Crítica
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Sinopse
Max vive numa metrópole, mas evita se expor à luz do sol e ao contato com as demais pessoas. Gênio matemático, ele constrói um supercomputador que lhe permite descobrir o valor completo do Pi e os mistérios da existência humana.
Crítica
Pi (para quem não entendeu, o nome do filme se refere ao símbolo matemático de valor impreciso, representado aproximadamente por 3,14) é um filme curioso e bastante singular, certamente indicado para públicos muito específicos. O primeiro trabalho do diretor Darren Aronofsky é uma alucinação kafkaniana, assustadora e confusa, que tem o mérito de causar uma sensação incômoda e angustiante de claustrofobia semelhante à vivida pelo protagonista, Max Cohen (Sean Gullette, co-autor do roteiro ao lado do diretor). Uma jornada pelos extremos da Matemática, tendo como ponto de vista uma posição íntima e absurdamente reveladora da forma de pensar de um profissional que vê sua vida sendo consumida por uma obsessão fora de controle.
Max é um matemático genial que dedica todo o seu tempo a pesquisar do valor real do Pi. Segundo ele, há padrões por toda a parte no universo – com exceção do Pi. Suas pesquisas acabam atraindo a atenção de grupos distantes entre si, como investidores da Bolsa de Valores e fanáticos religiosos. Isso acontece porque acreditam estar na possível resposta que Max tanto anseia a solução para os problemas da humanidade, desde a previsão de como o Mercado irá se comportar amanhã até o verdadeiro nome de Deus. Max, no entanto, só quer que sua dor de cabeça diminua e que seu trabalho dê resultados.
Ao invés de usar recursos mais facilmente reconhecíveis, como os empregados por Ron Howard no oscarizado Uma Mente Brilhante (2001), por exemplo, o conflito matemático apresentado em Pi se revela, aos poucos, mais intimidante do que se poderia imaginar num primeiro momento, graças à mão habilidosa de Aronofsky. Acompanhando de perto cada passo do seu personagem principal, somos convidados a nos envolver com seus tormentos, suas instabilidades e incertezas. Às vezes é um só sinal contrário, um algarismo que falta ou um passo necessário que deixa de ser dado, e tudo perde seu valor. As alucinações começam a surgir indiscriminadamente, e nada mais é o que antes parecia ser. A matemática, neste ponto, assume a grande questão: seria ela, de fato, uma ciência exata? Essa é uma pergunta que lateja durante todo o desenrolar da trama, e que nos acompanha por muito tempo após o seu término.
Não há respostas fáceis em Pi, e esse talvez seja um dos seus maiores méritos. Filmado em preto e branco e com uma câmera nervosa que deixaria os seguidores do Dogma 95 com inveja, os 85 minutos de ação são puro martírio, mas uma prova que é gratificada diante de um trabalho original e representativo da cena independente norte-americana. Premiado nos festivais de Sundance (Melhor Diretor) e no Independent Spirit Award (Melhor Roteiro), entre outros, teve, relativamente, um desempenho excelente nas bilheterias norte-americanas, onde estreou em 1998 em apenas uma sala em Nova York, passando logo em seguida para mais 8, e arrecadando, no total mais de US$ 3 milhões de dólares – o que, diante o seu custo de apenas US$ 60 mil, é um feito e tanto. Tal desempenho serviu ainda para abrir as portas de Hollywood para o seu realizador. Um começo cheio de estilo e propriedade, apontando para um estilo que os anos seguintes felizmente confirmaram.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 8 |
Chico Fireman | 6 |
Ailton Monteiro | 6 |
Alysson Oliveira | 5 |
Carlos Helí de Almeida | 5 |
MÉDIA | 6 |
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