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Sinopse

A primeira batalha entre os humanos e a inteligência artificial da empresa SkyNet está prestes a ocorrer. Na intenção de eliminar John Connor, um dos líderes dos humanos, as máquinas enviam um novo ciborgue exterminador em seu encalço: T-X. Para protegê-lo mais uma vez o ciborgue T-800 volta à cena.

Crítica

De acordo com o que é visto na tela durante esse novo trabalho, Arnold Schwarzenegger pode passar o resto dos seus dias interpretando o exterminador T-800 nas continuações de O Exterminador Do Futuro (1984), uma das séries mais emblemáticas da história do cinema moderno. Ou abandonar tudo de vez - o mais provável de acontecer, mesmo - e investir fundo na carreira política. Afinal, se o primeiro episódio redefiniu o conceito de “ação para as massas” acrescentando algum conteúdo – mesmo que raso – por trás de toda aquela correria, foi o segundo que realmente marcou, inaugurando uma nova era para os efeitos especiais na sétima arte. O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas, entretanto, se não tinha tanto potencial como os anteriores, ao menos não faz feio: continua pouco original e inovador, investindo em terreno seguro com uma trama literalmente igual a dos anteriores – um robô assassino é enviado do futuro para o nosso presente para matar o provável líder da rebelião humana que irá acabar com o controle das máquinas e salvar os humanos anos depois, ao mesmo tempo em que outro robô, menos capacitado, é enviado para proteger o pobre mortal ainda desconhecedor de todas as suas responsabilidades futuras.

Na virada do século XXI, a situação estava feia para os heróis de plantão em Hollywood. Aquele pessoal que estávamos acostumados a ver duas ou até três décadas antes salvando sozinhos o mundo com uma mão nas costas não eram mais os mesmos. Sylvester Stallone parecia destinado a fazer sempre as mesmas sequências; Jean-Claude Van Damme enfrentava problemas com drogas; e Bruce Willis ainda lutava para se reinventar enquanto astro. E o que dizer do maior deles, Arnold Schwarzenegger? Após uma série de fracassos, parecia decidido a investir num terreno seguro com esse O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião Das Máquinas, continuação de seu maior sucesso. Escolha acertada? Por um lado sim, pois o filme passou sem grandes ataques pela crítica e foi recebido com carinho pelos fãs, sendo o segundo da série de maior bilheteria até aquele momento, com mais de US$ 430 milhões arrecadados em todo o mundo. Mas por outro lado foi o último trabalho nas telas do astro antes de 'abandonar' (ainda que temporariamente) a carreira ao se eleger Governador da Califórnia, nos EUA.

Mesmo com pouca ousadia, o diretor Jonathan Mostow (Breakdown: Implacável Perseguição, 1997), aqui substituindo o idealizador da série, James Cameron, responsável pelos dois primeiros filmes, consegue apresentar um produto típico para grandes platéias, com muita ação, sequências eletrizantes e momentos de muita adrenalina, que deixam o espectador “grudado” no assento sem conseguir respirar. Ao mesmo tempo, porém, há poucas novidades em relação aos demais projetos similares – como os Matrix, heróis de hq’s ou panteras rebeldes – sem acrescentar realmente algo novo ao imaginário popular.

Os méritos do filme, é importante destacar, estão no elenco competente – Schwarza fazendo o que sabe fazer como ninguém (é impressionante notar como, quase 20 anos depois, ele continua igual e em plena forma física), atores mais cerebrais, chegados à produções independentes e artísticas, como Nick Stahl (John Connor, o líder da revolução), e Claire Danes (Kate Brewster, a segunda em comando), em desempenhos viscerais, e o surgimento de uma novata, a ex-modelo Kristanna Loken, que surge como a mortal Terminatrix (ou T-X) num desempenho mais do que adequado.

Tudo isso, claro, de nada importaria se não fosse a direção mais do que segura de Mostow, que de modo hábil e competente consegue recriar esse universo batido com um desenvolvimento correto – há repetições dentro do próprio filme, como as duas perseguições automobilísticas (a primeira já tinha ficado tão boa, pra que uma segunda?) – e boas doses de humor (é bom saber rir de si próprio, com citações e referências aos episódios anteriores, como a piada do óculos do T-800 no começo do filme e a aparição do personagem do Dr. Silberman, que cuidava de Sarah Connor em O Exterminador do Futuro 2: O Julgamento Final (1992) e que faz uma pequena participação dessa vez tentando consolar a mocinha), além de conseguir desenvolver um final muito bem bolado.

Do jeito que está – a versão exibida nos cinemas brasileiros era menor do que a norte-americana, com cerca de 20 minutos a menos – O Exterminador do Futuro 3: A Rebelião das Máquinas parece mais um trailer, um prólogo de uma nova série, abrindo espaço para novas continuações. Como bem sabemos, não foi bem isso que aconteceu. Afinal, enfim temos algo do futuro que nenhum exterminador precisaria revelar, já que no jogo de Hollywood as cartas nunca são muito difíceis de serem adivinhadas.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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