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Sinopse

Chris e Annie, amigas diferentes entre si, mas inseparáveis, vivem em uma cidadezinha inglesa. A primeira é integrante do Women's Institute, uma associação nacional que congrega senhoras em torno de atividades, como feitura de doces, jardinagem ou tricô. Quando o marido da segunda morre de leucemia, ela resolve se juntar ao grupo, em um movimento para ajudar o hospital local. A campanha consiste em fazer um calendário com uma integrante do Women's Institute para cada mês, cada uma mostrando uma prenda de seus dotes domésticos. Uma ideia muito tradicional e familiar, não fosse por um pequeno detalhe: as mulheres devem aparecer nas fotos completamente nuas.

Crítica

O humor inglês é bastante típico e facilmente reconhecível. É refinado, pitoresco e disfarça bem sua humildade através de uma cortina que mistura pedância ou ingenuidade. E geralmente usa elementos do cotidiano, invariavelmente tratados de um modo original. Foi assim que aconteceu em produções que fizeram muito sucesso, na virada do século, como Ou Tudo Ou Nada (1997) e A Fortuna de Ned (1998). O mesmo se repete também em Garotas do Calendário, filme assinado por Nigel Cole, responsável outra obra típica desse gênero próprio, O Barato de Grace (2000). Dessa vez, no entanto, ele deixa de lado Brenda Blethyn e seus problemas com as drogas para mostrar um grupo de senhoras bem resolvidas com suas vidas, mas que em nome de uma boa causa tomam uma atitude inusitada: aceitam posar nuas para um calendário beneficente.

Assim como os demais filmes citados, Garotas do Calendário se passa numa pequena cidade do interior da Inglaterra, no centro de uma comunidade muito unida. As mães de família não trabalham, mas estão sempre ocupadas: com aulas de ioga, feiras de habilidades, ou mesmo no grupo de amigas. A rotina é intensa e, por vezes, repetitiva. O sinal de mudança se dá quando o marido de uma delas morre de câncer. Com uma mistura de vontade de fazer algo diferente e pensando nos coitados – como elas mesmas há pouco – que passam pelo hospital da cidade em momentos difíceis de suas vidas, as tais ‘garotas’ resolvem se unir para angariar dinheiro suficiente para comprar um conjunto de sofás novos para o local. Como dessa vez realmente sabem como empregar a quantia que conseguirem, e ideia é fazer algo que chame a atenção: nada de jogos de chá ou fotos de igrejas antigas. Elas – senhoras acima dos 50 anos – vão é posar nuas em uma lembrança que irá durar por todo o ano!

A proposta de Garotas do Calendário é curiosa e, do modo como foi levada às telas, bem engraçada. Caso não tivesse sido inspirada num fato real, se poderia até afirmar ser próximo de uma fábula. Ainda mais porque, num determinando momento, as folhinhas fazem tanto sucesso que as “modelos” são convidadas para uma tour de lançamento – com direito à entrevista no programa do Jay Leno – em Hollywood! Por trás de tudo há uma referência sobre as escolhas que fazemos em nossas vidas, a importância relativa da fama e até que ponto determinamos nossas escolhas tendo como base o que acreditamos que os outros irão pensar a respeito. Mas nada muito profundo a ponto de atrapalhar o riso imediato, é claro.

Encabeçando o elenco estão duas damas da sétima arte inglesa, a oscarizada Helen Mirren e e a não menos excelente Julie Walters (vencedora do Bafta e do Globo de Ouro por O Despertar de Rita, 1983). Mirren, inclusive, foi indicada ao Globo de Ouro como Melhor Atriz em Comédia ou Musical por este desempenho. As duas compartilham de uma sintonia tão precisa que qualquer distinção entre elas se faz desnecessária. Aliás, esse nível de qualidade homogêneo está presente entre todas as atrizes do filme. Garotas do Calendário é uma comédia divertida. Mesmo tendo espaço para ir além, entretanto, se contenta com o prazer imediato. Não que isso seja um problema, mas certamente está longe de ser um mérito.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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