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Sinopse

Pra começar de novo é preciso destruir.

Crítica

Jovens Infelizes ou Um Homem que Grita não é um Urso que Dança é um filme sobre enfrentamento. Escrito e dirigido por Thiago B. Mendonça para a sua estreia em longa-metragem, o enredo apresenta ao público um grupo de artistas politicamente engajados, em constante confronto com a estrutura de uma sociedade dividida, segundo um dos personagens, entre exploradores e explorados.

A visão política se encarrega, portanto, de ser o grande motor da obra. A ideologia se apresenta na ação como um projeto de rompimento das amarras da ordem. Para poder criticar o status quo, os artistas de Mendonça se exilam da política tradicional, naquilo que se costuma pensar como “direita” e “esquerda”, para encontrar uma posição, tal qual ombudsmans sociais, na qual possam operar livremente. Entre bebidas, política e sexo, estamos diante de uma iconoclastia que assume, por assim dizer, a face de um anarquismo recontextualizado.

O grupo teatral que acompanhamos durante as mais de duas horas de projeção constrói um embate em direção à realidade. Ora fazendo uso de um aspecto documental, participando das manifestações contra a Copa do Mundo de 2014, no Brasil, ora em um registro ficcional, resultando em visível rompimento plástico, como nas passagens em que os integrantes dançam funk como protesto à religião ou, ainda, na performance de “New York New York”, tendo como fundo para a música símbolo dos Estados Unidos o contraste da Cracolândia, na região central de São Paulo.

Os berros dos Jovens Infelizes são escutados a todos os momentos. Contudo, a força do filme está menos – bem menos – na condução de sua mise-en-scène libertária, por muitas vezes inócua ao buscar desesperadamente a estridência, do que no seu formato. A persistência da contestação segue do conteúdo à forma e lança o longa em uma trajetória de contestação sócio-política de seis atos, apresentados em ordem inversa, do último ao primeiro. Filmado majoritariamente em preto e branco, como ilustração de um retrato de guerra própria, de um Maio de 68 declarado de dentro para fora, os personagens infelizes são os únicos a não se questionarem sobre uma questão da natureza romântica latente: seriam eles infelizes e por isso optam pelo escapismo ou seria o escapismo o que os torna infelizes?

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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