Crítica
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Sinopse
Nos arredores da Califórnia, quatro amigas de longa data decidem ler o romance Cinquenta Tons de Cinza no clube do livro mensal. Esse não é o tipo de literatura com a qual estão acostumadas, o que faz com que a vida dessas mulheres bem-sucedidas e inteligentes mude completamente.
Crítica
Diane (Diane Keaton) expõe sua personalidade e trajetória amorosa, bem como as das três amigas de longa data que com ela formam um clube do livro, no começo de Do Jeito Que Elas Querem. Qualquer uma poderia ser a mestra de cerimônias, pois isso não faz, sequer, a menor diferença. Tal prólogo nos apresenta a Vivian (Jane Fonda), riçada independente que segue o mandamento de nunca dormir com seus homens – transar, sim, pegar no sono, jamais; a Sharon (Candice Bergen), juíza separada há 18 anos, período em que está sem envolver-se com alguém, ainda remoendo o fato do ex-marido ter arranjado uma namorada bem mais jovem; a Carol (Mary Steenburgen), num casamento estável e repleto de carinho que deu uma esfriada sexualmente; e à própria Diane, em processo de superar o luto pela morte relativamente recente do marido, enquanto as filhas a tratam como idosa que necessita de cuidados especiais. Todas enfrentam questões na seara afetiva e estão na mesma faixa etária, o que propicia bons ganchos. O andamento previsível não consegue arrefecer o prazer de ver as quatro atrizes maiúsculas em cena, juntas.
Aliás, não é necessário mais que um vislumbre do trailer para antever exatamente como se desenvolve e termina Do Jeito Que Elas Querem. O longa-metragem dirigido por Bill Holderman se enquadra absolutamente num molde de comédia romântica desgastado. Primeiro, há a situação sentimental mal resolvida, com uma personagem que precisa mudar seu entendimento das coisas a fim de galgar degraus de felicidade. Segundo, esse processo, após bastante hesitação, tende a levar a um resultado óbvio de êxito. Terceiro, surgem contratempos que colocam em risco o sucesso da empreitada. Por fim, quando tudo parece perdido, lições são apreendidas, como num passe de mágica, e as peças se encaixam perfeitamente, permitindo o apoteótico final feliz. É justamente isso que acontece no filme, com o diferencial da abordagem de várias pessoas ao invés de uma. As parceiras de leitura e de vida têm as suas particularidades, mas não fogem ao modelo narrativo pormenorizado acima. Porém, o trabalho do quarteto garante o interesse e a simpatia.
Jane Fonda se encarrega de criar uma socialite de bom coração, que não deixa o tesão morrer, contrariando, assim, o chavão da falta de libido depois dos 60. A propósito, Do Jeito Que Elas Querem levanta pontos acerca desse tabu, permitindo que suas protagonistas falem abertamente da sexualidade que ainda as aquece. Mary Steenburgen interpreta uma mulher que ama o marido, buscando de todas as maneiras resgatar o fogo da paixão matrimonial. Candice Bergen brinca com os estereótipos facilmente associáveis à sua juíza centrada, que não acredita em estabelecer relacionamentos pela internet, descrente quanto à capacidade de arrumar companhia após tantos anos, mas que, obviamente, logo se descobre errada. Por fim, Diane Keaton encarna a figura que mais sofre na pele os preconceitos relacionados à chegada da velhice, pois precisa aturar a superproteção das filhas, numa inversão de dinâmica maternal expressiva, além de tentar reinventar-se sentimentalmente. Todas vivem num mundo idealizado, no qual dinheiro não é problema, mas a falta de noção emocional, é, e das grandes.
É, sobretudo, o elenco que confere charme a Do Jeito Que Elas Querem, mesmo diante de todas as objeções que cabem à sua construção narrativa engessada e careta. A leitura de Cinquenta Tons de Cinza traz às mulheres uma perspectiva diferente, mas, a bem da verdade, serve somente como um gatilho curioso que conecta a trama a um fenômeno editorial recente. De toda forma, as peripécias de Christian Grey e Anastasia Steele mostram a possibilidade, para umas, de um cotidiano mais apimentado, e, a outras, do amor inesperado que muda o andamento dos termos. Se o roteiro é esquemático até dizer chega, a falta de qualidade não deve ser igualmente atribuída ao texto, repleto de tiradas espertas, devidamente valorizadas pelo elenco experiente que ainda conta com Andy Garcia, Craig T. Nelson, Richard Dreyfuss, Ed Begley Jr., Wallace Shaw e Don Johnson. O filme pode se dar ao luxo, inclusive, de ter Alicia Silverstone num papel certamente aquém da fama por ela conquistada nos anos 1990. Comum, a trama, contudo, se beneficia do material humano que a torna sensível e divertida.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Marcelo Müller | 6 |
Roberto Cunha | 6 |
Thomas Boeira | 4 |
Robledo Milani | 6 |
Francisco Carbone | 6 |
MÉDIA | 5.6 |
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