Crítica


6

Leitores


2 votos 9

Onde Assistir

Sinopse

Scott Lang precisa lidar com as consequências de suas escolhas como super-herói e pai. Ainda se esforçando para equilibrar a vida pessoal com suas responsabilidades como Homem-Formiga, ele é procurado por Hope van Dyne e Dr. Hank Pym para uma nova missão urgente. Scott deve vestir o traje mais uma vez e aprender a lutar ao lado da Vespa quando o time se reunir para descobrir segredos do passado.

Crítica

Ainda na ressaca dos acontecimentos dramáticos de Vingadores: Guerra Infinita (2018), surge este Homem-Formiga e a Vespa, exatamente focando em dois super-heróis ausentes do time que combateu Thanos (Josh Brolin). A essência do novo trabalho do cineasta Peyton Reed é a graça, seguindo a trilha aberta pelo filme anterior, que igualmente apostava suas fichas na verve cômica, sobretudo, de Paul Rudd, intérprete de Scott Lang. Aqui, contudo, o tema da paternidade serve de porto seguro. É uma constante funcional que sustenta a trama desenvolvida a partir da necessidade de resgatar Janet (Michelle Pfeiffer), a Vespa original, do ambiente quântico ao qual ficou restrita após o sacrifício em missão. Lang está confinado na prisão domiciliar, sem poder sair. Suas interações emocionais com a filha cristalizam esse apontamento da relevância das relações familiares. Nada muito profundo, diga-se de passagem, pois a estrutura narrativa denota uma preocupação bem maior com a frequência dos toques espirituosos, deixando as outras searas em segundo plano.

Como o próprio título já diz, há duas figuras centrais em Homem-Formiga e a Vespa. Além de Lang, que sofre as consequências da rebeldia de ter amparado o Capitão América (Chris Evans) em Capitão América: Guerra Civil (2016), a intrépida Hope (Evangeline Lilly), empenhada em ajudar o pai, Hank (Michael Douglas), a localizar a mãe atualmente em estado subatômico. A ameaça surge em duas esferas distintas. Sonny (Walton Goggins) é o vilão clássico. Pouco se sabe acerca das motivações e que tais desse personagem abertamente caricato, apenas relevante por sua frequente interposição entre os mocinhos e os objetivos nobres que eles perseguem. Ava/Fantasma (Hannah John-Kamen) está mais para antagonista, pois possui uma trajetória observada e desenvolvida no decorrer do longa-metragem. Ela também é marcada por uma tragédia parental significativa. Vítima da inépcia do pai por quem tinha absoluta veneração, ela padece gravemente. Esse background é acessado de maneira banal, com o velho recurso da pessoa contando tudo para seu prisioneiro enquanto espera a oportunidade de liquidá-lo.

Dentro dessa flagrante prevalência do chiste, normal que o carisma de Michael Peña o levasse a ganhar espaço. Na pele do ansioso Luis, ele é responsável por algumas das piadas mais engraçadas do filme, como quando decide ajudar na missão do amigo Scott ou, melhor ainda, assim que experimenta os efeitos de um soro da verdade (que os bandidos insistem em não tachar dessa forma). Também há a reprise de suas rememorações divertidas, com o ator dublando os colegas de elenco que, deliberadamente, exageram na articulação e nas expressões faciais para ampliar a comédia. Embora haja um exagero ocasional na consecução de piadas, Homem-Formiga e a Vespa oferece uma aventura com personalidade, mesmo não empolgando como poderia em determinadas circunstâncias. A costura dos diversos personagens ocorre satisfatoriamente. Até alguém com pouquíssimo tempo de tela como David Dastmalchian recebe momentos para brilhar, claro, proporcionais ao tamanho da representatividade de seu papel, levando em conta todo o Universo Cinematográfico Marvel.

Homem-Formiga e a Vespa lida bem com as gags inerentes à capacidade dos protagonistas de encolher e agigantar-se. A Vespa chama a atenção como uma super-heroína de ação, encabeçando os instantes em que a adrenalina suplanta o resto. O Homem-Formiga é encarregado de fazer o público rir. Paul Rudd e Evangeline Lilly formam uma dupla afiada, dona de bom entrosamento, ainda que a potencial tensão sexual entre eles arrefeça por conta do tom dominante. Sobre a contextualização do filme dentro dos desdobramentos fatídicos do enfrentamento a Thanos, ela se dá diretamente na primeira das duas cenas pós-créditos, onde entendemos finalmente o que Scott Lang e Hope Van Dyne estavam fazendo enquanto a titã lutava com os outros Vingadores para alcançar a irrestrita soberania da galáxia. Transcorrendo num terreno completamente seguro, a produção capitaneada por Peyton Reed é instável, mas possui tônus suficiente para estabelecer o Homem-Formiga como um dos super-heróis mais legais da Marvel, e, agora, a Vespa, como uma das super-heroínas mais duronas e promissoras do UCM.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
avatar

Últimos artigos deMarcelo Müller (Ver Tudo)

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *