Crítica
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Sinopse
Beth precisa provar-se inocente quando sua melhor amiga desaparece durante uma viagem delas pela Croácia. No entanto, todas as suas tentativas de descobrir a verdade acabam revelando segredos cada vez mais sombrios.
Crítica
Baseado no livro homônimo de Sarah Alderson, Naquele Fim de Semana é uma típica história do filão “quem matou?”. Chamada internacionalmente de whodunit, a estrutura narrativa se tornou bastante popular nos romances de Agatha Christie e de Sir. Arthur Conan Doyle (Sherlock Holmes). Em resumo, nesse tipo de trama tudo acontece em torno de um crime misterioso. Alguém é assassinado, várias pessoas ao redor da vítima teriam motivos para cometer o ato hediondo e há um jogo de gato e rato que geralmente culmina na revelação do homicida. Como qualquer modelo utilizado à exaustão nas últimas décadas, ele tem elementos e estratégias consolidados no nosso imaginário. Portanto, é preciso algo especial para que não fiquemos com a sensação de “já assisti a esse filme inúmeras vezes”. No longa-metragem comandado por Kim Farrant, o ponto de partida é a viagem detox de Beth (Leighton Meester) para a Croácia. Se trata de um filme de semana longe do marido e do filho recém-nascido que permaneceram na Inglaterra. Ela vai ao encontro de Kate (Christina Wolfe), sua melhor amiga que está “curtindo” o rescaldo de uma separação traumática. A ideia é aproveitar a estadia, se deleitar com a vista do opulento apartamento alugado à beira-mar e relembrar os bons e velhos tempos. Porém, Kate desaparece. Repentinamente. Beth fica num país estranho cercada de enigmas por todos lados.
É perceptível a tentativa de enfatizar os aspectos humanos como forma de tornar o thriller menos impessoal. Kate ainda está indignada pela traição do marido milionário, tanto que pretende gastar sem limites no cartão de crédito do ex. Ela é desenhada como uma mulher extrovertida, inclinada a curtir a vida de modo intenso e sem tantos freios. Logo, é o oposto de Beth, lida como uma jovem mãe/esposa resignada à frieza decorrente da rotina do casamento. Uma pena que o esforço empregado na construção desses polos opostos não é equivalente à importância dessas personalidades opostas para qualquer discussão sobre atitudes, impulsos e desejos. Trocando em miúdos: o fato de as amigas serem completamente diferentes não representa muita coisa quando o filme assume a sua vocação pelo suspense. Do mesmo modo, as frustrações amorosas e sexuais se Beth acabam se tornando notas de rodapé sem relevância. Nem quando Kate arma para Beth interagir com dois bonitões numa boate, situação em meio à qual ela incentiva a amiga a cometer adultério, essas questões de ordem moral e comportamental sobressaem. E o que vemos após o sumiço da amiga da protagonista é uma caçada protocolar pelo responsável misterioso. Na jornada, são quase irrelevantes o desconhecimento geográfico, bem como a ignorância sobre o funcionamento das coisas num país com dinâmicas próprias.
Kim Farrant não imprime tensão ao enredo, se contentando com as estratégias básicas do whodunit. Tudo leva a crer que os bonitões da boate estão por trás do desaparecimento da Kate. Mas, como o roteiro segue religiosamente as regras desse tipo surrado de narrativa, logo sacamos que podemos descarta-los. Afinal de contas, os principais e óbvios suspeitos frequentemente não têm nada a ver com o caso principal. Pensando assim, toda vez que algum personagem for sugerido como possível assassino, convém descarta-lo. Isso porque o cineasta não trabalha a dúvida como um componente desestabilizador. Assim, o senhorio estereotipado como um nerd tímido também pode ser riscado da lista de prováveis assassinos, curiosamente por que a trama o enfatiza como provável malfeitor. Naquele Fim de Semana é como um feijão com arroz básico: clássico, de certa forma, um prato seguro para agradar o paladar de uma fatia significava do público, mas sem temperos que possam transformá-lo numa iguaria sofisticada ou até enriquecê-lo com algum indício de excelência. Sobre as atuações, nada a ser muito destacado. Leighton Meester tem um desempenho funcional como a mulher arrastada para esse redemoinho, mas, não vai além de cumprir o essencial que o papel lhe demanda. Os intérpretes dos policiais estão canastrões, bem como o que vive o diligente e prestativo marido de Beth.
Naquele Fim de Semana é um filme morno, o que compromete demais suas ambições como thriller. E, se o desenvolvimento deixa a desejar pela falta de temperatura e pressão, o clímax derruba ainda mais os termômetros ao recorrer a momentos meramente expositivos para desatar os nós da trama. No primeiro deles, Beth se depara com um registro audiovisual detalhado que a ajuda a compreender diversas coisas fundamentais. Em vez de trabalhar a revelação impactante de uma maneira menos direta, o cineasta resolve tomar um atalho e esclarecer tudo com requintes de preguiça. O mesmo acontece um pouco mais à frente, num par de instantes quase consecutivos, na verdade. O roteiro a cargo de Sarah Alderson – sim, a mesma autora do livro original – chega ao cúmulo de contemplar dois “monólogos do vilão” – como são chamados aqueles discursos em que os bandidos contam nos mínimos detalhes como e porque agiram de certa maneira. Nem mesmo o plot twist utilizado no último terço do enredo tem um efeito surpresa tão grande quanto poderia. No fim das contas, a história cozinhada em banho-maria acaba sendo uma experiência com gosto de refeição requentada, sem algo que a torne mais que um relativamente competente trajeto entre a inocência da protagonista e a sua transformação em decorrência do assassinato que traz à tona as verdades inconvenientes.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 5 |
Leonardo Ribeiro | 4 |
Francisco Carbone | 5 |
MÉDIA | 4.7 |
O filme ficaria mais interessante se houvesse uma luta entre o assassino e mocinha. Uma luta sanguinária, com rios de sangue sujando a casa. Após a luta, o assassino mataria a mocinha, no caso a esposa dele, e seria morto pela polícia em seguida. Seria um final trágico, porém extremamente surpreendente.