Crítica


7

Leitores


1 voto 8

Onde Assistir

Sinopse

Lucia e Maria são amigas há muito tempo, mas não poderiam ser mais diferentes uma da outra. Lucia não quer saber dos homens, Maria não consegue viver sem eles. Uma noite cai em cama de uma delas o homem perfeito: lindo, sensível, cheio de paixão, maduro. Talvez aquele homem, encontrado por acaso, é mesmo “Aquele” por quem todas as mulheres procuram.

Crítica

Lucia (Paola Cortellesi) e Maria (Micaela Ramazzotti) são amigas inseparáveis. Se conhecem há muitos anos e, embora tenham comportamentos e temperamentos totalmente opostos, sempre se deram bem. A primeira é uma cantora de jazz talentosa, mas fechada ao sexo oposto. Suas experiências no passado com seu ex-marido, um bem-sucedido saxofonista, a deixaram pouco afeita a namoros e amenidades. O contrário pode ser dito de Maria. Também separada, com dois filhos, ela se joga sem maiores problemas em relacionamentos novos. Ficadas de uma noite só não são nada raras para Maria, que nem costuma perguntar o nome de seus parceiros. Lucia vê essa situação com maus olhos, invariavelmente tirando sua amiga de algumas enrascadas. Até o dia que Maria leva para casa o jovem Luca (Eduardo Valdarnini). O rapaz muda totalmente a rotina das amigas, de formas que nenhuma poderia supor. Isso, em linhas gerais, é a comédia romântica italiana Algo de Novo.

Salutar perceber que nesta produção europeia, quem comanda o show são as mulheres. A direção é de Cristina Comencini, com roteiro da própria diretora ao lado de Giulia Calenda e da atriz Paola Cortellesi. Além disso, outros importantes departamentos do longa são chefiados por mulheres, como a montagem (Francesca Calvelli), o casting (Laura Comencini), os figurinos (Francesca Sartori) e o desenho de produção (Paola Comencini). Isso faz lógica diferença no produto, até por ser uma história protagonizada por duas ótimas atrizes e inclinada ao público feminino.  Paola Cortellesi é conhecida por protagonizar comédias românticas e em Algo de Novo se sai muito bem ao interpretar Lucia, alguém fechada de início, com um ar ríspido e altivo, mas que se descobre mais leve com o passar do tempo, com um romance que lhe vem mudar a vida. Em uma de suas primeiras aparições no filme, Lucia parece a Trinity, de Matrix (1999), vindo salvar a sua melhor amiga de um sujeito que a perseguia num elevador. Com o decorrer da narrativa e o relacionamento que passa a ter com um rapaz mais jovem, ela relembra o significado de ser desejada. O roteiro não deixa as atitudes de Lucia parecerem rasas, lhe dando um motivo intenso por ser tão fechada a princípio.

Micaela Ramazzotti, por sua vez, está exuberante como Maria, mulher solar, mas um tanto insegura, que busca o homem certo – e aposta na tentativa e erro para encontrá-lo. Ela também passa por transformações. Em vez de se jogar de cabeça numa relação carnal, apenas, Maria tenta em seu novo relacionamento algo mais cerebral, buscando conhecer realmente aquele que lhe desperta prazer em sua companhia. Fechando o elenco, temos o jovem Eduardo Valdarnini, misto de objeto de desejo e catalizador das mudanças que ocorrem na trama.

Divertido em boa parte, com a troca de papéis entre as mulheres servindo de recurso clichê, mas funcional, Algo de Novo peca apenas em seu desfecho, colocando tintas violentas em Luca, mas nunca pondo em discussão as suas ações. Ele age brutalmente com sua ex-namorada e "estoura" com Lucia e Maria, tomando atitudes terríveis, mas que são vistas como naturais e facilmente perdoáveis. Talvez, a cineasta Cristina Comercini busque esse caminho para mostrar que o rapaz não é o príncipe encantado que se desenhava até então. Mas a forma como a história acaba deixa claro que esse gênio explosivo não se mostra um empecilho para sua felicidade. O filme tem na música um de seus predicados, com Lucia interpretando algumas belas canções – dentre elas, uma versão curiosa de Girls Just Wanna Have Fun, de Cyndi Lauper, mas o ponto alto é a pequena montagem ao som da faixa Absolute Beginners, de David Bowie. Afinal de contas, não importa a idade das protagonistas ou do seu jovem amante, eles são “iniciantes absolutos” no que se trata do amor e relacionamentos.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
avatar
é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
avatar

Últimos artigos deRodrigo de Oliveira (Ver Tudo)

Grade crítica

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *