Crítica


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Sinopse

Depois de ser contratado pelo prefeito de Nova Iorque para seguir a primeira-dama supostamente adúltera, um ex-policial se vê envolvido num escândalo. Ao perceber que foi enganado, ele começa sua jornada de vingança.

Crítica

Parece que Hollywood volta e meia produz filmes que tem como intenção básica ir do nada para o lugar nenhum. Afinal, só assim para explicar o porquê de uma produção como Linha de Ação (pavorosa tradução) ter chegado aos cinemas. Sem atrativos além de seu poderoso elenco, o longa vende uma história de traições e conspirações políticas, mas que de antemão já se percebe que não vai ser nenhum sucesso de público e de crítica. Então, a troco de quê Mark Wahlberg resolveu investir no projeto como um dos produtores?

Talvez a resposta venha de alguns anos já, desde que o ator foi indicado ao Oscar por seu papel de destaque em Os Infiltrados (2006), como uma espécie de reconhecimento como intérprete de primeiro porte, além de ter sido também lembrado pela crítica, alguns anos depois, por seu notável desempenho em O Vencedor (2010), o qual também atuou na produção. Sua participação em Linha de Ação seria só por trás das câmeras mesmo, já que o papel principal havia sido oferecido anteriormente a Michael Fassbender, que negou o pedido. Porém, ao assumir a pele do protagonista, Wahlberg talvez tivesse em mente que seria, mais uma vez, uma forma de provar seu talento. E, na verdade, ele consegue, mesmo que o roteiro repleto de furos e a direção preguiçosa insistam em dizer o contrário. Wahlberg é Billy Taggart, um ex-policial com problemas passados, que acaba por ser contratado pelo prefeito Nicholas Hostetler (Russell Crowe), justamente o homem que lhe fez sair de seu posto. O objetivo é investigar quem é o amante da esposa (Catherine Zeta-Jones) de Hostetler. Isto tudo pela bagatela de 50 mil dólares. Difícil recusar um trabalho assim. Mas à medida em que a investigação vai tomando forma, outras sujeiras políticas e da própria polícia acabam surgindo, deixando o protagonista perdido num emaranhado de traições.

O roteiro do estreante Brian Tucker é tão sem sal que já nos primeiros vinte minutos identificamos tudo o que irá acontecer, quem é o responsável pelo que e como provavelmente ocorrerá o desfecho. Ainda assim, a história poderia se tornar interessante se não tentasse se esmerar em tantos personagens rasos que vão surgindo ao longo da trama, especialmente a namorada do agora detetive, que entra e sai de cena sem dizer a que veio (aliás, como muito do próprio filme). Pior ainda é tentar tornar plausível que um ex-policial de renome e anos de experiência nas costas faça uma investigação tão canastrona quanto a mostrada em vários trechos do longa, levando o próprio personagem principal a perder sua credibilidade com o espectador. Linha de Ação foi realizado por Allen Hughes, mais conhecido por ser uma das partes da dupla The Hughes Brothers, responsável por filmes como O Livro de Eli (2010) e Do Inferno (2001). O diretor até tenta fazer algo diferente no início do longa, mas parece que, assim como o roteiro sofrível, vai perdendo a paciência com a própria história e liga o piloto automático, entregando algo tão descartável que nem vale a pena comentar.

O que se salva, como já dito, é o elenco, a começar pela dupla principal formada por Wahlberg e Crowe, que tentam fazer seus personagens verossímeis, mesmo que os diálogos sem atrativos e as ações desconexas tentem freá-los a todo custo. O título original, Broken City, remete justamente às maquinações e falcatruas da máquina pública em todos os sentidos. Porém, no fim das contas, parece ser apenas uma alusão ao próprio filme, que já vem quebrado por natureza. Sorte na próxima, Wahlberg.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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