Crítica
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Sinopse
Crítica
Se A Lagoa Azul (1980) acabou fazendo sucesso, ao menos no Brasil, graças às constantes repetições do filme no clássico programa Sessão da Tarde, da Rede Globo, responsável por ter formado mais de uma geração de cinéfilos, o mesmo não pode ser dito a respeito dessa sequência tardia. De Volta à Lagoa Azul foi lançado mais de uma década depois do anterior – que, aliás, nada tinha de original, pois se tratava também de um remake, no caso do homônimo A Lagoa Azul (1949), feito dezenas de anos antes. E estas não são as únicas versões: ainda na época do cinema mudo é possível encontrar outros dois títulos – Beach of Dreams (1921) e The Blue Lagoon (1923) – também adaptados do romance de Henry De Vere Stacpoole. O curioso é que possuem muito pouco de diferente entre si, incluindo esse aqui, que se anunciava como uma sequência, mas é basicamente uma refilmagem da mesma história há muito conhecida. Só que com resultados ainda mais problemáticos.
Na verdade, o filme do diretor William A. Graham – um veterano da televisão, indicado ao Emmy pela minissérie Jim Jones: A Tragédia da Guyana (1980), aqui em seu trabalho derradeiro – peca, mesmo, é pela ingenuidade. Até porque, no mais, tudo é exatamente igual ao visto no longa dos anos 1980. O engraçado é que essas similaridades são assumidas. Para quem não lembra – até, porque, não havia muito a ser recordado, além da beleza estonteante de Brooke Shields e do carisma um tanto desajeitado de Christopher Atkins – naquele filme os dois protagonistas tentavam abandonar a ilha onde haviam ficado isolados do mundo, mas acabavam desistindo, em um pacto a lá Romeu & Julieta. Bom, De Volta à Lagoa Azul começa exatamente neste ponto, com os dois jovens já mortos, mas o filho de ambos, Richard, vivo. A criança e os corpos dos pais são encontrados por uma embarcação maior em um bote à deriva, e após a tripulação oferecer uma despedida em alto mar aos dois, a única mulher a bordo, Sarah Hargrave (Lisa Pelikan, de Júlia, 1977), decide adotar o pequeno órfão.
Não irá demorar muito, no entanto, para que ela própria se veja perdida no meio do oceano – uma síndrome de cólera afeta o barco, colocando todos em perigo, e a solução para garantir alguma segurança é partir com o menino e a própria filha, a também bebê Lilli. Como dita a trama, não tardará para os três se verem sozinhos e, veja só, na mesma ilha do filme anterior! A coincidência é tamanha que acabam encontrando a casa feita pelos pais do garoto, e a adotam para si. Alguns anos se passam, a mulher acaba falecendo de uma gripe mais forte – é impressionante como duraram tanto, completamente sujeitos às intempéries e praticamente desabrigados, sem um único remédio ou solução natural com eles que pudesse ser usada – e as duas crianças precisam se virar sozinhas. Não que isso seja um problema pois, afinal, o roteiro também não está interessado nisso. E num pulo de mais uma década, finalmente ganham os rostos – e os corpos bem torneados e bronzeados – de Milla Jovovich (em seu primeiro trabalho como protagonista) e Brian Krause (que, ao contrário da colega, nunca mais fez algo digno de nota, apesar de seguir na ativa até hoje).
Jovovich declarou, anos mais tarde, que esse é o pior filme de toda a sua carreira – e olha que estamos falando da atriz que estrelou sucessos discutíveis, como a saga Resident Evil ou tropeços do nível de Os Três Mosqueteiros (2011) ou o recente Hellboy (2019). Mas ela tem razão nessa análise. Tudo é bastante falso e artificial nessa Lagoa Azul versão anos 1990. Para se ter uma ideia, mesmo já morando há anos completamente isolados, lá pelas tantas os vemos tomando banho de cachoeira... com sabonetes e xampus! Eles chegam na ilha com apenas um pequeno baú com os poucos pertences que conseguiram salvar, mas isso não impede de montarem uma casa com lençóis, toalhas e demais utensílios. Chegam até a preparar refeições quentes! É tudo tão absurdo, que beira o risível – caso houvesse alguma graça envolvida. Pelo contrário, é apenas desajeitado. Assim como a forma como é proposta a discussão sobre a descoberta do sexo entre os dois jovens. No início, a menina possui “uma conchinha” no meio das pernas, enquanto o do garoto é “impronunciável”. Ao crescerem, seus corpos mudam, mas seguem agindo cheio de pudores – mesmo que não haja por perto mais ninguém além dos dois para incutir neles essas noções.
Quando, enfim, são descobertos, muitas possibilidades se abrem, mas é quase inacreditável perceber que Graham opte pela mais banal delas: ciúmes. Um outro navio acaba se deparando com a ilha onde os dois estão, e tudo o que surge dessa interação é um interesse desmedido da filha do capitão em relação à Richard. São homens do mar, há muito longe de tudo e todos, e poderiam reagir das mais diversas formas ao se encontrarem com um casal de adolescentes que nunca viram a civilização. No entanto, se mostram quase desinteressados, com a exceção de um único marinheiro que, encabulado em demonstrar qualquer interesse sexual por Lilli, prefere roubar dela a pérola que ela carrega como enfeite nos cabelos – e, mesmo assim, tal qual nas fábulas da Disney, o preço a ser pago por esse erro será irreversível. Enfim, De Volta à Lagoa Azul é tão errado quanto o título – afinal, não há lagoa alguma em todo o filme – e tudo o que consegue provocar é constrangimento (entre os que o fizeram) e bocejos reincidentes (entre aqueles que se arriscarem por essa modorrenta e nada excitante história de amor).
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 2 |
Chico Fireman | 2 |
MÉDIA | 2 |
Eu achei uma grande decepção em comparação ao primeiro filme, achei que no segundo seria uma coisa mais exuberante vamos dizer assim e não um reprise, achei um cúmulo os dois atores principais do primeiro filme terem morrido, sendo que o pai do Richard achou os dois dentro do barco e falaram que não estavam mortos e sim dormindo, no segundo filme já estão dados como mortos e pegam o menino deles e então começa o reprise. Não gostei.