Crítica
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Sinopse
Cady Heron é uma garota que cresceu na África e sempre estudou em casa, nunca tendo ido a uma escola. Após retornar aos Estados Unidos com seus pais, se prepara para iniciar sua vida de estudante, se matriculando em uma escola pública. Logo percebe como a língua venenosa de suas novas colegas pode prejudicar sua vida e, para piorar ainda mais a situação, se apaixona pelo garoto errado.
Crítica
Se você tem mais de vinte anos, é provável que pense ter visto esse filme antes. E, por um lado, tem razão. Meninas Malvadas é curioso, gostoso de se assistir. Mas seus méritos foram apresentados de forma melhor em outras comédias do gênero, porém de forma dispersa. Sua originalidade, portanto, foi tê-los agrupados num único filme – mérito único e exclusivo do roteiro escrito pela também atriz Tina Fey. E por isso mesmo é quase impossível não se deixar envolver pelos dramas vividos pelos personagens principais, apesar destes episódios serem de resoluções facilmente previsíveis.
A sinopse é bastante comum. Mocinha ingênua vai à escola pela primeira vez e logo se vê enveredada por uma selva de tipos assustadores. Se os “nerds” resolvem acolhê-la, será junto às patricinhas que terá uma chance de sentir o sabor da popularidade e, conseqüentemente, o acesso facilitado para praticar todas as perversidades que habitam o ambiente escolar. Parece assustador? Pois é, mas pode ser também engraçado. A questão está no tom assumido, que faz da protagonista dona de suas decisões, e não uma marionete sendo jogada de um lado para o outro. O exemplo, portanto, é o que fala mais alto.
O problema de Meninas Malvadas é que o filme se deixa envolver por sua própria armadilha. Lá pelas tantas, subverte-se o objeto de sátira e este é que passa a conduzir a trama, permitindo que no final os clichês mais óbvios do gênero sejam regurgitados de modo constrangedor. Durante este caminho seremos expostos à tiradas inspiradas e à piadas realmente iluminadas, mas é inevitável deixar de lamentar por elas não serem suficientes diante do tom açucarado imposto que irá corromper com a acidez tão deliciosa que até então estava sendo praticada.
Meninas Malvadas merece especial atenção, ao menos, por ter sido um respeitado sucesso de bilheteria – faturou mais de dez vezes o valor do seu orçamento – e serviu para revelar alguns talentos de peso. Se Lindsay Lohan deixou de ser uma estrela infantil e conheceu, aqui, o auge de sua popularidade artística – antes da derrocada vista através de tablóides de fofocas – entre suas antagonistas estavam Rachel McAdams (hoje uma atriz que possui no currículo trabalhos com Woody Allen e Terrence Malick) e Amanda Seyfried (estrela de musicais como Mamma Mia, 2008, e Os Miseráveis, 2012). Além disso, esta foi uma das primeiras parcerias artísticas das comediantes Fey e Amy Poehler, vistas posteriormente em outros filmes, programas de televisão e até na apresentação do Globo de Ouro.
De início, Meninas Malvadas tenta se colocar como uma daquelas comédias inteligentes e de humor corrosivo tão de encontro com o espírito politicamente incorreto que permeia o tempo em que vivemos. Mas o resultado final está mais próximo daquelas produções inconsequentes dos anos 1980 do que de exemplos realmente inovadores, como Eleição (1999) ou Três é Demais (1998). Uma obra que teve a oportunidade de se destacar, mas que preferiu oferecer mais do mesmo. Divertido, porém não memorável.
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