Crítica
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Sinopse
Aos 13 anos, Stevie é um garoto de Los Angeles tentando curtir o início da adolescência. Ao mesmo tempo, tenta relevar o relacionamento abusivo com o irmão mais velho. Em plena década de 1990, descobre o skate e aprende lições de vida com o seu novo grupo de amigos.
Crítica
Após iniciar no cinema aparecendo no elenco de comédias besteirol como O Virgem de 40 Anos (2005) e Superbad: É Hoje (2007), Jonah Hill revelou-se, não muito tempo depois, um ator de talento, já somando até o momento duas indicações ao Oscar – e ambas, por O Homem que Mudou o Jogo (2011) e por O Lobo de Wall Street (2013), mais do que merecidas. Pois agora ele dá mais uma reviravolta em sua carreira, revelando um outro lado da sua personalidade artística que poucos suspeitavam. Afinal, é como diretor e roteirista que apresenta Anos 90, drama infanto-juvenil que fica no meio termo entre a comédia de costumes e o relato geracional. E se por um lado lhe falta leveza para se encaixar no primeiro modelo, também carece de experiência para se aprofundar na segunda possibilidade.
Hill, no entanto, é sábio ao escolher aqueles que chamou para somar neste seu projeto de estreia por trás das câmeras. Anos 90 pode não ter a história mais marcante, nem ser filmado de modo revolucionário, mas tem no seu elenco um dos seus maiores méritos. Muito disso se deve à presença da revelação Sunny Suljic, que tinha pouco mais de dez anos à época das filmagens. É nele em que se deposita a responsabilidade de carregar a voz e os anseios do realizador, ocupado em fazer do ator-mirim seu alter ego. Os dois haviam trabalhado juntos em A Pé Ele Não Vai Longe (2018), e é quase como se o personagem que o menino defende rapidamente no longa de Gus van Sant ganhasse continuidade, agora sob a condução de um realizador se aventurando em seus primeiros passos pelos bastidores.
Filho mais novo de Dabney (Katherine Waterston), mãe solteira dele e de Ian (Lucas Hedges), Stevie leva uma vida um tanto desregrada. No entanto, quando se depara com uma turma de garotos um pouco mais velhos que ele, parece, enfim, encontrar a identificação pela qual tanto anseia. Ray (Na-kel Smith), Fuckshit (Olan Prenatt), Quarta Série (Ryder McLaughlin) e Ruben (Gio Galicia) vivem nas suas, sobre seus skates, preocupando-se apenas com o agora, com a próxima festa, com meninas e bebidas. Nada mais parece lhes interessar. E essa falta de perspectivas cai bem no momento em que o protagonista não se vê mais como criança, mas também não possui as condições necessárias para ser o jovem adulto que gostaria de ser. Os quatro, agora cinco, formam um elo de força e segurança, mesmo que a mais leve brisa possa colocar tudo a perder.
É impressionante perceber a absoluta falta de autoridades em Anos 90. Katherine Waterston surge como uma mãe cujo único pecado parece ser a juventude. Ela se interessa pelo filho, lamenta o recente distanciamento dele e tenta promover reuniões familiares, como jantares com os dois irmãos e noites em casa assistindo à filmes. O grande trauma do menino, de acordo com a visão do cineasta, parece ser o fato dela ser uma mulher sexualmente ativa. Não há um pai em cena, e, portanto, ela se relaciona com outros homens. Mesmo assim, durante toda a história, apenas um é visto, e ainda assim, muito brevemente. Seria suficiente para levar os dois filhos a uma rebeldia quase indomável? Não se verifica, também, nenhuma referência, sequer uma menção, ao ambiente escolar. Como se não houvessem compromissos e responsabilidades. Esses meninos vivem apenas para si mesmos.
Talvez tenha sido essa a realidade enfrentada por Jonah Hill quando tinha a idade aqui retratada, mas é pouco provável. Stevie, quem ocupa esse lugar, tem tudo ao seu redor – amigos fiéis, uma mãe atenciosa, um irmão que, bem ou mal, está presente, uma casa decente para morar e um futuro pela frente. Com tudo já configurado, lhe sobrou, apenas, estragar esse quadro. Assumindo um olhar quase voyeurístico, o diretor coloca a criança fumando, bebendo e ensaiando os primeiros contatos com o sexo oposto, como se isso fosse o caminho óbvio a ser seguido. A ausência de julgamentos é interessante, e estimula à reflexão do espectador. Mas, no todo o resto, Anos 90 é assumidamente desprovido de elementos suficientes que possam proporcionar uma análise mais completa a respeito do cenário desenhado. Sensível, é fato. Ainda que absolutamente artificial.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 5 |
Francisco Carbone | 9 |
Chico Fireman | 5 |
Cecilia Barroso | 6 |
MÉDIA | 6.3 |
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