Crítica
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Sinopse
As relações tumultuadas de Napoleão com a Rússia, incluindo a invasão desastrosa de 1812, serve como pano de fundo para a vida pessoal confusa de duas famílias aristocráticas.
Crítica
Guerra e Paz talvez seja um dos únicos passos em falso da brilhante carreira de Audrey Hepburn, um dos maiores nomes do cinema hollywoodiano. E pior: tinha tudo para ser um tremendo sucesso. A intenção dos produtores era repetir o impressionante impacto causado por outro épico semelhante: ...E O Vento Levou, de 1939. Mas tudo que no clássico com Vivien Leigh e Clark Gable funciona perfeitamente aqui se transforma num desastre de proporções gigantescas: os exageros, a grandiosidade, a imponência, a ousadia. Nada funciona como deveria, e com 208 minutos de duração – quase quatro horas! – somente os bravos conseguirão resistir até o final com alguma empatia e interesse pelo que está se desenvolvendo na tela.
Baseado no romance imortal de Leo Tolstoy, Guerra e Paz parte das invasões napoleônicas à Rússia para narrar a construção de uma nação e o fortalecimento das características básicas de um povo. Essa ambição tem como ponto de partida a família Rostova, que precisa abandonar Moscou – da mesma forma que todas as outras casas tradicionais – para evitar um confronto pior com Napoleão. A estratégia dos russos foi brilhante: cansados pela distância e exaustos pelo frio, quando as tropas comandadas pelo general francês finalmente chegaram à capital russa encontraram uma cidade vazia, sem recursos ou proventos. Sem terem o que fazer por ali ou como se sustentarem, só lhes restava retornarem, devolvendo o país aos próprios cidadãos, que conseguiram retomar o que lhes era de direito com o mínimo de força.
Natasha Rostova (Hepburn) é uma adolescente dividida entre seguir os comandos dos pais e o temor pelo irmão mais velho, enviado ao campo de batalha. Entre seus afazeres mais frívolos está o amor que aos poucos vai sendo construído por Pierre Bezukhov (Henry Fonda), um intelectual bastardo, e as paixões tempestivas que, nesse meio tempo, vão lhe ocupando, como o general viúvo Príncipe Andrei Bolkonsky (Mel Ferrer) e o playboy conquistador Anatol Kuragin (Vittorio Gassman). As repetidas desilusões abrem caminho no coração da jovem, e ao mesmo tempo em que se torna uma mulher mais madura e sofrida irá descobrir o verdadeiro poder do amor.
Foram vários os motivos para Audrey Hepburn se envolver em Guerra e Paz. As filmagens aconteceram na Itália, país que tão bem lhe recebeu em seu primeiro filme, A Princesa e o Plebeu (1953), numa atuação que lhe rendeu o Oscar de Melhor Atriz. Ferrer, que interpretava um dos interesses românticos da personagem dela, era o marido da estrela na época, e os dois desejavam trabalhar juntos. E o diretor King Vidor era um dos grandes remanescentes da época de ouro de Hollywood, um nome de prestígio e bastante influência. Para alguém como ela, que estava ainda começando – este é recém seu terceiro filme como protagonista – se associar a um talento como o dele era mais do que aconselhado. Pena que tudo acabou dando errado.
O maior pecado de Guerra e Paz é a fidelidade cega ao livro adaptado. Muito pouco foi cortado, e como resultado tem-se um longa engessado, duro e difícil de assistir. As atuações são empoladas, sem graça ou dinamismo. Vidor – este foi um dos seus últimos trabalhos – parece assustado diante uma missão tão grandiosa, e sucumbe por falta de ousadia e criatividade. Outro grande erro foi a escalação de Fonda – ele era 24 anos mais velho do que Hepburn, e os dois em cena simplesmente não possuem a menor química. Fracasso de público, ainda conseguiu angariar três indicações ao Oscar (direção, figurino e fotografia), além de ter ganho o Globo de Ouro de Melhor Filme Estrangeiro – um absurdo, uma vez que se trata de uma produção americana, somente filmada no exterior. De qualquer forma, trata-se de uma obra, a despeito de suas ambições, menor dentro de uma filmografia muito bem sucedida.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 5 |
Chico Fireman | 6 |
MÉDIA | 5.5 |
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