Crítica


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Sinopse

George é um militante anti-nazismo que viajou em 1938 para conferir um discurso de Adolf Hitler e, quem sabe, tentar assassinar o ditador. Enquanto planejava, a Segunda Guerra foi proclamada e ele teve de mudar os planos.

Crítica

A Segunda Grande Guerra. A vontade de poder. A eleição do mal. O nazismo. A reinvenção do medo e a prática do horror. Ao contrário do que o intelectual alemão Theodor Adorno afirmou, o resultado do Holocausto não pode ser o silêncio, seja por falta de desculpas ou por vergonha. A resposta deve ser sempre a lembrança, por mais incômoda e dolorida que seja.

Do mesmo modo, 13 Minutos, de Oliver Hirschbiegel, segue no caminho contrário ao do esquecimento. O filme se passa na Alemanha de 1939, início daquilo que se conheceria pelo projeto do terceiro Reich, e conta a história do músico Georg Elser (Christian Friedel), que teria plantado uma bomba no comitê nazista de Munique. A explosão daria conta de matar Hitler e mudar o curso dos acontecimentos. Isso se o ditador alemão não houvesse deixado o local 13 minutos antes do atentado.

A falha de Georg mata duas centenas de pessoas, mas não a origem do mal. O evento repercute contra o avanço ideológico irrestrito e faz o protagonista ser perseguido pela SS. A complexidade do acontecimento fez a polícia suspeitar que a ação do jovem escondia o nome de algum grupo ou organização anti-Hitler. O roteiro de Léonie-Claire e Fred Breinersdorfer divide a narrativa em dois momentos. No tempo presente, acompanhamos a prisão de Elser e a relação com os oficiais do alto comando da polícia. As torturas físicas e químicas, e a sala de luz são métodos constantes. Mas o personagem de Friedel não tem quem delatar exceto a si. Então a narrativa retrocede alguns anos a fim de nos mostrar a relação de Georg com Elsa (Katharina Schüttler), uma mulher abusada pelo marido bêbado, e como a ascensão nazista se fazia visível na Alemanha da época. Ao não encarar a divisão da sociedade alemã com indiferença, Elser planejou eliminar Hitler. Sem filiar-se a qualquer partido contrário, foi o ato de um homem convicto do mal que crescia frente aos olhos.

Apesar do ponto interessante que encontra para contar a história, 13 Minutos tem sérias limitações dramáticas. Enquanto o presente se limita ao sofrimento encontrado durante as torturas e a demonstração da força de caráter do jovem, que enfrenta os oficiais com uma coragem e uma moral (ironicamente) alemã, o passado tem na relação do músico com Elsa um ponto fraco. Falta ao filme a evolução necessária para se tornar interessante além das linhas gerais. Autointitulado um pacifista, Georg procura destacar o protagonista da ideia geral de que a Alemanha da época foi tomada por uma cegueira ideológica geral. Sabe-se, contudo, que Georges como ele estavam em toda parte, desconfiando e articulando ideias distintas. Divergências que o regime de Hitler soube como poucos apagar com brutalidade e silêncio poucas vezes vistos.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.
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Grade crítica

CríticoNota
Willian Silveira
4
Ailton Monteiro
7
MÉDIA
5.5

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