Crítica


9

Leitores


4 votos 8.6

Onde Assistir

Sinopse

Steve Rogers luta para cumprir seu papel no mundo moderno. Em parceria com Natasha Romanoff, também conhecida como Viúva Negra, ele busca derrotar um poderoso e misterioso inimigo na cidade de Washington dos dias atuais.

Crítica

Após o sucesso de Os Vingadores (2012), a Marvel Studios estava devendo um filme à altura dos fãs dos personagens. Homem de Ferro 3 (2013) decepcionou um pouco ao prometer um filme mais sério e entregando um produto aquém e Thor 2: O Mundo Sombrio (2013), por melhor que seja, não estava tão integrado ao universo apresentado nos outros sete longas da franquia. Chega a ser inacreditável que Anthony Russo e Joe Russo (diretores do insosso Dois é Bom, Três é Demais, 2006) tenham feito Capitão América 2: O Soldado Invernal e entregue uma excelente produção de espionagem que, ao se aproximar - e muito - da dura realidade apresentada na saga do Batman de Christopher Nolan, se tornou um dos melhores – senão o melhor – filme da Marvel nos cinemas.

A trama, desenvolvida sem pressa e com bom aproveitamento dos personagens, questiona qual o papel do Capitão América (Chris Evans) no mundo contemporâneo. Simples soldado ou líder ativo? Aliás, Steve Rogers, seu alter ego, quer continuar uma vida de batalhas, mesmo que seu lado pessoal  esteja desconectado há mais de 70 anos? Pois quando uma ameaça interna explode dentro da S.H.I.E.L.D., deixando Nick Fury (Samuel L. Jackson) em apuros e o próprio Capitão eleito o fugitivo número um da organização, Steve precisa se unir à Viúva Negra (Scarlet Johansson) e o Falcão (Anthony Mackie) para  limpar seu nome perante o líder escondido da superintendência, Alexander Pierce (Robert Redford), e ainda lidar com o surgimento do Soldado Invernal, um rival à altura do seu talento e com quem tem conexões do passado.

Fugitivo do próprio país, Steve Rogers aparece na maior parte do filme sem seu uniforme, o que torna ainda mais crível a trama do filme, aproximando-se muito às recentes histórias de James Bond nos cinemas – especialmente 007: Operação Skyfall (2012), com o qual o longa dialoga no quesito fuga e conspiração. O detalhe: sem confundir o espectador com detalhes desnecessários. O mais interessante é que, mesmo com o enfoque dado às ameaças que Steve encontra, o roteiro não deixa de lado o desenvolvimento do protagonista e de seus coadjuvantes, seja dos mais antigos, como o próprio Fury, a Viúva Negra (esta, aliás, merecendo um filme solo há tempos) ou a vice-líder Maria Hill (Cobie Smulders), ou dos mais novos, que vão do Falcão a Arnim Zola (Toby Jones) e também Alexander Pierce (Robert Redford). Todos tem seu espaço na tela.

Como estamos falando de um produto Marvel, as cenas de ação não poderiam faltar. E, realmente, são de tirar o fôlego. A primeira sequência já dá uma noção do que está por vir nos próximos 130 minutos de longa, quando o Capitão invade uma embarcação pirata e, em planos fechados e totalmente abertos, o vemos golpear dezenas de capangas como se fosse um jogo de videogame. A direção dos Russo alterna câmera na mão com imagens à altura do filme numa excepcional montagem que dá toda a dimensão do perigo que os heróis correm. Vale destacar ainda a briga no elevador e os tensos minutos que a antecedem e, ainda, a batalha no ar, mais perto do clímax de Capitão América 2: O Soldado Invernal.

Para os fãs das HQs mais recentes roteirizadas por Ed Brubaker, a trama do Soldado Invernal pode não seguir à risca todos os elementos que tornaram a saga uma das mais interessantes dos quadrinhos nos últimos anos, mas mantém os elementos principais e deixam o suspense tomar conta do filme sobre quem é este homem, qual seu papel na conspiração e porque ele tem ligações com Steve Rogers que o próprio desconhece. Sem contar que a HIDRA está mais presente do que nunca. Herança do Caveira Vermelha.

Para quem não assistiu a Capitão América: O Primeiro Vingador (2011), não há preocupações. A origem do personagem e suas principais atribuições e fatos são resumidas de forma bastante original em uma conferência sobre o herói logo no início do filme. Também vale ressaltar as referências a Howard Stark (pai de Tony, o Homem de Ferro), que podem servir como gancho para um futuro novo longa do personagem, e as participações especiais de Batroc (Georges St-Pierre), Ossos Cruzados (Frank Grillo), e a Agente 13 (Emily VanCamp). Estes dois últimos, por sinal, devem retornar  para a nova aventura do bandeiroso, já agendada para 2016. Enquanto isso, vale esperar as cenas pós-créditos para conferir, em primeira mão, uma certa dupla que deve aparecer em Vingadores: Era de Ultron (2015) e também um clássico vilão do Capitão América nas HQs - que não é o Caveira Vermelha, por sinal. Que a qualidade vista nesta produção continue imperando nos próximos capítulos da chamada Fase 2 da Marvel nos cinemas.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
avatar

Últimos artigos deMatheus Bonez (Ver Tudo)

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *