Crítica
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Sinopse
Crítica
Nos últimos anos, o cinema de horror espanhol vem consolidando uma interessante onda de produções. Provavelmente, o maiores expoentes tenham sido os exitosos [Rec] (2007) e O Orfanato (2007), que germinaram uma oxigenada forma de se contar tramas do gênero, se libertando de vícios hollywoodianos e concentrando-se na complexidade de seus personagens. Entretanto, A Primeira Comunhão se perde entre os dois caminhos e não poderá ser encontrado futuramente nas prateleiras ao lado dos compatriotas - e irmãos de zeitgeist - Verônica: Jogo Sobrenatural (2017), O Páramo (2021) e - porque não? - O Poço (2019).
A trama segue a jovem Sara (Carla Campra, de Todos Já Sabem, 2018), que tenta se encaixar com os outros adolescentes num vilarejo dos anos 1980. Nesse contexto, conta com a amizade da prima Rebe (Aina Quiñones), garota punk que a tira de sua zona de conforto. Após dedicar um dia inteiro à primeira comunhão de Judit (Olimpia Roch), sua irmã mais nova, Sara sai com Rebe para se divertir numa festa e, após ambas ingerirem bebidas alcoólicas e drogas sintéticas, enxergam o vulto de uma menina - vestida para o sacramento católico já citado - na volta para casa acompanhadas de dois garotos. Ao saírem do carro para averiguar, apenas encontram uma boneca antiga, que decidem levar consigo. A partir daí, uma mocinha fantasma chamada Marisol (interpretada por Sara Roch) começa a aterrorizar os jovens na busca por seu brinquedo e enviar sinais em forma de manchas corporais naqueles que a incomodaram.
De cara, é interessante perceber que, apesar de parecer importante, e tomar um bom tempo de tela no primeiro ato, não existe vinculação entre a festa de comunhão de Judit e a assombração. Além disso, o enredo ser ambientado há quatro décadas apenas se sustenta na medida que as moças pensam estar sofrendo algum efeito colateral das drogas da época e não possuem modo de pesquisar na internet qualquer semelhança. No restante, tudo parece servir como adorno, suprimindo qualquer correlação com Stranger Things (2016-), por exemplo, que cria situações referentes ao período.
Bem, mas com as cartas dispostas, é curioso notar que o diretor Víctor Garcia opta por um caminho mais convencional do que de costume, até mais que alguns de seus hollywoodianos antecessores. No desenrolar dos acontecimentos, a primeira a ser acometida pelas assombrações de Marisol é Sara que, depois de encontrar com a garota de forma obscura e gerar sustos previsíveis, é levada a um mundo sobrenatural momentâneo, como uma espécie de transe. Em seguida, o mesmo ocorre com Rebe e os garotos que estavam com elas na festa. Praticamente um “copia e cola” de cena em cena. Com esse acúmulo de minutagem, os indícios iniciais de um mergulho na profundidade das protagonistas vão ficando pelo caminho. E não seria por falta de opção, visto que Sara e Rebe possuem personalidades fortes, percepções rápidas, problemas pessoais empáticos e domínios de diversos gatilhos emocionais. Também há um flerte com a luta de classes no início. Infelizmente, sofisticações que vão para o ralo.
Por falta de ideias frescas, A Primeira Comunhão parece ter um destino engavetador, principalmente por contemplar símbolos religiosos sem contestá-los e apresentar as famigeradas bonecas que reforçam, novamente, a ideia materna e umbilical feminina. Isso tudo num ritmo que se perde na progressividade, começando bem, mas enfraquecendo do meio para o fim. No final - como não poderia ser diferente, não é mesmo? -, uma enxurrada de melodramas é jogada aos ares com uma reviravolta que não só torna toda a jornada um desperdício de tempo das personagens, como inclusive as deixa com sentimentos frustrantes no que diz respeito a suas capacidades de apuração. Um bom exemplo de subaproveitamento de talentos.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Victor Hugo Furtado | 4 |
Francisco Carbone | 1 |
Alysson Oliveira | 1 |
MÉDIA | 2 |
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