Crítica
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Sinopse
Durante a noite de Halloween, um grupo de amigos começa a ser perseguido por um assassino mascarado em um parque de diversões temático. O mais terrível é que todas as atrocidades cometidas pelo criminoso são praticadas na frente do público alienado presente no local. Eles acreditam que tudo faz parte do “show”, ignorando os pedidos de socorro dos jovens.
Crítica
No slasher, esse subgênero do horror tão prolífico nos anos 80, são comuns os assassinos seriais desalmados, monstros sem coração perseguindo adolescentes de hormônios fervilhantes até sangra-los impiedosamente. Também é caro ao filão o protagonismo de uma menina aparentemente virtuosa cercada de amigas supostamente pecadoras por todos os lados. Portanto, não é que Parque do Inferno seja apenas genérico, pois o anacronismo se torna gritante, da concepção ao desenvolvimento do enredo que se passa num parque de diversões macabro. Se na década mencionada não era considerada chula essa visão moralista e medíocre das pessoas então assoladas por um mal inominável, atualmente, por conta da conscientização de certas distorções sociais perpetradas por séculos, é difícil engolir um longa-metragem com esses posicionamentos altamente questionáveis. Se, ao menos, houvesse um saboroso tempero formal, aliás, como se via aos baldes até em produções bagaceiras do cinema estadunidense de outrora, o resultado seria menos bobo.
Na sequência do prólogo sangrento que dá o tom do filme, chega Natalie (Amy Forsyth), jovem com ares de “bela, recatada e do lar”, ao contrário das demais mulheres do grupo, ruidosas e dispostas prontamente a se entregarem ao desejo por seus ficantes/namorados. Pois bem, após todo o lengalenga sobre um rapaz – também desenhado como um tipo "comportado", daqueles que mães tradicionais gostariam de ter como genro –, ela se dirige à atração mais comentada da cidade, o parque de diversões que capitaliza sobre o Halloween alardeando experiências extremas com de medo. Desse ponto em diante, a exploração do trabalho da direção de arte monopoliza Parque do Inferno, com os personagens passeando por espaços pseudo-aterrorizantes, uns com criaturas tão falsas quanto em qualquer lugar do tipo, outros dotados de penduricalhos, estátuas e figurantes que possivelmente provocariam uma experiência (in)tensa de verdade. Ao invés de focar no enredo, o cineasta Gregory Plotkin sobrecarrega a relevância do cenário, logo caindo no vazio.
Parque do Inferno mostra um assassino serial incógnito no encalço de Natalie depois que ela, pensando presenciar um número veraz do local, incita a morte de uma menina aos prantos. Aliás, é a única sequência de valor neste filme absolutamente sem sabor, desgastado pela incapacidade diretiva de utilizar os elementos terríficos a favor da construção de situações genuinamente inquietantes. O decurso mostra esse estranho, cuja identidade é ocultada pela máscara deformada, na cola da protagonista e dos colegas, matando-os paulatinamente nos labirintos e corredores com ares de mal-assombrados. Gavin (Roby Attal), o tal interesse amoroso um tanto tímido e, claro, menos “atirado” que os amigos, é vítima de uma dinâmica totalmente signatária do slasher oitentista, punido em seu único e ordinário momento de contravenção. Para além de qualquer referência aos cânones do gênero, há um moralismo mal disfarçado na escolha das mortes. Todavia, o cheio de naftalina é menor que a inércia e o aborrecimento dela oriundo.
Para se ter uma ideia da inépcia de Parque do Inferno, no que tange à sua construção cinematográfica enquanto exemplar de horror, nem a cena de alguém sendo perfurado lentamente no olho, algo que tende a gerar doses de angústia, causa impacto considerável. O filme é uma sucessão de entradas e saídas em ambientes cenograficamente elaborados, mas que não perdem a aura de brincadeira. O contraste que poderia ser gerado por matanças literais é enfraquecido pela inabilidade de Gregory Plotkin a fim de explorar as potencialidades das circunstâncias, para colocar o seu matador sem nome e identidade no roll dos icônicos que o precederam. Falta substância e até coerência em determinados instantes, como quando o vilão bate no rosto da protagonista, supostamente a fazendo desmaiar (vide o fade out que interrompe abruptamente a câmera subjetiva). Em seguida a vermos correndo, livre de seu perseguidor e disposta a ajudar a amiga ferida. Em suma, tão esquecível quanto sem personalidade.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Marcelo Müller | 2 |
Roberto Cunha | 4 |
MÉDIA | 3 |
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