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Sinopse

Cinco mulheres e um homem formam um grupo de leitura dedicado a estudar os trabalhos da autora do século 19, Jane Austen. Enquanto cada um deles passa por desafios diferentes, eles encontram semelhanças inesperadas e sabedoria nas páginas da graciosa prosa da escritora.

Crítica

Em um mundo onde o computador domina o dia a dia das pessoas, é difícil imaginar que alguém ainda pare para ler livros em meio à dias tão corridos e sempre cheios de prioridades. Quando você é adolescente são as provas da escola, o jogo de futebol, o curso de inglês, o namorado, etc. Depois, você cresce um pouco e a faculdade toma tanto tempo quanto a escola - e, pra piorar, esse tempo tem que ser dividido com o estágio. Na vida adulta temos que nos dividir entre o sucesso profissional, o casamento, os filhos, os netos... E aí, quem sabe, será possível ler um livro a cada dois meses! Ufa! Realmente, viver nos anos 2000 não é fácil! Se, há vinte anos, a personagem de Jessica Lange em Tootsie (1982) já dizia que não era fácil ser mulher nos anos 1980, imagina agora! Pois bem, é justamente sobre esses dois assuntos que O Clube de Leitura de Jane Austen vem falar.

Este filme independente foi aclamado pela crítica por onde passou, e é justamente aquele tipo que nos agrada profundamente assistir. É como ler um livro e se transportar praquele universo onde seres humanos completamente diferentes co-habitam uns com os outros e ainda conseguem ter uma relação de verdadeira amizade. A história aqui começa com a morte de um dos muitos cães de criação de Jocelyn, interpretada pela excelente Maria Bello, uma mulher solteira beirando os quarenta e que está convicta de que seus cachorros são melhor companhia que qualquer outro homem. A partir daí somos apresentados para mais quatro mulheres. A primeira, Bernadette, é uma senhora divertida, super moderna e que já passou por cinco casamentos. Depois vem Sylvia, dona de casa que acaba de ser abandonada pelo marido e que é mãe de Allegra, pré-adulta e orgulhosamente lésbica. A quarta mulher, Prudie, não faria parte do grupo não fosse por Bernadette, que a conhece na fila de uma sessão de filmes baseados na obra de Jane Austen, e, conversando com essa estranha, se dá conta de que o que une todas essas mulheres com problemas pessoais é justamente a paixão pelas histórias da escritora icônica que traduz o universo feminino para os livros da forma mais apaixonante e verdadeira possível.

É com esse gancho que Bernadette decide iniciar um clube de leitura onde a cada mês as mulheres se reunirão em  um lugar diferente pra colocar na mesa a discussão de um dos livros. Cada uma delas fica encarregada de tocar uma das reuniões e um livro diferente. Só que o problema é que são seis livros e apenas cinco mulheres, por isso cada uma delas parte em uma missão para encontrar a sexta pessoa. E é aí que entra Grigg, um jovem bonitão viciado em ficção científica e que NUNCA ouviu falar de Jane Austen, uma afronta às mulheres, porém um ótimo partido para animar a recém divorciada Sylvia!

Com o início dos trabalhos, o clube começa a descobrir novos cantos das histórias de Jane Austen e também novas facetas da personalidade de cada um dos integrantes, em reuniões alegres e às vezes sofridas que provavelmente levarão cada uma dessas pessoas à redenção ou à destruição. A verdade é que essa história fala sobre como devemos nos redescobrir todos os dias e lutar contra as coisas que nos incomodam nesse mundo tão individualista. Afinal, pensando sempre no “macro” é mais fácil de viver o “micro”.

Esse filme, assim como Amigas com Dinheiro (2006), é um dos poucos dessa mesma época a nos jogar dentro da vida real, nos coloca num lugar que inicialmente pode ser desconfortável por justamente ser muito parecido com nossas próprias vidas, mas que aos poucos nos mostra um caminho agradável a se trilhar. Creio que o uso dos livros nesse caso é uma verdadeira metáfora para pular psicólogos e psiquiatras e discutir os problemas pessoais através da vida de cada uma das personagens das obras literárias. Afinal, os problemas ali colocados são tão atuais quanto o blackberry, apenas em uma linguagem mais antiga. Então, qual seria a dificuldade de se identificar? A verdade é que não há como não se encontrar com esse delicioso filme, que serve pra homens e mulheres, pois não é mais um longa bobinho feminista, mas uma obra que fala direto com os sentimentos humanos, e esses não tem sexo. O Clube de Leitura de Jane Austen é uma obra a ser saboreada ao lado de amigos. É alimento pra alma, um ano de análise em duas horas de filme, é a redenção... Aproveite!

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Jornalista, trabalha na indústria da moda e entretenimento. Após experiências em renomadas agências internacionais como Ford Models e Marilyn Agency, atualmente está na Elite Models, em Nova York, Estados Unidos. Como jornalista produziu matérias de capa para revistas como Vogue, L'Officiel, Empório e Spezzato e para o site de estilo de vida brasileiro IG Gente. Aqui o autor pretende mostrar o seu ponto de vista sobre o que acontece no mundo da sétima arte em terra estrangeira.
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