ele lidera um exército de fantasmas assassinos e está disposto a matar todos os piratas existentes na face da Terra. Para escapar, Sparrow precisa encontrar o Tridente de Poseidon, que dá ao seu dono o poder de controlar o mar.
Crítica
É preciso fazer um exercício quase arqueológico para entender como uma saga como Piratas do Caribe persiste até hoje, quatorze anos após o lançamento do primeiro episódio. Quando Piratas do Caribe: A Maldição do Pérola Negra (2003) chegou aos cinemas, Johnny Depp era um ator cultuado apenas por alguns cinéfilos mais inveterados, cujo maior sucesso de bilheteria até aquele momento era um dos filmes menos admirados de sua parceria com Tim Burton – A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça (1999) – enquanto que Orlando Bloom e Keira Knightley eram dois novatos que recém começavam a chamar atenção, ele na trilogia O Senhor dos Anéis, ela na comédia independente Driblando o Destino (2002). De lá pra cá muita coisa mudou, Depp e Keira acumularam indicações ao Oscar, os três estrelaram outros sucessos de público e também amargaram alguns tantos fracassos. É por isso, portanto, que parece lógico vê-los reunidos mais uma vez no quinto capítulo da série, Piratas do Caribe: A Vingança de Salazar, mesmo que esse pareça mais uma reedição do longa original e menos uma nova etapa na mitologia dos personagens.
Inspirado em um dos parques de diversão menos interessantes da Disneylândia – afinal, é apenas um passeio de barco de onde é possível observar estátuas de cera no estilo Madame Tussauds – a franquia Piratas do Caribe foi concebida para servir ao estrelato de Bloom e Knightley – Depp foi quase um acidente que, no entanto, acabou roubando o show para si, tanto que foi indicado ao prêmio da Academia como Melhor Ator. Em O Baú da Morte (2006) e No Fim do Mundo (2007), a participação dos jovens foi sendo gradualmente reduzida, ao ponto de nem serem chamados para quarto título da cronologia, Navegando em Águas Misteriosas (2011). Curiosamente, estes são os mais bem-sucedidos financeiramente – os capítulos dois e quatro chegaram a ultrapassar a marca do US$ 1 bilhão ao redor do mundo. No entanto, nos seis anos que separam os dois últimos, Johnny Depp se transformou em um veneno de bilheteria, indo da condição de astro a amaldiçoado após desastres como O Cavaleiro Solitário (2013) e Mortdecai: A Arte da Trapaça (2015), entre outros. Voltar ao seu personagem de maior popularidade, portanto, faz sentido. É de se lamentar, entretanto, que o roteiro escrito por Jeff Nathanson (Prenda-me se for Capaz, 2002) não faça jus ao seu histórico. Afinal, o que vemos em A Vingança de Salazar é mais uma vez Jack Sparrow como coadjuvante de luxo de dois recém-chegados.
Os protagonistas, portanto, são Henry Turner (o inexpressivo Brenton Thwaites) e Carina Smyth (uma intensa Kaya Scodelario, com ares que lembram uma jovem Nicole Kidman). Ele é filho de Will Turner (Bloom), e quer livrar o pai de uma maldição que o mantém no fundo do mar a bordo do Holandês Voador. Ela, por sua vez, é acusada de bruxaria por acreditar em astronomia e busca desvendar o “mapa que nenhum homem pode ler” lhe deixado pelo próprio pai, cuja identidade desconhece. A solução, tanto do problema dele quanto do dela, está no mítico Tridente de Posseidon, o deus dos Mares. Mesmo artefato, aliás, procurado tanto por Jack Sparrow (Depp) quanto por seu inestimável arqui-inimigo, o Capitão Barbossa (Geoffrey Rush, ainda afiado). O que os dois querem com a preciosidade é acabar com outro feitiço, no caso do primeiro, e recuperar o controle dos mares, de acordo com o segundo. E ambos só atingirão esses objetivos eliminando um inimigo em comum: o fantasmagórico Salazar (Javier Bardem, divertindo-se no clichê latino), que se encontra nesta condição graças a uma bravata de Sparrow na juventude.
Os noruegueses Joachim Ronning e Espen Sandberg chegaram a ser indicados ao Oscar como Melhor Filme Estrangeiro por A Aventura de Kin Tiki (2012). O que pouca gente lembra, no entanto, é que antes disso eles já andavam por Hollywood, tendo estreado com o risível Bandidas (2006), faroeste feminino estrelado por Salma Hayek e Penelope Cruz. Eles substituem Gore Verbinski e Rob Marshall, diretores dos longas anteriores, entregando uma condução genérica, que se por um lado não se prende em muitos detalhes (o que é positivo), por outro carece de maior foco na narrativa (o que nunca é um bom sinal). Há tantas reviravoltas e pseudo-clímaxes que chega a cansar até mesmo o espectador mais interessado. Jack perde a sua tripulação umas duas ou três vezes, Henry e Carina se apaixonam e se afastam repetidamente, Salazar volta e meia interrompe tudo para contar as origens da sua condição amaldiçoada, Barbossa uma hora está do lado de um, para logo no seguinte se revelar apoiando outro. Vai-se da terra firma para o alto-mar, para logo adiante almejar uma ilha até que um navio surja literalmente do bolso e empenha-se novamente pelos oceanos, em lutas de espada e bombas de canhão capazes de manter seu interesse somente até certo ponto, sendo invariavelmente abatidas pela repetição e exagero.
E se falta coesão à narrativa, há também um descuido com os personagens. Um bom exemplo é o próprio Jack Sparrow – se o responsável pelo destino trágico de Salazar fosse Barbossa, por exemplo, todo o resto funcionaria exatamente igual, e Johnny Depp nem precisaria ter sido convidado para este filme. Afinal, tudo o que ele faz é dizer uma ou outra tirada pouco inspirada, tendo apenas um único momento de fato hilário – a sequência da guilhotina é impagável! Bardem e Rush, provavelmente os dois melhores atores do elenco, são desperdiçados sem muita cerimônia – o primeiro nada mais é do que um arquétipo, enquanto que o segundo, ao menos, ganha um desfecho digno de sua trajetória. Mas nada mais incômodo do que os dois protagonistas genéricos – Thwaites e Scodelario, em última análise, são tão marcantes quanto Sam Claflin e Astrid Bergès-Frisbey foram como o casal jovem de Navegando em Águas Misteriosas.
Com um Johnny Depp subaproveitado, um Javier Bardem quase irreconhecível (ele só deve ter aceitado esse projeto por insistência de sua esposa, Penélope Cruz, destaque no longa anterior) e uma trama circular que dá muitas voltas, mas pouco avança, resta apenas o sentimento de uma diversão passageira, tal qual uma montanha-russa ou um videogame, dividido em fases em busca de entretenimento rápido e pouco memorável. E quanto às expectativas pelo retorno de Orlando Bloom e Keira Knightley, é bom avisar que ele aparece apenas em dois momentos, enquanto que ela apenas mostra o rosto, sem ter uma única fala. Resta, no entanto, a esperança depositada na cena pós-créditos, que dá a entender que talvez os dois venham a ter um envolvimento mais relevante na próxima sequência, já confirmada pelos produtores. E, quem sabe, até lá Piratas do Caribe volte a ser um bom passatempo, algo que A Vingança de Salazar tenta a todo instante alcançar, porém em poucas passagens parece, enfim, acertar o alvo.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Yuri Correa | 3 |
Rodrigo de Oliveira | 4 |
Bianca Zasso | 6 |
Matheus Bonez | 4 |
MÉDIA | 4.6 |
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