Crítica
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Sinopse
Lee Gates é um apresentador de TV transformado no mago de Wall Street graças ao sucesso de seu programa financeiro. Mas depois de recomendar as ações de uma empresa de tecnologia que posteriormente entram em colapso, um irado investidor toma como reféns não apenas Gates, mas também sua equipe e a produtora Patty Fenn, tudo isso durante uma transmissão ao vivo.
Crítica
Jodie Foster é uma das maiores atrizes de Hollywood, dona de dois Oscars e estrela de sucessos de bilheteria como Elysium (2013) e O Quarto do Pânico (2002). Além disso, é também uma realizadora de respeito, tendo estreado como diretora com o pequeno, porém elogiado, Mentes que Brilham (1991). Apesar do seu primeiro crédito como intérprete ser de 1969 – ou seja, quando tinha apenas 7 anos de idade – nos últimos tempos ela tem sido mais seletiva em seus trabalhos, não marcando presença em qualquer tipo projeto. Por isso é curiosa sua participação atrás das câmeras em Jogo do Dinheiro, thriller estrelado pelos igualmente oscarizados George Clooney e Julia Roberts. Não que o filme não tenha seus méritos próprios. Apenas não se impõe de forma tão incisiva a ponto de se diferenciar de todos os anteriores que já trilharam caminhos semelhantes – inclusive na própria filmografia da cineasta.
Money Monster – título original do longa, aliás – é o nome do programa de televisão apresentado por Lee Gates (Clooney, mestre neste tipo de composição, indo do caricatural ao sensível em questão de segundos) e produzido por Patty Fenn (Roberts, em uma participação constante, ainda que discreta). O tema do show é o mercado financeiro, só que ao invés de ser um debate sisudo e repleto de gráficos ininteligíveis para a maioria da população, é quase um carnaval, com efeitos sonoros, imagens de impacto, ajudantes de palco, fantasias e adereços. Tudo para chamar a atenção do espectador e distraí-lo do óbvio: de que o assunto em pauta, afinal, é sério! Semanas atrás, Lee indicou as ações da Ibis Clear Capital como as mais seguras do mercado – “é uma aposta melhor do que a Poupança”, chega a afirmar no ar. Só que as coisas dão errado, uma pane no algoritmo da empresa gera uma queda inesperada, causando um prejuízo de mais de US$ 800 milhões. E a culpa é de quem?
Talvez essa seja a grande pergunta de Jogo do Dinheiro. Porque a ação do filme se passa quase em tempo real, e começa poucos instantes antes de começar o programa em que Walt Camby (Dominic West), dono da Ibis, havia prometido estar ao vivo para dar sua versão dos fatos. Só que Camby desaparece – aparentemente, está ‘incomunicável’ em um avião – e quem dá as caras é sua diretora de comunicações, Diane Lester (Caitriona Balfe), porém não no estúdio, e sim através de uma participação remota. Enquanto ela dá suas explicações genéricas, um entregador invade a gravação. Kyle Budwell (um incrível Jack O’Connell) carrega uma arma e dois coletes repletos de explosivos. Ele foi vítima do que ocorreu com a Ibis, tendo perdido todas as suas finanças. Sem ter o que fazer, quer agora respostas: como pode algo tão certo ter resultado em prejuízo? As culpas, na sua visão, são fáceis de serem atribuídas: o apresentador insensível que não mais percebe a seriedade do tema que explora regularmente, o empresário que não se da conta de quantas vidas estão por trás dos números que aparecem a todo instante em seus computadores e smartphones, e a produtora veterana que parece apenas preocupada em atrair uma maior audiência, custe o que custar.
Ao contrário dos seus protagonistas, Jodie Foster não é leviana ao levantar uma discussão como essa. Os personagens são bem construídos, e mesmo que nosso contato com eles seja aparentemente superficial, serão nos detalhes que suas sutilezas se escondem – como a relação entre Patty e Lee, de anos, porém desgastada, ou a vida infeliz que Kyle leva com a namorada, por exemplo. Estruturado de forma quase teatral, a trama centra-se quase que inteiramente nestes únicos tipos e nas relações entre eles. Lembra um pouco Deus da Carnificina (2011) – um dos últimos trabalhos de Foster como atriz – em sua estrutura, porém não assumidamente ensaístico. Na temática levantada, é muito próximo do recente A Grande Aposta (2015), só que não tão incisivo na denúncia e sem o humor satírico que rendeu um Oscar ao roteiro de Adam McKay. Ao combinar jornalismo com injustiça social, talvez a principal referência seja O Quarto Poder (1997), de Costa-Gavras, tanto na urgência daquele que quebra a lei cheio de razão como no uso desse desespero como espetáculo midiático. E por fim, é impossível negar a semelhança com O Plano Perfeito (2006) – novamente, com Jodie no elenco – ao combinar situações como sequestro, mercado financeiro e reviravoltas de última hora.
Como se pode perceber, há pouca coisa de original em Jogo do Dinheiro. Resultado de uma fusão de muitos elementos já vistos e explorados com efeito antes, acaba por se sustentar quase que inteiramente nos ombros dos seus astros – na frente e atrás das câmeras – nomes carismáticos por si só e que conseguem, aparentemente sem muito esforço, defender algo que de outra forma pouco interesse despertaria. É um trabalho de amigos, e ainda que Clooney e Roberts tenham pouco tempo em cena juntos – chama atenção, e de forma positiva, a falta de interesse do roteiro em fazer dos dois um par romântico – O’Connell, ainda que bem mais novo, tem uma força hipnotizante, oferecendo um bom contraponto aos veteranos. Por fim, apesar de perder a oportunidade de ser de fato relevante, tem-se aqui um bom entretenimento, tenso nos momentos certos e bem intencionado, ainda que não mais do que isso.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 6 |
Francisco Carbone | 6 |
Gabriel Pazini | 6 |
MÉDIA | 6 |
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