Crítica
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Sinopse
Christine tem uma rotina relativamente comum. Analista de crédito, ela é namorada de um professor. Para impressionar seu chefe, recusa aumentar o empréstimo de uma senhora e por ela é amaldiçoada.
Crítica
Arraste-me para o Inferno significa uma volta às origens para o diretor Sam Raimi. Não só pelo fato deste ser seu primeiro trabalho fora da saga Homem-Aranha em quase uma década, mas também pelo retorno ao gênero que o consagrou: o terror! Quem conhece o cineasta pelas aventuras do herói aracnídeo talvez não saiba, mas Raimi despontou pela primeira vez com outra trilogia, Evil Dead (no Brasil receberam os títulos A Morte do Demônio, Uma Noite Alucinante e O Exército das Trevas, de 1981, 1987 e 1992, respectivamente). Depois disso se aventurou por vários estilos – romance, suspense e até faroeste – mas a antiga paixão volta e meia se manifestava, ainda que discretamente. Mas isso até hoje. Agora tudo está como antes – claro, com mais dinheiro e experiência, mas nunca menos ousadia. E o resultado continua divertindo e surpreendendo, mesmo que nem sempre pelos mesmos motivos.
O argumento é quase que uma piada de tão clichê: jovem gerente de banco recusa um empréstimo a uma velha cigana na tentativa de impressionar o chefe. Como recompensa é amaldiçoada pela senhora a três dias de grande sofrimento, sendo que depois disso o demônio Lâmia aparecerá para levá-la a arder nas profundezas do inferno. Pronto, simples assim. Começa, então, uma corrida contra o tempo, e enquanto enfrenta as mais assustadoras provações tenta descobrir como evitar o final assustador. Bruxas mexicanas, videntes incapazes, sacrifícios de animais, pesadelos diurnos, aparições, sombras, portas e janelas batendo ao acaso – tudo está no cardápio de sustos que a protagonista passa a sofrer, num percurso tão sádico quanto cômico.
Alison Lohman (Peixe Grande, 2003) está muito bem como a mocinha aparentemente indefesa que não hesita muito em tomar as decisões mais drásticas quando é o próprio pescoço que está em risco – o pobre gatinho que o diga! Justin Long (Ele Não Está Tão A fim de Você, 2009) é inadequado, estranho, não tem jeito de galã e nem combina com ela – e talvez por isso mesmo acabe funcionando, uma vez que a garota tem que acabar se virando por conta própria. Surpreendente, no entanto, é Lorna Raver (vista em seriados como Desperate Housewives, Weeds e Nip/Tuck), que encarna o próprio diabo como a feiticeira capaz de evocar o mal como quem grita pelo carteiro. O embate das duas é de provocar arrepios – tanto para o bem quanto para o mal, visto a quantidade de nojeira que somos obrigados a encarar!
Mas Arraste-me para o Inferno foi, acima de tudo, um tiro certeiro de Sam Raimi. Quando todos acreditavam que ele estava acomodado, conseguiu surpreender com uma produção relativamente barata – apenas US$ 30 milhões, nada perto do orçamento de Homem-Aranha 3 (2007), que foi de US$ 250 milhões – e muito bem sucedida, tanto de crítica (foi um dos filmes mais elogiados do ano pelos críticos norte-americanos no site Rotten Tomatoes) quanto de público (já arrecadou mais do que o dobro do seu custo nas bilheterias de todo o mundo). E se estes retornos são merecidos, ao mesmo tempo trazem a constatação de que nem tudo muda, não importando o tempo ou as condições enfrentadas. O que vemos é exatamente o que já poderíamos esperar do realizador, levando em conta seus primeiros trabalhos, e pouco acrescenta – seja ao currículo dele, ou ao nosso repertório de referências.
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