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Sinopse

Ernst Stavro Blofeld, líder máximo da SPECTRE, vende um plano a uma nação asiática que consiste em provocar uma guerra entre Estados Unidos e Rússia. Para evitar que isso ocorra, é escalado o agente 007: Bond, James Bond.

Crítica

Antepenúltimo filme de Sean Connery na pele do agente secreto britânico James Bond, Com 007 só se Vive Duas Vezes é o resultado de mais um dos adiamentos da realização de A Serviço Secreto de Sua Majestade, uma das mais aguardadas adaptações dos romances de Ian Fleming. Tanto que aqui, ao subirem os créditos finais, surge na tela uma promessa de que “James Bond irá retornar” no filme citado, que de fato, seria o próximo longa-metragem da franquia, estrelado, porém, por George Lazenby.

Depois que uma nave norte-americana é sequestrada em plena órbita terrestre, cria-se uma tensão entre os Estados Unidos e a URSS, que passam a trocar acusações pela responsabilidade da interceptação. Convencidos de que nenhuma das superpotências têm envolvimento com o caso, os britânicos enviam seu agente mais talentoso para investigar no Japão uma atividade suspeita que poderia resolver o mistério e, assim, evitar a guerra nuclear. Dado como morto para poder infiltrar-se em Tóquio – a atriz nesta cena inicial, Tsai Chin, é vista novamente como uma das participantes do torneio de poker em Cassino Royale (2006) – Bond passa a ter a ajuda de Tanaka (Testsurô Tanba), versão japonesa dele mesmo, para espionar uma empresa que poderia estar envolvida com as abduções. Porém, os agentes descobrem que corporação não passa de uma pequena peça armada pela organização criminosa internacional SPECTRE – que será a grande vilã novamente no próximo filme da franquia a ser lançado este ano.

Num tempo em que os filmes de James Bond ainda traziam uma aura de galhofa e fantasia, Com 007 só se Vive Duas Vezes é o tipo de exemplar da franquia que traz um vilão com uma cicatriz no rosto, segurando um gatinho e explicando o seu plano maligno em detalhes durante o clímax. Que tem como ponto alto de suas sequências de ação uma perseguição aérea envolvendo um helicóptero quase portátil, invocado pelo protagonista como Little Nelly. Já em fins da década de 1960, também não é surpresa que os planos dos antagonistas envolvam a corrida espacial – tão em voga naquele ano – e o embate entre EUA e URSS, do qual os heróis britânicos e japoneses gabam-se de estar acima.

O longa-metragem é dirigido por Lewis Gilbert, que viria a conduzir ainda mais dois filmes do personagem, 007: O Espião que me Amava (1977) e 007 Contra o Foguete da Morte (1979), e era o mais caro Bond Movie produzido até então. A equipe, que estava dividida entre filmagens em locações no Japão e em estúdio na Inglaterra, se desentendeu com as informações enviadas do exterior pelo designer de produção Ken Adam e construiu um cenário baseado no sistema métrico e não em pés, e de uma escala de 13 metros acabaram concebendo um ambiente de quase 45 metros de altura, cuja construção apenas custou mais do que toda a produção de 007 Contra o Satânico Dr. No (1962). Gilbert, então, obviamente superaproveita o gigantesco e realmente impressionante cenário durante o clímax, momento que se estende um pouquinho mais que o necessário para justificar o investimento. Nada aborrecido, porém, já que é divertido e até bonito de ver as dezenas de figurantes explodindo uns aos outros numa batalha de agentes secretos, algo que hoje me dia poderia muito bem ser cômico.

Fotografado também com alguma maestria por Freddie Young, ele que concebe planos de certa beleza, como aquele aéreo que prefere manter-se distante da pancadaria entre Bond e vários capangas nos telhados de um cais, ou aquele outro que traz uma formação sincronizada de espiões surgindo em contraste com o céu noturno no topo de uma colina, Com 007 só se Vive Duas Vezes ainda entrega mais uma vez uma performance enérgica e ao mesmo tempo elegante deste que é um dos melhores James Bond até hoje, justamente por saber equilibrar essas duas características tão bem. E é divertido observar todas vezes em que  Gilbert usa trucagens óbvias, em que dublês caem atrás de algum móvel para que Sean Connery surja intacto no outro lado. Não é, porém, o mais insano ou divertido dos filmes do agente, e muitas vezes parece ser inglório saciar os fãs enquanto A Serviço Secreto de Sua Majestade ainda não era lançado.

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é formado em Produção Audiovisual pela PUCRS, é crítico e comentarista de cinema - e eventualmente escritor, no blog “Classe de Cinema” (classedecinema.blogspot.com.br). Fascinado por História e consumidor voraz de literatura (incluindo HQ’s!), jornalismo, filmes, seriados e arte em geral.
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