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Sinopse

Durante uma viagem improvisada à Europa para curar um coração partido, o professor de matemática Frank Tupelo se vê em uma situação extraordinária quando uma estranha sedutora, Elise, cruza seu caminho. A paquera, aparentemente inocente, se transforma em um perigoso jogo de gato e rato.

Crítica

Quem não quer se apaixonar em Veneza? Pois é isso que acontece entre Angelina Jolie e Johnny Depp em O Turista. Pena que essa imagem, tão bonita e romântica, tenha resultado num filme previsível e tedioso. Nada é espontâneo ou carismático no longa dirigido pelo cineasta alemão Florian Henckel Von Donnersmarck, vencedor do Oscar pelo instigante A Vida dos Outros (2006). Todos os envolvidos estão apenas protocolares, e é justamente esse o maior problema dessa produção: fossem outros os créditos, talvez até passasse desapercebida essa ‘ruindade’. Porém, com tantos nomes de destaque no cartaz, a expectativa não tinha como não ser altíssima. E quanto maior se é, maior é a queda.

O Turista é o tipo de filme que nas mãos de um mestre seria considerado uma “obra menor”, porém divertida e merecedora de uma atenção mais cuidadosa, “pois certamente teria significados ocultos, não óbvios, e só por isso já valeria a pena”! Nos remete diretamente aos deliciosos Ladrão de Casaca (1955), de Alfred Hitchcock, e Charada (1963), de Stanley Donen. Mas Donnersmarck está longe de pertencer à mesma categoria destes citados. Apesar do seu longa anterior ser realmente marcante, dessa vez ele erra a mão de forma muito feia. Teria se deslumbrado com os seus dois astros protagonistas ou com a beleza da cidade italiana? Com certeza as duas coisas, e ainda mais.

A trama, em sua sinopse, já é previsível suficiente. Na tela, então, fica ainda mais descartável. Senão, vejamos: um mulher estonteante e linda é perseguida pela polícia britânica e por mafiosos russos, ao mesmo tempo. O motivo? Só ela pode ligá-los a um golpista internacional, que deve fortunas em impostos aos primeiros e roubou outros milhões dos segundos. O homem procurado, Alexander Pierce, fugiu há anos, fez uma cirurgia plástica e hoje ninguém conhece seu rosto. Mas como ela foi amante do cara, deve ajudar nesse processo. No trem de Paris a Veneza, ela escolhe um desconhecido qualquer para usá-lo como ‘laranja’, para enganar quem a persegue e agindo como se o tal turista inocente fosse o homem que todos procuram. É claro que os dois irão se apaixonar enquanto estão juntos. E mais óbvio ainda é o fato da identidade secreta do ladrão não ficar escondida por muito tempo.

O Turista é o tipo de filme que funcionou muito bem até o fim dos anos 90, quando nomes estelares no cartaz eram suficientes para garantir boas bilheterias. Angelina Jolie e Johnny Depp são alguns dos maiores astros de Hollywood no momento. Como um filme com os dois poderia dar errado? Simples: hoje em dia o público não se interessa mais em vislumbrar artistas – isso é feito diariamente nas revistas de fofoca e, principalmente, na internet. O que o espectador quer, agora, é uma experiência nova, e isso se consegue de duas formas: com tecnologia (o atual sucesso do 3D é prova disso) ou com uma boa história. E esse filme não possui nem um, nem outro. Angelina está linda, Depp está apático, a química entre os dois é inexistente, a trama não envolve e o mistério não se sustenta. Receita de fracasso? Pode apostar!

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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