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Sinopse

Dispostas a conquistar uma nova vida, a jovem Elissa e sua mãe, recém separada, se mudam para uma nova cidade. Tudo ia bem até o momento em que descobrem que a casa ao lado foi palco de um terrível assassinato em série. A situação só piora quando a garota, sem saber, faz amizade com Ryan, o único sobrevivente do episódio.

Crítica

Garota se muda com a mãe, após a separação dos pais, para uma nova cidade. As duas vão morar um casarão afastado, ao lado de um parque municipal. Do outro lado do bosque há outra casa, essa com uma história trágica – o casal proprietário foi assassinado pela filha pequena, que depois dos crimes fugiu e nunca mais foi encontrada. Hoje em dia mora sozinho no lugar o filho mais velho, que na época vivia com uma tia em outro lugar. É claro que ele é do tipo quieto, recluso, e possui má fama pela cidade. E mais óbvio ainda é que a vizinha, assim que o conhecer, se sentirá atraída por ele, apesar dos conselhos contrários dos colegas de escola. Mas qual o segredo que ronda aquele lugar?

Esta é a premissa que encontramos em A Última Casa da Rua, thriller dirigido pelo novato Mark Tonderai, aqui em sua estreia no cinema após algumas produções em vídeo e para a televisão. E o cineasta, que até possuía um argumento interessante em mãos, parece ter se assustado com as dimensões do projeto que estava assumindo e, sem a coragem necessária, acabou se contentando em fazer algo medíocre ao invés de relevante. Pois o enredo do filme não é dos piores, guardando algumas surpresas que, quando reveladas, aumentam ainda mais a frustração do espectador que percebe o mal trato que elas receberam – com uma abordagem diferenciada poderíamos ter uma trama de suspense que marcasse na memória, aos moldes de clássicos como Psicose (1960) ou O Silêncio dos Inocentes (1991) – guardadas as devidas proporções, é claro.

Com um orçamento relativamente baixo – meros US$ 10 milhões, o que é muito pouco em termos hollywoodianos – A Última Casa da Rua é baseado num roteiro originalmente escrito por Jonathan Mostow (diretor de O Exterminador do Futuro 3 – A Rebelião das Máquinas, 2003) e adaptado por David Loucka (que já havia decepcionado com A Casa dos Sonhos, 2011). A história começa de maneira pouco promissora, com uma menina de cabelos compridos (genérico da Samara de O Chamado, 2002) assassinando os pais no meio da noite. Depois do roteiro dar um pulo de uns dez anos, a situação melhora e nos deparamos com essas duas mulheres recém chegadas, mãe e filha, e o menino, já um universitário, como o único remanescente daquela família.

Mas essa certeza dura pouco, pois logo descobrimos que ele mantém a irmã – que ainda está viva – trancada no porão à base de fortes medicamentos para conter os acessos de fúria. Ela segue tentando fugir – para cometer novos crimes? – mas o rapaz consegue capturá-la a cada tentativa. E há, para completar, a atração que surge entre ele e a jovem vizinha. Estaria ela correndo risco por se aproximar dele? Ou, ao contrário do que todo mundo na cidade parece afirmar, seria ele um injustiçado que merece confiança?

O cenário é armado num formato convincente, porém sua conclusão é apressada e desastrada. Jennifer Lawrence, vencedora do Oscar de Melhor Atriz neste ano por O Lado Bom da Vida (2012), é boa demais para esse tipo de filme, e a intensidade que transmite não combina com a personagem rebelde e um pouco atirada que tenta defender. Elisabeth Shue e Gil Bellows (Um Sonho de Liberdade, 1994) são presenças competentes, porém sem muitas oportunidades. O melhor, inesperadamente, acaba vindo de Max Thieriot (Jumper, 2008), que consegue compor um tipo misterioso e cujos traumas da infância – aqueles que imaginamos e outros tantos que iremos descobrir com o desenrolar da trama – o perseguem até hoje. Um dos poucos pontos curiosos em uma obra que, apesar do que prometia, resulta em algo descartável e facilmente esquecível.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
4
Thomas Boeira
4
MÉDIA
4

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