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Sinopse

De férias no México, duas irmãs estão prestes a passar pelos momentos de maior tensão em sua vida: presas em uma gaiola de tubarões a 47 metros de profundidade no oceano, eles terão que lutar contra o tempo para permanecerem vivas. Mas com apenas uma hora de oxigênio e com tubarões brancos rondando o local, as chances se tornam cada vez menores.

Crítica

O fato de ainda estarmos vendo filmes com tubarões como vilões no cinema é uma prova de que Hollywood não abandona uma ideia que já se provou bem-sucedida no passado. Lógico que qualquer produção com esse animal como antagonista será comparada ao grande Tubarão (1975), de Steven Spielberg e, provavelmente, vai sofrer com o paralelo. No caso de Medo Profundo, as comparações seriam infundadas, visto que o longa-metragem de Johannes Roberts (Do Outro Lado da Porta, 2016) nunca almeja chegar próximo ao clássico blockbuster da década de 1970.

Na trama, assinada por Roberts ao lado de Ernest Riera, acompanhamos as irmãs Lisa (Mandy Moore) e Kate (Claire Holt) em sua viagem ao México. Em um momento amoroso difícil, Lisa confessa à irmã que só viajou para provar ao seu ex que é alguém divertida. Com isso em mente, ela aceita – ainda que relutantemente – um passeio de barco em alto mar no qual poderia observar tubarões de perto, dentro de uma gaiola. Como estamos falando de um filme de terror, é lógico que algo dá errado e Lisa e Kate se veem a 47 metros de profundidade no mar, com tubarões ao seu redor e com o ar de seus tubos de oxigênio rareando a cada minuto. O que as duas poderão fazer para se salvar?

Se pareceu um motivo estúpido o que levou Lisa àquela gaiola no meio do mar, é porque realmente o é. É possível imaginar as mulheres vendo este filme e revirando os olhos nos momentos em que Lisa aceita qualquer tipo de perigo apenas para “provar ao ex que é alguém divertida”. Jura? Em pleno 2018, isso é o que leva uma mulher a entrar numa jaula com tubarões ao seu redor? Não bastasse isso, o homem vira novamente assunto entre as irmãs quando elas estão 47 metros abaixo d’água, como se elas não tivessem outras coisas para se preocuparem. Quando se diz que é necessário que mulheres tenham mais chances de dirigir e escrever roteiros em Hollywood, esse é um dos tantos motivos. É certo que uma voz feminina atrás das câmeras apontaria a bobagem dos caminhos da personagem e não deixaria chegar ao produto final.

Ao menos, quando o filme se propõe a deixar o espectador tenso, isso ele consegue. Aqui, além do tubarão cercando as protagonistas, temos a profundidade em que elas se encontram, o perigo da falta de ar e a óbvia claustrofobia da situação. Johannes Roberts se mostra hábil em construir essa atmosfera de terror e consegue até surpreender no terceiro ato, apresentando um twist que funcionaria ainda melhor se o filme terminasse no momento em que este é revelado – e é melhor não entrar em maiores detalhes para evitar spoilers. Seria no mínimo corajoso encerrar a história ali. Não é o que acontece, no entanto. O diretor se apoia totalmente na tensão de manter suas protagonistas na gaiola, apostando que apenas isso fará com que as pessoas se importem com o destino das heroínas. De um lado, ele está certo – vamos torcer por elas, obviamente. Mas seria uma experiência muito melhor se o roteiro tomasse o tempo de construir aquelas personagens aos olhos dos espectadores. Ele tinha duas atrizes com potencial para tanto.

Com o sucesso financeiro do filme (orçamento de US$ 5 milhões para uma bilheteria de US$ 44 milhões), uma continuação já foi encomendada e promete aumentar um pouco os riscos dos protagonistas. Em vez de 47, serão 48 metros abaixo da água. Sério. É esse o título do longa em inglês. A direção continuará com Johannes Roberts e o elenco e a toda a situação deve mudar para a sequência.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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