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Sinopse

A família da pequena Sara foi assassinada por nazistas em dezembro de 1942. Após fugir para o interior da Ucrânia, uma jovem judia polonesa utiliza a identidade de sua melhor amiga para se refugiar numa vila, onde é acolhida por fazendeiros. Todavia, as coisas se complicam quando ela descobre segredos de seus anfitriões.

Crítica

O período da Segunda Guerra Mundial está repleto de relatos de dramas de sobrevivência com grande potencial dramático para representações ficcionais. Em Meu Nome é Sara, o cineasta norte-americano Steven Oritt apresenta a dramatização de um destes relatos, protagonizado pela personagem do título, a jovem judia Sara Guralnick (Zuzanna Surowy). Após se separar do irmão em uma fuga pelas florestas da Ucrânia, em 1942, Sara – assumindo a identidade de uma amiga, Mania Romanchuck – é acolhida pelo casal Nadya (Michalina Olszanska) e Pavlo (Eryk Lubos), que lhe oferece comida e abrigo em troca de auxílio nos afazeres de sua fazenda e nos cuidados com seus dois filhos pequenos. A partir daí, inicia-se a jornada, marcada por inúmeras adversidades, pela manutenção de seu segredo, e por consequência de sua vida, ao mesmo tempo em que adentra a intimidade de seus empregadores, que também escondem segredos próprios.

A premissa – a judia que precisa manter sigilo sobre sua identidade para sobreviver – contudo, não deixa de soar bastante familiar, e tanto Oritt quanto seu roteirista, David Himmelstein, pouco oferecem para que esta se diferencie e se torne realmente particular. Exceção feita a alguns detalhes culturais, como a sequência da celebração de Ano Novo ucraniano (Malanka), tanto a trama quanto a realização se apresentam extremamente convencionais e esquemáticas. Os diálogos, em especial, quase nunca transcendem a qualidade expositiva/funcional e acabam sofrendo ainda mais com o idioma adotado como principal. A partir do momento – que chega a ser quase involuntariamente cômico – no qual Sara avista dois trabalhadores ucranianos, após sua fuga pela floresta, os diálogos passam a ser majoritariamente em inglês. Escolha cuja justificativa parece ser exclusivamente a de atingir o mercado norte-americano, já que quase todo o elenco é composto por poloneses.

Assim, o competente trio protagonista acaba prejudicado, sendo perceptível o fato de não estarem completamente confortáveis com a língua não-nativa. Elemento que só amplifica o tom artificial, beirando o caricato em determinadas passagens, do texto. Algo que também já emanava da encenação de Oritt – do momento em que o casal pede para que Sara faça o sinal da cruz, na atitude do irmão de Pavlo, que apresenta a jovem, ou no simples fato, pouco crível, de uma família naquela situação estar à procura de uma “babá”. Egresso do meio documental, Oritt talvez tenha escolhido a transposição de uma história real como um caminho seguro para sua estreia na ficção, porém, mesmo estando mais próximo de uma zona de conforto, o diretor não demonstra maior habilidade para lidar com este tipo de narrativa. Ainda que conte com as locações na Polônia e com bons valores de produção, mesmo que com limitações de escopo, para conferir algum realismo à reconstituição de época, no âmbito dramático sua condução se mostra bastante insegura, ancorada em lugares-comuns.

Do uso intrusivo da trilha sonora às cenas dos devaneios de Sara, buscando uma fuga alegórica forçada, a direção de Oritt se revela burocrática, escancarando também uma decupagem irregular, que reflete no ritmo geral do longa. Ora as situações são resolvidas com excessiva rapidez – o modo como Sara se insere na vida de seus empregadores, o afeto instantâneo dos filhos pela garota, ou o dilema envolvendo outra refugiada judia – ora estas se alongam sem acrescentar nada aos arcos dramáticos, em particular os segredos do casal – a história de Pavlo com a antiga babá ou o caso de Nadya com o sobrinho do marido. Essas relações, que deveriam ser justamente a fonte de conteúdo e que diferenciariam o longa de outros sobre a perseguição aos judeus, resultam em dinâmicas quase sempre mal resolvidas dentro deste triângulo central: da atração de Pavlo pela jovem às trocas desta com Nadya, que trazem elementos de empatia e sororidade.

O esforço dos atores fica evidente, entretanto, este esbarra novamente na fragilidade dos diálogos e na questão idiomática, além da inconstância nas atitudes e desenvolvimento dos personagens. Um desenvolvimento que termina sempre interrompido pela necessidade de Meu Nome é Sara expor a barbárie da guerra e as atrocidades cometidas pelos nazistas – e também pelos partisans – elemento que surge repetitivo e nada traz de novo em relação ao tema. O resultado da jornada de Sara é resumido a um acúmulo de provações embebidas de clichês, que busca a validação final sob o selo “baseado em uma história real” – com direito a imagens da verdadeira Sara e cartelas de encerramento sobre os anos seguintes de sua vida. Não que sua história não deva ser respeitada ou que não mereça um retrato à altura. Contudo, este oferecido por Oritt raramente consegue romper o verniz genérico de sua realização.

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é formado em Publicidade e Propaganda pelo Mackenzie – SP. Escreve sobre cinema no blog Olhares em Película (olharesempelicula.wordpress.com) e para o site Cult Cultura (cultcultura.com.br).
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CríticoNota
Leonardo Ribeiro
4
Cecilia Barroso
4
MÉDIA
4

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