Crítica


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Sinopse

Será que o amor entre dois jovens de classes econômicas diferentes resiste à Revolução Cultural da China?

Crítica

Em A Árvore do Amor, durante a revolução cultural promovida na China a partir de 1966, pelo então líder Mao Tsé-Tung, a estudante ginasial Jin é enviada para se reeducar no campo, assim como tantos outros jovens privados da vida urbana em prol do ideário comunista. Recebida numa família que a trata como filha, ela conhece, em meio a histórias do estranho espinheiro que dá flores vermelhas, seu grande amor, um oficial da estação geológica operacional na cercania. Sun é este homem, filho de gente influente no partido (garantia de vantagens). Jin, por sua vez, é de família posta à margem pelas convicções políticas de seu patriarca direitista encarcerado.

Mais conhecido do grande público por seus épicos wuxia (gênero chinês por excelência que mistura fantasia e artes marciais) o diretor Zhang Yimou reconstrói em A Árvore do Amor um importante período da história chinesa, marcado por transformações políticas e sociais, onde ambienta este melodrama repleto de belas paisagens e propenso a lágrimas. Nele, o envolvimento da menina que necessita mostrar retidão se quiser abraçar a carreira professoral da mãe, com o jovem feito anjo da guarda pelo amor incondicional sentido. O que poderia desenrolar-se facilmente como versão oriental de Romeu e Julieta, afinal Sun e Jin são filhos de homens ideologicamente contrários, felizmente nem sequer resvala nesta aproximação com a obra do bardo.

Se há pecado em A Árvore do Amor é sua duração, pois aqui e acolá a contemplação excede-se ligeiramente. No entanto, isto não enfraquece substancialmente a beleza do relacionamento construído entre encontros fortuitos, pequenas espiadelas, olhares ávidos e a vigília típica dos enamorados.  Registrado num tom próximo ao sépia, tal fotograma envelhecido, A Árvore do Amor ainda sorve graça da paisagem campestre que lhe serve de cenário máster. Mas o filme de Zhang Yimou emociona mesmo é pela poética quase inocente deste amor jovial, espécime tão raro em tempos turbulentos quanto o florescimento em vermelho do espinheiro que, por natureza, deveria enriquecer-se em alvas flores.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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