Alvin e os Esquilos: Na Estrada

Crítica

Como já é de praxe na série Alvin e os Esquilos, o quarto episódio também ganhou um diretor novo. Após Tim Hill (Muppets do Espaço, 1999), Betty Thomas (Dr. Dolittle, 1998) e Mike Mitchell (Shrek Para Sempre, 2010), quem assume a rédea agora é Walt Becker, de comédias como O Dono da Festa (2002) e Motoqueiros Selvagens (2007). Em Alvin e os Esquilos: Na Estrada, no entanto, ele deixa de lado este espírito um tanto rebelde percebido em seus trabalhos anteriores para se conformar com uma produção tipicamente familiar, indicada aos pequenos em férias, porém não totalmente desprovidos da atenção de pais e outros adultos. Ou seja, diverte sem arriscar, apostando em uma fórmula consagrada para conseguir mais do mesmo.

Não é preciso ser um grande conhecedor do histórico da saga para adentrar nesse mundo sobre um solteirão que há muito já passou dos quarenta e que vive sozinho com três esquilos cantores. Se o fato dos bichinhos serem capazes de falar – e entoar melodias com suas vozinhas insuportavelmente irritantes – não lhe causar espanto, mais surpreendente ainda é perceber que, nesse universo alternativo, estes animais são fenômenos pop, capazes de lotar estádios com jovens ávidos por assistirem suas apresentações musicais. Bom, ou ao menos assim era. Pois quando os encontramos em Na Estrada, eles parecem estar em um momento de retiro sabático, buscando uma vida mais caseira ao lado do “pai de adoção”, Dave (Jason Lee, que já esteve em filmes bacanas, como Procura-se Amy, 1997, e Quase Famosos, 2000, e hoje leva a vida sendo coadjuvante de personagens animados digitalmente).

A história começa, aliás, quando Dave anuncia que está namorando sério com Samantha (Kimberly Williams-Paisley, que foi a filha de Steve Martin em O Pai da Noiva, 1991), e com isso abrindo a possibilidade do filho dela, Miles (Josh Green, que após alguns curtas e trabalhos na televisão está estreando na tela grande), se tornar irmão dos pequenos. O problema é que os quatro não se dão bem, e o garoto, apesar de disfarçar na presença dos adultos, é um sádico que maltrata os esquilos. Quando Dave e Samantha decidem viajar até Miami para um trabalho, Alvin, Simon e Theodore se unem a Miles e pegam a estrada para irem atrás deles e impedir um possível pedido de casamento. Claro que, no entanto, esse período juntos irá aproximá-los, fazendo com que revejam seus conceitos de família e amizade.

O estranhamento já começa pelo título: por que se chama Alvin e os Esquilos, se o próprio Alvin é um dos esquilos?! Mas, deixando absurdos de lado e ignorado a inúmera quantidade de clichês e obviedades que o roteiro faz uso nos seus longos 90 minutos de projeção, é curioso perceber o charme que o longa possui junto aos espectadores menores. Os personagens são fenômenos infantis, com séries de desenhos animados na televisão e mais de US$ 1,1 bilhão arrecadados nas bilheterias de todo o mundo com os três longas anteriores! Assim, intercalando um fiapo de trama com diversos números musicais que servem para manter a audiência ligada no que está acontecendo na tela, Alvin e os Esquilos: Na Estrada cumpre sua função de manter a franquia viva, investindo em campo seguro e jogando para os fãs. E só para eles.

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Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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