Crítica


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Sinopse

O xamã Kaí testemunha o brutal ataque de forasteiros a uma fazenda de fumo. Ele passa a seguir de perto os criminosos em fuga e boicotá-los, determinado a salvar a herdeira das terras, levada como refém.

Crítica

O Ardor, terceiro longa do diretor argentino Pablo Fendrik (O Assaltante, 2007), é um destes filmes que jogam com a expectativa do público. Kai (Gael Garcia Bernal) chega às terras de uma estância e presencia uma injustiça. Movidos pelo valor econômico da região, um grupo de homens decide que a negociação para a venda da propriedade acontecerá à força. Realizam uma série de assassinatos e levam Vania (Alice Braga) como refém. O personagem de Bernal, até então um viajante desconhecido e solitário, transforma-se em herói da trama.

À primeira vista, O Ardor nos parece mais um entre tantos filmes de ação, com a única diferença de que o espaço em que se passa é pouco usual. No entanto, a evolução da narrativa incrementa aspectos psicológicos e motivações nada lúcidas, dando ao longa um definição pouco clara. Se por vezes, a aposta parece ser por resoluções simples e banais (porém aceitável), por outras, parece haver a necessidade de tratar os personagens e às situações com contornos que não se sustentam por completo.

O personagem Kai, que encontra em Gael Garcia Bernal seu protagonista, sairá em parte em busca de justiça, em parte pelo envolvimento – forçado – com Vania. E, claro, também pelo significado da jovem como remanescente daquela região. Com justificativas tão confusas quanto desnecessárias, o tipo construído por Gael torna-se um estranho símbolo social e da memória.

Antes de ser uma engenharia bem sucedida do roteiro de Fedrik, o trabalho com a expectativa conta contra O Ardor. Em especial, pelo fato do filme concentrar-se em flertes exagerados com outros gêneros, principalmente, com o faroeste. Depois de passados dois terços da projeção no escuro, em meio a floresta e em ritmo de perseguição, o longa encontra a luz, uma cena pouco inspirada em câmera lenta e um desfecho nada envolvente. A combinação, que não é inédita ou sofre aqui o julgamento de um purista, parece ter dificuldade para emplacar em tela.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação dos Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul, e da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Tem formação em Filosofia e em Letras, estudou cinema na Escola Técnica da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Acumulou experiências ao trabalhar como produtor, roteirista e assistente de direção de curtas-metragens.

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