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Sinopse

Sonny Kapoor tenta encontrar tempo para expandir os negócios enquanto se prepara para o casamento com Sunaina. O Hotel Marigold tem lotação praticamente esgotada e ele precisa de uma outra propriedade para receber todos os hóspedes.

Crítica

Qualquer filme que se dê ao luxo de ter no elenco nomes como Maggie Smith, Judi Dench e Bill Nighy já sai com muitos pontos de vantagem. Agora, quando ao lado destes veteranos estão astros como Dev Patel e Richard Gere, todos sob o comando de um profissional experiente como John Madden, as expectativas vão às alturas. E é possível que seja justamente este o problema de O Exótico Hotel Marigold 2, inesperada continuação do sucesso de 2011. Ao contrário do filme anterior, lançado sem pretensão alguma, este chega aos cinemas com todas as atenções ao seu redor – afinal, não é todo dia que vemos o início de uma franquia cujos protagonistas são, em sua maioria, octogenários. Mas se o clima tranquilo e até mesmo ingênuo do primeiro longa meio que se perdeu no caminho, ao menos temos o prazer de nos encontrar mais uma vez com atores de um nível acima da média em uma história que, se não chega a ser surpreendente, ao menos também não provoca maiores constrangimentos.

Mais do que uma nova história com os mesmos personagens no cenário já conhecido, O Exótico Hotel Marigold 2 é literalmente uma continuação dos eventos mostrados em O Exótico Hotel Marigold (2011). Quando os vimos pela última vez, duas situações haviam ficado em suspense: o noivado de Sonny (Patel) e Sunaina (Tina Desai) e o resgate das finanças do Hotel Marigold pelas mãos da rabugenta Muriel (Smith). Bom, são exatamente estes dois assuntos que dominam a ação neste novo filme. Logo no início, para mostrar algum avanço, Sonny e Muriel estão em Los Angeles para se encontrarem com investidores em potencial, liderados por David Strathairn (o ator certamente devia ter um papel maior, mas acaba sendo subaproveitado). A ideia deles é ampliarem seus serviços, abrindo um Segundo Exótico Hotel Marigold (o título original do longa).

A partir dessa premissa – de que um analista anônimo será enviado até o hotel para avaliar a proposta – a trama principal se constrói. Isso porque, enquanto registram uma nova hóspede um tanto fora dos padrões (Tamsin Greig, de Todo Mundo Quase Morto, 2004) – afinal, ela é muito nova para a média dos que frequentam o estabelecimento – outro visitante chega de surpresa: Guy Chambers (Richard Gere, em ponto morto), que alega estar ali em busca de paz e tranquilidade para realizar um antigo desejo de se tornar escritor. Só que ao invés de escrever um livro, ele encontrará outro sonho: a mãe do próprio Sonny! E enquanto lidam com o mistério de sua verdadeira identidade, há ainda os preparativos do casamento, entre encontros com os sogros, ensaios e, é claro, o ciúmes que surge com a visita de um antigo amigo da noiva.

Com um grupo tão amplo de atores, seria um desperdício se as verdadeiras estrelas ficassem restritas a uma participação coadjuvante. Então há uma miríade de tramas paralelas: a paixão platônica entre Douglas (Nighy) e Evelyn (Dench), a descoberta dessa de uma nova profissão aos 79 anos, a volta da ex-mulher dele (Penelope Wilton), as suspeitas de traições entre o casal Norman (Ronald Pickup) e Carol (Diana Hardcastle), ou quem será o novo marido de Madge (Celia Imrie). Claro que são apenas desculpas para vê-los em cena, com o charme e a competência habitual, pois são argumentos que não chegam a representar grandes conflitos e nem interferem uns nos outros. Não há grandes solavancos nem surpresas, e se o resultado é um tanto previsível, muito se deve ao fato de que aqui é mais importante o caminho do que o destino.

Dois pontos, no entanto, são mais problemáticos. O primeiro é Maggie Smith, que tinha uma participação fundamental no primeiro filme, agora é quase uma peça de decoração, limitando-se a dizer algumas frases de efeitos na mesma linha das tão bem exploradas no seriado Downton Abbey (2010-). Por outro lado, Patel está muito solto em cena, com trejeitos e expressões exageradas, aparentemente perdido. Madden, imaginando que poderia agir com ele do mesmo modo que se comporta com os demais atores – todos experientes e conscientes de suas habilidades – o deixa sem uma condução mais rígida, e isso termina por prejudicar seu desempenho. Mais ou menos o reflexo de todo o filme: espera-se que flua por conta própria, como se apenas por juntar as peças certas o resultado já estivesse garantido. No entanto, é preciso mais, como bem sabemos. E entre toques mais sensíveis e clichês descarados, tem-se um programa simpático, mas não mais do que isso.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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