O Acordo

Crítica


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Sinopse

O filho de um homem é sentenciado a 10 anos de cadeia por envolvimento com drogas. Para reduzir a sentença do garoto, que foi acusado injustamente, o pai concorda em atuar infiltrado em um cartel de drogas para derrubar um narcotraficante.

Crítica

Todo ator de Hollywood que desponta para a fama marcando sua presença como o brutamonte da hora terá um momento em sua carreira em que, ou se diversifica, ou cairá no esquecimento. Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Vin Diesel… todos passaram por isso. E com Dwayne Johnson, que ficou conhecido primeiro como astro de luta livre sob o apelido de The Rock, a situação não foi diferente. Mas engana-se quem pensar que ele está dando somente agora estes passos em outras direções. Suas participações em produções como Agente 86 (2008) e Viagem 2 (2012) já davam indícios de uma vontade de ousar ser diferente. Mas nunca essa intenção ficou tão evidente como em O Acordo, um drama baseado em fatos reais em que o protagonista precisa não só ser bom de braço, como também explorar até então insuspeitos potenciais dramáticos.

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Johnson entra em cena como John Matthews, um pai de família feliz no segundo casamento e proprietário de uma empresa de transportes. Seu mundo vem abaixo quando o filho mais velho, da primeira esposa, é preso por porte de drogas. Na verdade, o garoto – Rafi Gavron, de Fuga Implacável (2012) – foi enganado por um suposto amigo, que o colocou numa emboscada para livrar a própria cara. Sem preparo nenhum para encarar uma temporada de dez anos atrás das grades, o rapaz terá como única esperança o pai, até então distante e ausente, mas nunca menos preocupado. A solução encontrada será se aliar à uma procuradora federal (participação luxuosa de Susan Sarandon) e, com o apoio do agente Cooper (Barry Pepper), se infiltrar num complicado esquema ilegal de tráfico. A proposta é simples: caso consiga facilitar a captura de um dos líderes contraventores da região, seu filho poderá ter a pena atenuada – talvez, quem sabe, até perdoada.

O Acordo começa como uma história bastante convencional, tendo como cenário os subúrbios de uma grande cidade americana, com pessoas levando suas vidas normalmente, sem nada de extraordinário. O que aconteceu fora do comum, no entanto, foi como um homem, sem preparo nem experiência, conseguiu levar uma iniciativa como essa adiante, arriscando o próprio pescoço a todo instante, em nome de uma família que, mesmo não sendo mais a atual, ainda fazia parte da sua vida. O diretor Ric Roman Waugh, em seu terceiro trabalho atrás das câmeras, revela que a ampla experiência como dublê em longas como O Vingador do Futuro (1990) e Hook: A Volta do Capitão Gancho (1991) lhe serviram para alguma coisa, e com essa bagagem demonstra eficiência em desenvolver uma trama que equilibra à contento momentos tensos e pessoais com outros de pura adrenalina. A sequência final, por exemplo, em plena autoestrada, é de deixar qualquer um sem piscar.

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Ainda que seja notório o desconforto de Dwayne Johnson nas cenas com maior carga emocional, ele aproveita com vontade o que O Acordo tem para lhe oferecer. O resultado é um filme competente dentro de suas limitadas ambições, que não irá mudar a vida de ninguém, mas que deverá garantir duas horas de entretenimento adulto e envolvente. Comprovado pelo bom resultado obtido também nas bilheterias norte-americanas, onde faturou quase três vezes o valor do seu orçamento, comprova que o protagonista está no caminho certo, sendo paciente em suas escolhas e consciente de suas limitações. Sua honestidade com o projeto e para com o espectador é o maior mérito em cena, e por isso merece nosso respeito.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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CríticoNota
Robledo Milani
6
Thomas Boeira
6
MÉDIA
6

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