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Sinopse
A Fuller Life se debruça sobre a história de Samuel Fuller, homem que abriu novos caminhos no jornalismo, no cinema e na arte de contar histórias. Baseado em sua premiada autobiografia, The Third Face, o filme consiste de 12 segmentos, cada um com um admirador dramatizando suas memórias. Documentário.
Crítica
Em tempos em que o cinema se vê enfeitiçado por metalinguagens mil, enredos com viravoltas incontáveis e todo tipo de malabarismo, A Fuller Life demonstra como a simplicidade pode ser cativante e inspiradora. O documentário dirigido por Samantha Fuller sobre seu pai e cineasta Samuel Fuller, um dos grandes diretores americanos (Eu matei Jesse James, 1949 e Cão Branco, 1982), dispensa invenções e mostra como uma boa história não exige maneirismos.
A estrutura intercala a evolução cronológica de Fuller, ilustrada por imagens de arquivo e filmes do diretor, com a leitura de trechos de A Third Face, autobiografia publicada em 2002. A junção resulta na transmissão da maneira de Fuller enxergar o mundo. Nascido em 1912, em Massachusetts, Sam, como ficou conhecido em Hollywood, foi um apaixonado por contar histórias. O profundo interesse pelos acontecimentos o levou a convencer o editor de um jornal a deixá-lo cobrir a seção policial, aos 16 anos. Do terno impregnado de formol e das visitas constantes ao cemitério para o alistamento, aos 26 anos, foi um passo. Em uma passagem, Fuller narra os momentos anteriores à decisão de matar o inimigo. O inimigo que, antes de tudo, é um homem. A beleza cruel da descrição é parente da fina complexidade psicológica de seus personagens.
A Fuller Life não fez grandes esforços para existir. A produção foi mínima. Quem abre o longa é a o própria diretora, apresentando o documentário do escritório do cineasta. Na cena, revela a quantidade de material inédito encontrado recentemente. As imagens eram acessíveis, quase na totalidade oriundas do arquivo pessoal da família, assim como a escolha dos leitores, entre eles Wim Wenders, William Friedkin e Monte Hellman, não foi mais trabalhosa. Como amigos e admiradores do diretor, todos se prontificaram a participar, escolhendo e interpretando as passagens por conta própria.
O trabalho artesanal, que Samantha revelaria ter realizado como homenagem ao pai, mas principalmente como forma da filha conhecer o avô, consegue o objetivo nada simples de apresentar Sam – escritor, cineasta e pai – igualmente aos que o conhecem e aos que o ignoram. Por ter vivido em um Estados Unidos pulsante, em sincronia com a própria personalidade, Fuller, como um verdadeiro Forrest Gump (1994), participou dos principais momentos históricos do país – e do seu século.
Se a competência do texto lido pode ser atribuído à qualidade da escrita do artista, as demais virtudes são todas do trabalho da filha. É um milagre que ela não incorra no excesso, em digressões ou passagem emotivas, uma vez que retrata alguém tão próximo e com uma história visivelmente sedutora. Mais revigorante do que rever Sam em tela, somente se a filha levasse a cabo – ou produzisse – os roteiros nunca filmados do pai ou exibisse os filmes inéditos. Possibilidades que, segundo a própria diretora, não estão descartados para um futuro próximo.
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Crítico | Nota |
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Willian Silveira | 6 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 3 |
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